Tenho cabelos claros,
pintados, para esconder os fios brancos. Não me recordo exatamente em que ano
eles começaram a branquear...
Tenho algumas rugas em
volta dos olhos, mas também não me recordo quando elas começaram a aparecer. Tento
disfarçá-las, são tantas novidades no campo da dermatologia, achei por bem
aproveitá-las.
Do corpo, quase não
cuido, só recentemente entrei para uma academia por ordem médica. Ele me disse
que na minha idade preciso de exercícios... Mas falto mais do que vou, não
gosto de fazer ginástica.
Das minhas unhas cuido
semanalmente, penso que elas são um cartão de visita. Unhas maltratadas causam
uma péssima impressão!
De uns dez anos pra cá,
descobri os cremes e aí compro um aqui, outro ali e no final não uso nenhum,
mas compro, só de olhá-los na prateleira já percebo que as rugas se retraem.
Sou assim, vaidosa, mas não em excesso, penso que sou na medida certa, na
medida correta para uma mulher. Enfim, os anos passam e as marcas que eles
deixam em nós não temos como conter. Nem pretendo isso!
Acredito que cada
marca, que meu corpo carrega, tem uma linda história. Às vezes na frente do
espelho ao descobri uma nova ruguinha fico pensando o que a causou. Depois
reencontro com outra que já está vincada há anos e me recordo quando ela
apareceu.
Poderia enumerar também a história de cada fio de cabelo branco. Foram
filhos, amores, marido, amigos que colocaram eles ali. Não quero me desfazer de
nenhuma dessas marcas, apenas amenizá-las, acho que mereço isso. A vida me deve
isso.
Atualmente, a parte que merece mais a minha atenção é a cabeça. Tento,
todos os dias, colocá-la no lugar, equilibrá-la, alimentá-la com sonhos e
alegrias. Corpo e mente caminham juntos. Se um estiver em estado lastimável, o
outro provavelmente vai se deteriorar.
Não escondo minha idade. Não adiantaria falar que tenho trinta e cinco e
apresentar um filho de trinta. Portanto eu confesso: tenho sessenta e um anos. Metade
deles bem vividos, a outra metade muito sofridos. Mas é exatamente aí que está
o encanto da minha idade. Conheci de tudo um pouco, das lágrimas aos sorrisos e
ambos me fizeram ser essa pessoa que sou hoje.
Ficaram as rugas no rosto e na alma,
mas também ficaram sorrisos em
ambos. Minhas rugas mais bonitas são aquelas marcas de
expressão que eu adquiri por tanto sorrir, muitas vezes, quando o coração
chorava.
Silvana Duboc
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