(Oração a um brigadiano morto)
Sabes, pai... o corneteiro tocou uma longa e triste música
E todos os homens que ali estavam ficaram em silêncio.
Teus colegas em uniforme bonitos... bem passados,
Botas lustrosas como espelhos, levaram as armas em direção
ao solo
E ficaram como estátuas, parados e sérios.
Tua mãe chorava baixinho e minha mãe caiu no chão,
desfalecida,
Toda mole.
Eu nos braços de minha tia,
fiquei olhando Para onde estavas deitado naquele caixão
escuro.
Mas não fiquei triste, pois tive orgulho de ti ao ver até o
coronel
Levar a mão à testa e fazer continência para ti.
Só não compreendi porque teus colegas atiram sobre o
caixão...
Pois todos diziam que tu foras morto
Como herói de cinema, de televisão.
Depois cobriram de terra teu caixão.
Botaram flores, coroas com fitas coloridas:
Amarelas, vermelhas, verdes
E todas as mulheres que ali estavam choravam juntas com meus
tios...
Mas... Eu não chore pai... Eu não chorei... Pai...
Vanderlan Amaral da
Costa
(No gibi “O Aba-Larga)
Aba-Larga foi uma criação de Getúlio
Delphino, em 1962, publicado pela CETPA. Teve somente 3 edições: a 1ª em
junho/62 e a 3ª em setembro.
“Os Abas-Largas era como se
denominavam a Polícia Montada do popular 1º Regimento de Cavalaria da Brigada
Militar do Rio Grande do Sul, nos pampas gaúchos, em virtude do chapéu que servia
de cobertura no uniforme...”
Aba-Larga, entre outros heróis,
representa um movimento no Sul do Brasil, integrando um conturbado momento
político brasileiro ligado a Leonel Brizola que apoiava a nacionalização da
HQBR, através da cooperativa CEPTA. Primavam pela valorização dos tipos
regionais brasileiros com a criação de personagens como o próprio “Aba-Larga”, “Sepé”,
“O Gaúcho”, entre outros.
Com o fechamento da cooperativa, esses
personagens e seus quadrinhistas ficaram marginalizados...
(Matéria retirada do
site HQ Quadrinhos
“Quadrinhos de Todos os Tempos”).
“Quadrinhos de Todos os Tempos”).
O Aba-Larga é o policial militar gaúcho que faz patrulhas nos campos
de criação de gado contra abigeatos (roubo de reses).
Acima, na foto, dois atores com o fardamento histórico no filme gaúcho “Os Abas-Largas”.
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