quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Quem tem tradição tem tudo



Um dia, um peão já velho,
Destes curtidos dos anos,
De alegrias e desenganos
Que arrebanhou tempo a fora
Sentia chegar a hora
Do seu último pedido
Chamou o filho querido
E disse com voz sonora:

- Meu filho, chega bem perto
Para escutares o que te digo,
Pois mais que filho és um amigo.

Por isso presta atenção
E escuta o meu coração
Que te fala com certeza
E veja quanta beleza
Que existe na tradição.

Tradição não é grossura
E nem vergonha pra gente,
Pois tu deves ter na mente
O ventre que te gerou,
O berço que te embalou,
Pois não nasceste das macegas,
Honre o sangue que carregas
E a raiz que te brotou.

Por isso, quero pedir-te
Mais que um pedido, um favor,
Que tu sempre dês valor
Para as coisas do nosso Estado.

Procuras estar ao lado
Da justiça e da razão,
Nunca esqueças a tradição
Que herdaste do teu passado.
  
Nunca deixes deturparem
As coisas aqui do pago,
Das pilchas ao mate amargo
Ouve o que peão te diz
Aí ficarei feliz
Se aprenderes a lição
Que o povo sem tradição
É um povo sem raiz.

Olha bem quando mateares,
Vê que linda comunhão,
A cuia de mão em mão
Sem preconceito ou vaidade
Traduz a simplicidade
E as tradições deste Estado.
Onde o cru e o letrado
Vivem na mesma irmandade.
  
Procura estar presente
Nos movimentos gaúchos
E saibas aguentar o repuxo
Quando a situação exigir,
Nunca penses em trair
As causas tradicionais,
Pois a glória de ancestrais
Sempre há de ressurgir.

Olha sempre ao teu redor
E veja quanta beleza
Que a nossa mãe natureza
Te deu sem nada cobrar,
Então deves preservar
Com carinho e com afeto,
Um dia teus filhos e netos
Também irão desfrutar.

Por isso que te chamei
Para conversar contigo.
Atende este teu amigo
E ensina teus descendentes
A levar para a frente
As epopeias caudilhas,
Como fizeram os farroupilhas
Defendendo a nossa gente.

O pouco que preservares
Desta glória e galhardia,
Será de grande valia
Para futuras gerações,
Que aprenderão as lições
De práticas e de destreza
E saberão as grandezas
Destas nossas tradições.
  
Se atenderes meu pedido
Com orgulho, raça e fé,
E manteres sempre em pé
As coisas aqui deste chão,
Aí te darei a bênção
E posso até morrer sem luxo,
Pois enquanto houver um gaúcho,
Não morrerá a tradição.

Conservando a Tradição:
Autor: Albeni Carmo de Oliveira




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