domingo, 24 de dezembro de 2017

Instituto Butantan



As origens do Instituto Butantan remontam a 1889. Naquele ano, se propagava no porto de Santos um surto de peste bubônica. Para combater a doença, o governo do Estado de São Paulo adquiriu a Fazenda Butantan, onde instalou um laboratório de produção de soro antipestoso, vinculado ao Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolpho Lutz). Em fevereiro de 1901, o laboratório ganhou autonomia, sob a denominação de Instituto Seroterápico, depois Instituto Butantã, e seu primeiro diretor foi Vital Brazil. Graças ao idealismo desse médico sanitarista de 35 anos de idade, nascido Vital Brazil Mineiro da Campanha, na cidade de Campanha, interior de Minas Gerais, o instituto, além de produzir soros e vacinas, desenvolvia pesquisas que lhe garantiriam o reconhecimento da comunidade científica internacional. A expansão crescente das pesquisas, estudos e produção exigiam instalações mais amplas e modernas. Em 1914 foi inaugurado o prédio principal, adequado às novas necessidades. Entre suas inúmeras atividades, o Instituto desenvolve estudos e pesquisa básica na área de Biologia e de Biomedicina, relacionadas, direta ou indiretamente, com a saúde pública. Produz vacinas e soros para uso profilático e curativo. Realiza missões científicas no país e no exterior.


O nome dele era Vital Brazil Mineiro da Campanha por causa do lugar do seu nascimento: Brasil (que na época se escrevia com z), Minas Gerais, Campanha (cidade no sul de Minas). Vital era o nome do santo do dia. Sua mãe, D. Mariana Carolina Pereira de Magalhães era prima de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Seu pai, José Manoel dos Santos Pereira Júnior resolveu colocar em cada um dos seus oito filhos um nome diferente a fim de não dar continuidade ao nome da sua família, com a qual estava brigado.

Ele nasceu em 28 de abril de 1865 e passou a infância nas cidades mineiras de Campanha, Itajubá e Caldas, trabalhando desde os 9 anos para ajudar a família. Com 15 anos foi para São  Paulo com a família, onde passou o resto da sua juventude entre o trabalho e os estudos preparatórios. Seu objetivo era entrar para a Faculdade de Medicina e na época só existiam duas: uma na cidade de Salvador (Bahia) e outra na do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Assim, com 21 anos ele foi para o Rio, onde trabalhou como escrevente da polícia e professor, para sustentar-se e custear seus estudos na Faculdade. Durante o curso, fez seleção e passou a ser o colaborador e preparador das aulas de Fisiologia. Formou-se em 1891, com 26 anos, Doutor em Medicina, defendendo a tese: "Funções do Baço" e logo depois se casou com sua prima, Maria da Conceição Philipina de Magalhães.

Trabalhou como médico na Força Pública e no Serviço Sanitário em São  Paulo e na cidade de Botucatu. Durante as epidemias de febre amarela, varíola e cólera, chefiou a comissão sanitária em Cachoeira, no vale do Paraíba e combateu a peste bubônica na cidade de Santos, contraindo a doença durante o trabalho. Foi em Botucatu que ele, impressionado com os acidentes causados por serpentes venenosas, resolveu estudar o assunto, abandonando a clínica e indo trabalhar no Instituto Bacteriológico de S.Paulo, hoje Instituto Adolfo Lutz. Foi lá, com o apoio do Dr. Lutz e com o conhecimento dos estudos do Dr. Calmette no Instituto Pasteur da Índia, sobre soros antiofídicos, que ele fez os primeiros experimentos com os venenos das serpentes. Nesta época ocorriam quase 3.000 acidentes por ano só no Estado de S.Paulo.

Seu nome ficou conhecido - Dr. Brazil -, pela sua dedicação à saúde pública e pelo seu entusiasmo pelos estudos experimentais que representavam na época o começo das pesquisas no Brasil. Por causa disso, foi chamado pelo Governo do Estado de S.Paulo, para ajudar a criar um Instituto Soroterápico, que produzisse soros e vacinas que combatessem as epidemias que vinham assolando a população.

Foi então, comprada uma fazenda chamada Butantan e lá Vital Brazil começou em 1901, em instalações provisórias como um estábulo adaptado, as imunizações dos cavalos para fazer a vacina contra a peste e continuou com as pesquisas sobre os venenos das serpentes. Nesse mesmo ano ele publicou seu primeiro trabalho sobre o envenenamento ofídico e demonstrou que o soro para o tratamento dos acidentes tinha que ser específico. Também produziu as primeiras ampolas de soro contra o veneno de jararaca e cascavel.

O Instituto Serumtherapico passou a se chamar Instituto Butantan e junto com Vital Brazil, seu diretor, ganhou prestígio e importância graças ao trabalho pioneiro de Vital Brazil e seus colaboradores. Em 1915, durante a estadia de Vital Brazil em Nova York, o soro brasileiro salvou da morte um empregado do Jardim Zoológico do Bronx Park, após ter sido picado por uma Crotalus atrox e não ter tido sucesso com outros tratamentos já empregados. Em 1919, ele foi convidado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro a criar um centro de pesquisas biológicas em Niterói e foi fundado então o Instituto Vital Brazil.

Viúvo desde 1913, casou-se novamente, em 1920, com Dinah Carneiro Vianna. Vital Brazil Mineiro da Campanha tinha por lema "Veritas super omnia", era espiritualista, conhecia profundamente a Bíblia e viveu segundo os Versos de Ouro de Pitágoras; morreu em 8 de maio de 1950, no Rio de Janeiro, aos 85 anos, ainda na direção do Instituto Vital Brazil.


 Referências Bibliográficas

Donato, H. Vital Brazil. Grandes Brasileiros, nº 23. Edições Melhoramentos, 1959. 70 p.

Brazil, L.V. A família Vital Brazil. Resumo histórico genealógico. 1992

Brazil, O V. Contribuição para a Ciência no Brasil, 1989. 132 p.

Instituto Vital Brazil Vital Brazil. Traços biográficos, 1983

Instituto Butantan Histórico do Instituto Butantan e Biografia de Vital Brazil. Série didática 3. Divisão de Extensão Cultural.

P.S. O Instituto Butantan fica no bairro paulista Butantã. 

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