Roberto Pellin
Era
“ômnibus” que se escrevia e começou a rodar no mês de agosto de 1926.
Aos domingos, o trem andava
superlotado e para cá vinham também alguns ônibus e caminhões de carga em excursão. Os irmãos
Anatalino e Arquimino Tavares da Gama julgaram que a exploração da linha seria
um bom negócio, por isso compraram um ônibus (Chevrolet-4 cilindros) para
transportar passageiros. Era um ônibus aberto, com longos estribos laterais e
sanefas de lona. Tinha cinco bancos, com a capacidade de cinco passageiros por
banco. Quando lotava, os passageiros viajavam de pé nos estribos; e se
chovesse, azar... A passagem custava 400 réis, enquanto no trem, custava 300
réis. O fim da linha, a princípio, era na Rua Dr. Mário Totta, mas no ano
seguinte passou a ser na Pedra Redonda.
Seu Ricardo Gutzeit tinha um
“Restaurant Morro do Sabiá”, meio hotel, na beira da praia, para onde vinham
veranistas até do Rio de Janeiro e da Argentina. As pessoas desciam na Pedra
Redonda e iam a pé, com malas, para o Morrinho, como era chamado. Seu Ricardo
teve a ideia de colocar um transporte para seus hóspedes. Em sociedade com o
senhor Joaquim Rodrigues comprou o ônibus dos irmãos Gama. Daí em diante – 1927
– a linha passou a ser feita: Porto Alegre-Tristeza-Morro do Sabiá.
No ano seguinte, os irmãos Gama
compraram um “Stewart” e recomeçaram a exploração da linha Tristeza. Mais um
ano e o senhor Pascoal Biachi surgiu com um “Fiat”, fazendo concorrência. Em
seguida foi aquela correria, cada qual queria aumentar mais sua frota. Em 1930,
o senhor Biachi tinha 14 carros e o senhor Ricardo e Joaquim tinham 11, quando
este último vendeu sua parte para o senhor Antonio Garrafielo (seu Nico).
No auge dos ônibus, os motoristas
ganhavam comissão pelo movimento, por isso vinham devagar e abriam a buzina
cinquenta metros antes das paradas. Se um familiar avisasse: − Espere um
pouquinho que ele já vem; não havia problemas. Lá vinha o valioso passageiro
arrumando as calças ou botando a gravata...
A faixa de cimento da Tristeza foi
construída em 1930-31. Antes dela o tráfego no inverno era penoso. Os motoristas
(que se chamavam choferes) levavam pranchas, pedras e paus para as
eventualidades nos atoladores do Cristal, isto quando não mandavam os
passageiros empurrar...
Mais tarde aparecerem outros
empresários: senhor José Fernandes e Rosendo Sola di Sola. Com o senhor João
Pinto foi criada uma Sociedade de ônibus Limitada (SOL), que durou pouco,
terminando encampada pela Prefeitura em 1943, sob a legenda de DATC –
Departamento Autônomo de Transporte Coletivos.
(Almanaque do Correio
do Povo de 1973)
Bairro da Tristeza... será ele Alegre!
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