Brizola por Xico Carlos
Quando o engenheiro Leonel Brizola
foi eleito governador do Rio Grande do Sul* nas eleições de 1958, tinha apenas
36 anos. No governo do Estado, a ousadia de algumas das suas atitudes foi,
muitas vezes, atribuída a arroubos de um jovem político.
Seu comportamento audacioso ficou
mais evidente e conhecido quando encampou empresas norte-americanas e quando,
resistindo ao golpe militar – após a renúncia do Presidente Jânio Quadros, em
1961 –, liderou a Campanha da Legalidade, garantindo a posse do vice João
Goulart.
Um desses atrevimentos, pouco
lembrado, foi cometido pelo jovem engenheiro nos primeiros meses de governo, em
julho de 1959, quando ele, respaldado pela Assembleia Legislativa, emitiu
letras do Tesouro do Estado que ficaram conhecidas como as “brizoletas”.
Sem dinheiro no caixa sequer para
pagar os funcionários públicos, quem diria para levar adiante algum projeto
novo, como o plano da escolarização (Nenhuma Criança Sem Escola, no Rio Grande
do Sul), Brizola fez como fizeram alguns países, inclusive o Brasil em 1942, em
tempos de guerra: lançou as letras ou Brizoletas. Elas eram o equivalente a
bônus de guerra. A população passou a usar brizoletas como usava as cédulas de
cruzeiros: para pagar as compras, abastecer o carro e tudo o mais. Hoje, são
raridade e procuradas por colecionadores de cédulas.
Essa que ilustra esta página foi
ganha por João Curio de Carvalho, como parte do pagamento do seu salário de
ferroviário. João é pai do chargista Marco Aurélio e foi presidente do Nacional
Atlético Clube, um clube de futebol porto-alegrense extinto em 1958 e fundado
por funcionários da Viação Férrea.
*(1959/1962)
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