O massagista Moura
Na foto acima, o time campeão do Pan-Americano de 1956, no México, representados por atletas gaúchos: Em pé, da esquerda para a direita: Sérgio (G), Oreco (I). Florindo (I), Odorico (I), Ênio Rodrigues (G) e Duarte (P). Agachados, na mesma ordem: Luisinho (I), Bodinho (I), Larry (I), Ênio Andrade (R) Raul Klein (F), Biscardi (G), massagista e Moura (I), massagista.
(G) atletas do Grêmio; (I) atletas do Internacional; (P) Pelotas. (R) Renner e (F) Floriano.
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Moura, como braço-esquerdo de
Teté, foi o protagonista do episódio mais antológico e pitoresco de todo o Pan-americano
de 1956, no México. O Brasil jogava contra o Peru que, à época, tinha um ataque
fenomenal: Moschera, Félix Castillo, Draco, era um timaço que disputava cada
jogada palmo a palmo do campo. Depois do gol de Larry, aos vinte do primeiro
tempo, a pressão peruana se tornava sufocante. Castillo, driblador e veloz,
batia Duarte com facilidade a cada ataque. Qualquer descuido do lateral brasileiro
poderia ser fatal.
Em determinado lance, pelo fundo do
campo, Odorico acabou se lesionado, e ficou estirado na linha de fundo, sendo
atendido por Moura, com sua maleta de madeira. Foi quando tudo aconteceu:
enquanto verificava as condições do meio-campista colorado, o massagista sentiu
a inexorável aproximação de Félix, que dribla Duarte, depois Ênio Rodrigues e
corre sozinho pela linha de fundo com a bola, pronto para fuzilar Sérgio
Moacir. Moura não pensa duas vezes, e atirando a pesada maleta aos pés do ponta
peruano, fazendo o atleta cair estrepitosamente no gramado.
Moura contido pelo bandeirinha
- Foi uma coisa, queriam
prender o Moura − lembra Larry. − Foi uma coisa horrível, os jogadores do Peru
queriam matar ele, e nós tivemos que entrar no bolo para afastar. Foi uma coisa
terrível!
Já Florindo
entende que a atitude do massagista foi mais do que fundamental:
- Foi um bafafá, expulsaram
o Moura, e ele, naquele instante, ele teve uma coisa que eu posso dizer o
seguinte: se não fosse ele, o jogador da Peru iria fazer o gol.
Na final, contra a temida Argentina,
Chinesinho fez 1 a
0, e Yaudica empatou, no primeiro tempo. Aos 13 minutos do segundo, de falta,
Ênio Andrade fez 2 a
1. Cinco minutos antes do fim, Sívori empatou. Como o resultado garantia o
título, os gaúchos só tocaram a bola até a festa. O time campeão teve Valdir;
Florindo e Figueiró (Duarte); Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues; Luisinho,
Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho.
Na volta, Porto Alegre parou para
receber os campeões. Simbolicamente ou não, a epopeia gaúcha com a camisa
amarela da Seleção, além de calar os céticos, de certa forma também abriu
caminho para que o Brasil amealhasse o seu primeiro título mundial, dois anos
depois (1958).
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