Os três talismãs
Teodoro de Morais
– Que é preciso para aprender? Perguntou um filho
ao pai.
– Para aprender, para saber
e para vencer, responde o pai, é preciso buscar os três talismãs: a alavanca,
a chave e o facho.
– E onde encontrá-los? Interroga o filho.
– Dentro de ti mesmo,
explica o pai. Os três talismãs estão em teu poder e serás poderoso, se
quiseres fazer usos deles.
– Não compreendo, diz o filho cada vez mais intrigado.
Que alavanca é essa?
– A tua vontade. É preciso querer, é preciso remover
obstáculos para aprender.
– E a chave?
– O teu trabalho. É preciso esforço para dar volta à
chave e abrir o palácio do saber.
– E o facho?
– A tua atenção. É preciso
luz, muita luz, para iluminar o palácio. Só assim poderás ver com clareza e
descobrir a verdade, que vence a ignorância.
Os quatro desejos
Maria Aparecida Amaral
Conta-se que, quando Deus fez o mundo, dialogou com três
reinos da natureza a fim de conhecer os desejos de alguns seres.
Começando pelo reino mineral, ouviu o ouro que assim falou:
– Não posso ser tão útil quanto o ferro, mas desejo ser
o mais nobre dos metais.
A seguir falou o carvalho:
– Já que o pinheiro é mais
alto do que eu, pretendo ser fortíssimo para resistir ás tempestades e
vendavais que costumam desafiar o reino vegetal.
O leão, por sua vez, rugiu:
– Quero ser o mais temido do reino animal para viver
bem sossegado.
Por último foi interrogada a violeta:
– Desejo ser a mais humilde
das flores. Menos resistente que o carvalho, porém muito delicada.
E o Senhor atendeu a todos os pedidos,
dando ainda à violeta o perfume da simplicidade que a torna encantadora.
Sobre a ambição
Só
de pó
Deus o fez.
Mas ele, em vez
de se conformar,
quis ser sol, e ser mar,
e ser céu... Ser tudo, enfim!
Mas nada pôde! E foi assim
que se pôs a chorar de furor...
Mas-ah! foi sobre sua própria dor
que as lágrimas tristes rolaram.
E o pó,
molhado, ficou sendo lodo – e
lodo só!
Guilherme de Almeida
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