Na foto o juiz Aparício Viana expulsa um
jogador
e olha para o relógio a fim de dar os
devidos descontos.
Se o jogo era difícil Aparício botava
o 38 na mala e caminhava para o campo. Se o jogo era maré mansa, ele
levava com piadas. Estádio Passo da Areia, em Porto Alegre , a
torcida juntinho ao campo. Internacional e São José era o jogo. O juiz,
Aparício Viana. Ele marca um escanteio contra o São José e um torcedor não fez
por menos: “Aparício, seu gato, eu te conheço!”
Aparício interrompe o jogo. Põe o
apito no bolso. Jogadores e torcedores aguardam. Silêncio. Aparício se aproxima
do alambrado, chega bem perto do torcedor que gritou. Abre os braços, atira a
barriga para frente e grita para que todos ouçam: “E daí? Vantagem era eu te
conhecer!”
Foi uma gozação geral em cima do pobre torcedor e o jogo virou
festa. Atitudes como esta eram típicas de Aparício Viana. Um homem que sempre
fez questão de deixar a sua marca em qualquer acontecimento. Tudo na vida é
sério, mas tudo pode ser encarado com bom humor. Basta escolher o momento.
No futebol ele foi tudo: jogador,
juiz, técnico, auxiliar de treinador (foi auxiliar de João Saldanha na Seleção
Brasileira em 1970) e até presidente de clube. Era uma figura popular, quase
folclórica. Muitos podem discordar de suas opiniões, mas poucos se colocam
abertamente contra ele.
Aparício não gostava de atacante
canela-de-vidro. Num outro Internacional e São José, ainda no Passo da Areia, a
dupla de área Almir e Osmar deixava cair a madeira. O centroavante do
Internacional Larry se irritou e partiu para cima do Aparício: “Baixinho, desse
jeito não dá para entrar lá!” – “Não dá? Então não vá. No momento que der, me
avisa e troca comigo. Tu sabes que eu bato com as duas.”
Em 1943, um Grêmio e Cruzeiro. No
começo do jogo, Aparício apita um pênalti para o Grêmio. Os jogadores do
Cruzeiro resolveram impedir a cobrança. Aparício avisou; “Se não bate o
pênalti, acabo o jogo!” Os jogadores partem para cima do Aparício e a polícia
entrou em campo. “Querem saber de uma coisa? Agora quem se irritou fui eu. Até
loguinho.” Aparício, entre os policiais a cavalo, saiu abaixo de vaias e
pedras.
Outro jogo em Bajé, o time do mesmo
nome jogava o clássico local contra o Guarani – Expulsei o jogador Balejo, o
xodó da torcida do Bajé. Quando o jogo terminou, a torcida partiu para cima de
mim. Quando pessoal chegava perto eu sacava o 38 e todo mundo recuava. Quando
eu guardava o revólver, eles partiam prá cima novamente. Aí pensei: só saio dessa se atirar num deles. O que me salvou foi a tradição: em jogo dos dois
times era de lei quebrar o pau entre suas torcidas. Quando a torcida do Guarani
partiu para a briga com a do Bajé, eu tratei de sair de fininho.
Aparício Viana também apitou futebol
em Pernambuco e foi técnico no Rio Grande do Sul. Quando treinava o Força e Luz
foi vice campeão gaúcho em 1947 e 48.
Reportagem na Revista Placar de 1972
Outras histórias...
Aparício era treinador de um clube
pequeno da capital. Seu time estava sendo goleado. No intervalo da partida,
Aparício interpela cada um dos seus zagueiros e ouve a mesma resposta:
- Não dá, seu Aparício, vem sempre três pra cima de mim. Ou: - Seu Aparício, estou sempre marcando
dois. - Assim não dá, seu Aparício, tem sempre
três no meu setor.
Aparício ouve as explicações e não
diz nada. Fica ao lado da entrada onde deverá retornar o time adversário. Olha
o time contrário e reúne-se com os seus jogadores, falando para todos ouvirem:
- Olha, pessoal, acabei de contar os jogadores adversários e
vi que eles estão só com onze! Não estão mais com dezoito como estavam no
primeiro tempo. Agora vamos marcar direito, porra!”
O Aparício era um cara especial para mim,o admirava como um ótimo profissional, como pessoa e além disso era me padrinho juntamente com minha madrinha Anita (sua esposa).
ResponderExcluirSaudades do baixinho 👏👏👏
Jairo
Tem mais uns dois livros de história Aparicianas.....
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