quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Tragédia em três tempos

Juremir Machado da Silva


Um amigo me conta uma história triplamente trágica.

Primeira cena: ele se separa da namorada.
Ela, entrando, no apartamento, diz:
– Vem aqui, vem…
– Não. Eu já disse tudo o que tinha pra dizer.
– Vem, te peço, é a última vez.
Ele vai.
Ela saca um revólver e manda bala.
Três tiros.
Meu amigo se joga em cima dela.
Ela se enfia a última bala na cabeça.
Ele sai pela rua em busca de socorro.
É madruga. Sangrando, avista um conhecido, que brinca:
– Ladrão ou marido?

Segunda cena. No HPS.
Meu amigo, antes de apagar, pergunta:
– É o efeito da anestesia ou estou morrendo?
O médico responde:
– O importante é manter a calma.

Um ano depois, ainda traumatizado, meu amigo vai para a cama com uma gata. Todas querem experimentar o cara que levou uma mulher a querer matá-lo e a se matar.
Terminado embate, ele espera triunfante a avaliação.
Ela murmura:
– Não consigo entender porque aquela mulher te deu os tiros.





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