Plácido de Castro
Rio, 16 – Ultimamente, como em tempo
noticiei, era intensa a agitação dos espiritos no Acre. Grupos pertencentes ás
duas facções que ali predominam armaram conflictos, julgando certa a deposição
do coronel Gabino Bezouro, com quem trocou varias cartas o coronel Placido de
Castro. Serenados os animos, em 1º de agosto, o coronel Placido de Castro
seguiu para Xurupy, renovando-se então os boatos de deposição. A calma que se
notava era apenas aparente.
No dia 8 do corrente o coronel
Placido, em companhia de quatro amigos a cavallo, seguiu para o seu seringal,
em Catapara, quando uma descarga, partida da matta, o feriu no baixo ventre e
nas costellas. Apezar de ferido, Placido de Castro avançou para o ponto donde
partira a descarga, e então novos tiros o alvejaram. Sentindo que perdia as
forças desceu elle do animal, sendo carregado em braços, pelos seus amigos,
para a sua residencia, que fica proxima ao local em que se deu o facto. Chegando
á casa, Placido de Castro mandou logo chamar um tabellião, fazendo testamento,
pelo qual lega a terça de seus bens á sua mãe e o restante de sua fortuna a
seus irmãos. No seu testamento, declarou elle que morria victima de uma
emboscada. O coronel Placido de Castro falleceu no dia do corrente, ás 4 horas
da tarde. O coronel Gabino Bezouro, prefeito do Acre, mandou abrir inquerito
sobre o facto.
A grafia de época
está preservada no texto acima.
(Correio do Povo de
16 de setembro de 1908 e 17 de setembro de 2008)
Plácido de Castro* em
sua fazenda no Acre.
*José Plácido de Castro (São Gabriel, RS, 9 de setembro
de 1873
− Seringal Benfica, AC, 11 de agosto
de 1908)
foi um político,
militar
idealista
brasileiro,
líder da Revolução Acreana e que governou o Estado Independente do Acre.
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