O Retrato de Maria

Música de Ivon Curi e Mário M. Guimarães gravação esta de 1972. *

(falando com um retrato na mão)

Acabou-se o dia...
Acabou-se a noite...
Mais uma noite sem Maria...
Maria...
Que era meu grande amor!
Agora, é só esta fotografia,
mas... fotografia não fala! Fala?
Escuta aqui, responde...

(cantando)

Maria,

você lembra aquele dia...
que, à toa, eu me zanguei
e desta casa eu a expulsei?
Eu tava bravo aquele dia, né?

Ô! Maria, fala uma coisa pra mim...
Parecia que eu sofria, pra você vê né,
sabe que por dentro eu ria.
E sabe por quê, Maria?
Pois de você eu me livrei!
Se estiver preocupada, aqui em casa não há nada
vai tudo... tão bem...
Ninguém fala seu nome e nem morre de fome
não falta ninguém.
Ahhh! Nosso filho é uma bola,

foi expulso da escola, a inspetora insultou.
Ele está mais levado e o canário, coitado,

ele ó, já esganou.
Eu fiquei com uma pena daquele canário...

Ô! Maria, quanto a mim, minha filha, eu todo dia,
agora que tá bom, busco amor de outras Marias
e muito amor também lhes dou.
Há, há... Maria! Esse riso é agonia!
Há, há... De quem morre todo dia,
chorando a falta de você.
Há, há... Maria!
Há, há... Por favor sai do retrato!
Eu desespero e me mato,
junto ao retrato de você.

Maria, fala comigo, Maria.

Responde, Maria!

Cê tá com uma cara engraçada nesse retrato...
(risos)...
Maria, há, há, há... (risos)
Maria, há, há, há... (choro)
Maria hã, hã, hã, hã, hã, hã, hã...

Mariaaaaaaaaaaaaaaa!!!!

* Para dar mais dramaticidade na sua interpretação, Ivon Curi, realmente, estava bêbado quando realizou a gravação dessa música.

* Ele não gostava de cantá-la em público pela mão-de-obra que dava para ele entrar no clima sofrido e desesperado da canção.

P.S. Esta música está na internet na voz do próprio Ivon Curi, Caxambu, MG, 5 de junho de 1928 – 24 de junho de 1995, Rio de Janeiro, RJ.