As aparições do mestre Alfred Hitchcock em seus filmes, se
tornaram uma espécie de assinatura.
Alfred Hitchcock
(13.08.1899 – 20.04.1980)
Durante as filmagens de seu quarto
filme, O Inquilino Sinistro (The
Lodger), rodado na Inglaterra em 1926, Hitchcock descobriu, de repente, que
precisava aumentar a figuração de uma cena. Sem tempo para contratar um extra,
ele próprio sentou-se à mesa de uma redação de jornal, fingindo-se de repórter.
Três anos e oito filmes depois, voltou a aparecer rapidamente numa cena de Chantagem e Confissão (Blackmail), lendo
jornal no metrô, ao lado de um garoto irrequieto. Foi aí que tomou gosto pela
brincadeira, transformando suas fugazes aparições numa espécie de assinatura,
de marca registrada, cuidadosamente programadas para as primeiras cenas, a fim
de evitar que os espectadores se distraíssem durante a projeção, à espera de
sua passagem diante da câmera.
Hitchcock passa por uma rua em Assassinato (Murder, 1930). Os 39 degraus, Festim Diabólico (Rope, 1948), Um
Corpo que Cai e Intriga Internacional.
Faz um fotógrafo desajeitado em Jovem e
Inocente (Young and Innocent, 1937).
Desfila por uma estação de trem em A Dama Oculta (The Lady
Vanishes, 1938) e atrás de uma cabine de telefone em Rebeca, a Mulher Inesquecível. É visto jogando bridge num trem em A
Sombra de uma
Dúvida, saindo de um elevador em Quando Fala o Coração, bebendo champanhe em Interlúdio, ouvindo um discurso em Sob o Signo de Capricórnio (Under
Crapicorn, 1949) e carregando um violoncelo em Agonia de Amor (The Paradine Case, 1947) e um contrabaixo em Pacto
Sinistro.
Em Tortura do Silêncio (I Confess, 1952), ele cruza o alto de uma
escada no Quebec, e em
Janela Indiscreta
dá corda num relógio. Surge sentado num ônibus da Côte d´Azur, ao lado de Cary
Grant, em Ladrão de Casaca (To Catch
a Thief, 1955), apreciando acrobatas marroquinos em O
Homem que Sabia
Demais (1956), parado numa calçada (com um chapéu de caubói) em Psicose (1960), passeando com dois
cachorrinhos em Os Pássaros (The
Birds, 1963), perambulando pelo corredor de um hotel em Marnie, com bebê no colo em Cortina
Rasgada (Torn Curtain, 1966), numa cadeira de rodas em Topázio e misturado aos circunstantes à
beira do Tâmisa na abertura de Frenesi.
Em seu último filme, Relíquia Macabra
(Family Plot), 1976), é apenas uma silhueta, atrás de um vidro fosco de um
cartório.
Por duas vezes apareceu apenas em
fotografia: de uma festa de formatura, em Disque M para Matar (Dial M for Murder, 1954), e
no anúncio de um remédio para emagrecimento, em Um
Barco e Nove Destinos (Lifeboat, 1943).*
Sérgio
Augusto em “Fantástico – O show da vida em revista”
* Sobre o
filme “Um Barco e Nove Destinos” há
um detalhe interessante. O diretor queria aparecer no filme, como sempre, mas
como fazer isso num barco com apenas nove pessoas? Alguém, talvez ele mesmo,
teve a ideia: Um dos nove lia um jornal onde aparecia um anúncio de remédio
para emagrecer. Era do tipo: “Eu
era assim e fiquei assim”. Eram duas fotos, mas a da frase “Eu era assim”
tinha a foto de Hitckcock.
(Clarival Vilaça)
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