Mãe, querida mãe, hoje das mães é
dia,
dou-te tristezas, mato-te a
alegria,
pois estou te vendo através duma
prisão.
Se morresse pequenino, ao ter
nascido,
Certamente, não estaria, assim,
ferido
o teu materno e puro coração.
Mãe, eu fui ingrato e hoje
reconheço,
que nem sequer o teu perdão
mereço,
pois tanto... tanto mal eu te
causei.
Por fim abandonei-te já
envelhecida,
por qualquer mundana pervertida,
que na estrada do mal eu
encontrei.
Lembra-me, ainda, daquela noite
triste,
que eu não saísse, chorando me
pediste,
como se algo estivesse a
acontecer,
e eu não quis ouvir o teu
lamento,
louco com a mundana em
pensamento,
parti, querida mãe, para nunca
mais te ver...
Foi nessa mesma noite, fria e
calma,
que saí, após te torturar a alma,
com outro homem a mundana
encontrei.
Aproximei-me dela mais um pouco,
como fera acuada, e quase louco,
sem dó nem piedade, eu a matei.
Então, querida mãe, começou o meu
castigo,
por não ouvir o teu sábio conselho
amigo,
fui preso e maltratado como um
cão,
e, aqui, pago a desobediência,
e tua ausência a torturar-me o
coração.
Mas, a maior desgraça que me bate
à porta,
é não saber se ainda és viva ou
morta,
pois até hoje nunca mais te vi.
E tu, talvez, eu nunca mais te
veja,
para poder pedir perdão a ti...
A um canto da cela eu adormeci
chorando,
Quando, em sonho, uma voz ouço
chamando,
volvendo o olhar, vejo celestial
visão:
é minha mãe, transpondo aquela
dura porta,
fala-me sorrindo: “filho, eu já
estou morta,
mas vim aqui trazer-te o meu
coração!
para poder a ti deixar o meu
perdão...
Israel de Castro,
poeta pernambucano.
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