As origens do Instituto Butantan
remontam a 1889. Naquele ano, se propagava no porto de Santos um surto de peste
bubônica. Para combater a doença, o governo do Estado de São Paulo adquiriu a
Fazenda Butantan, onde instalou um laboratório de produção de soro antipestoso,
vinculado ao Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolpho Lutz). Em
fevereiro de 1901, o laboratório ganhou autonomia, sob a denominação de
Instituto Seroterápico, depois Instituto Butantã, e seu primeiro diretor foi
Vital Brazil. Graças ao idealismo desse médico sanitarista de 35 anos de idade,
nascido Vital Brazil Mineiro da Campanha, na cidade de Campanha, interior de
Minas Gerais, o instituto, além de produzir soros e vacinas, desenvolvia
pesquisas que lhe garantiriam o reconhecimento da comunidade científica
internacional. A expansão crescente das pesquisas, estudos e produção exigiam
instalações mais amplas e modernas. Em 1914 foi inaugurado o prédio principal,
adequado às novas necessidades. Entre suas inúmeras atividades, o Instituto
desenvolve estudos e pesquisa básica na área de Biologia e de Biomedicina, relacionadas,
direta ou indiretamente, com a saúde pública. Produz vacinas e soros para uso
profilático e curativo. Realiza missões científicas no país e no exterior.
O nome dele era Vital Brazil Mineiro
da Campanha por causa do lugar do seu nascimento: Brasil (que na época se
escrevia com z), Minas Gerais, Campanha (cidade no sul de Minas). Vital era o
nome do santo do dia. Sua mãe, D. Mariana Carolina Pereira de Magalhães era
prima de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Seu pai, José Manoel dos
Santos Pereira Júnior resolveu colocar em cada um dos seus oito filhos um nome
diferente a fim de não dar continuidade ao nome da sua família, com a qual
estava brigado.
Ele nasceu em 28 de abril de 1865 e
passou a infância nas cidades mineiras de Campanha, Itajubá e Caldas,
trabalhando desde os 9 anos para ajudar a família. Com 15 anos foi para São Paulo com a família, onde passou o resto da
sua juventude entre o trabalho e os estudos preparatórios. Seu objetivo era
entrar para a Faculdade de Medicina e na época só existiam duas: uma na cidade
de Salvador (Bahia) e outra na do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Assim, com
21 anos ele foi para o Rio, onde trabalhou como escrevente da polícia e
professor, para sustentar-se e custear seus estudos na Faculdade. Durante o
curso, fez seleção e passou a ser o colaborador e preparador das aulas de
Fisiologia. Formou-se em 1891, com 26 anos, Doutor em Medicina, defendendo a
tese: "Funções do Baço" e logo depois se casou com sua prima, Maria
da Conceição Philipina de Magalhães.
Trabalhou como médico na Força Pública
e no Serviço Sanitário em
São Paulo e na cidade
de Botucatu. Durante as epidemias de febre amarela, varíola e cólera, chefiou a
comissão sanitária em Cachoeira, no vale do Paraíba e combateu a peste bubônica
na cidade de Santos, contraindo a doença durante o trabalho. Foi em Botucatu
que ele, impressionado com os acidentes causados por serpentes venenosas,
resolveu estudar o assunto, abandonando a clínica e indo trabalhar no Instituto
Bacteriológico de S.Paulo, hoje Instituto Adolfo Lutz. Foi lá, com o apoio do
Dr. Lutz e com o conhecimento dos estudos do Dr. Calmette no Instituto Pasteur
da Índia, sobre soros antiofídicos, que ele fez os primeiros experimentos com
os venenos das serpentes. Nesta época ocorriam quase 3.000 acidentes por ano só
no Estado de S.Paulo.
Seu nome ficou conhecido - Dr. Brazil
-, pela sua dedicação à saúde pública e pelo seu entusiasmo pelos estudos
experimentais que representavam na época o começo das pesquisas no Brasil. Por
causa disso, foi chamado pelo Governo do Estado de S.Paulo, para ajudar a criar
um Instituto Soroterápico, que produzisse soros e vacinas que combatessem as
epidemias que vinham assolando a população.
Foi então, comprada uma fazenda
chamada Butantan e lá Vital Brazil começou em 1901, em instalações provisórias
como um estábulo adaptado, as imunizações dos cavalos para fazer a vacina
contra a peste e continuou com as pesquisas sobre os venenos das serpentes.
Nesse mesmo ano ele publicou seu primeiro trabalho sobre o envenenamento
ofídico e demonstrou que o soro para o tratamento dos acidentes tinha que ser específico.
Também produziu as primeiras ampolas de soro contra o veneno de jararaca e
cascavel.
O Instituto Serumtherapico passou a
se chamar Instituto Butantan e junto com Vital Brazil, seu diretor, ganhou
prestígio e importância graças ao trabalho pioneiro de Vital Brazil e seus
colaboradores. Em 1915, durante a estadia de Vital Brazil em Nova York , o soro
brasileiro salvou da morte um empregado do Jardim Zoológico do Bronx Park, após
ter sido picado por uma Crotalus atrox e não ter tido sucesso com outros
tratamentos já empregados. Em 1919, ele foi convidado pelo governo do Estado do
Rio de Janeiro a criar um centro de pesquisas biológicas em Niterói e foi
fundado então o Instituto Vital Brazil.
Viúvo desde 1913, casou-se novamente,
em 1920, com Dinah Carneiro Vianna. Vital Brazil Mineiro da Campanha tinha por
lema "Veritas super omnia", era espiritualista, conhecia
profundamente a Bíblia e viveu segundo os Versos de Ouro de Pitágoras; morreu
em 8 de maio de 1950, no Rio de Janeiro, aos 85 anos, ainda na direção do
Instituto Vital Brazil.
Donato, H. Vital Brazil. Grandes Brasileiros, nº 23. Edições
Melhoramentos, 1959. 70 p.
Brazil, L.V. A família Vital Brazil. Resumo histórico
genealógico. 1992
Brazil, O V. Contribuição para a Ciência no Brasil, 1989.
132 p.
Instituto
Vital Brazil Vital Brazil . Traços
biográficos, 1983
Instituto Butantan Histórico do Instituto Butantan e
Biografia de Vital Brazil. Série didática 3. Divisão de Extensão Cultural.
P.S. O Instituto Butantan fica no bairro paulista Butantã.
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