Mal Secreto
Raimundo Correa
Se a cólera que espuma, a dor que
mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Mal Discreto
Bastos Tigre
Se a prontidão, a pinda, a
quebradeira.
E os vários males desta mesma
classe,
Tudo o que punge a tísica
algibeira,
Sobre o rosto do “pronto” se
estampasse;
Se se pudesse a crise financeira
Ler “através da máscara da face”,
Quanta gente, talvez, que, da
primeira
Fila, então, para a última
passasse...
Quanta gente nós vemos, quanta
gente,
Cuja gravata, cautelosamente,
Uma camisa enxovalhada
esconde!...
Quanto moço elegante e perfumado
Que anda, imponente, de
automóvel... fiado,
Porque lhe faltam níqueis para o bonde!
Manuel Bastos Tigre (Recife, 12
de março de 1882 − Rio de Janeiro, 1º de agosto de 1957) foi um bibliotecário,
jornalista, poeta, compositor, humorista e destacado publicitário brasileiro.
Estudou no Colégio Diocesano de
Olinda, onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O
Vigia. Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906. Trabalhou como engenheiro
da General Electric e depois foi ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas,
no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos,
pois foi jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário,
além de engenheiro e bibliotecário. E em todas as áreas obteve sucesso,
especialmente como publicitário. "É dele, por exemplo, o slogan da Bayer
que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa:
"Se é Bayer é bom". Foi ele ainda quem fez a letra para Ary Barroso
musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o "Chopp em Garrafa",
inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a
constituir-se no primeiro jingle publicitário, entre nós." (As vidas...,
p. 16).
Prestou concurso para
Bibliotecário do Museu Nacional (1915) com tese sobre a Classificação Decimal.
Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil,
onde serviu por mais de 20 anos.
Exerceu a profissão de
bibliotecário por 40 anos, é considerado o primeiro bibliotecário por concurso,
no Brasil.
No dia 12 de março é comemorado o
Dia do Bibliotecário, que foi instituído em sua homenagem.
Fonte: wikepedia
Nenhum comentário:
Postar um comentário