O fim
O professor Jones vinha trabalhando na teoria do tempo havia
muitos anos.
– E eu descobri a equação-chave,
ele disse um dia à sua filha. – O tempo é um campo. Esta máquina que construí
pode manipular, e até reverter esse campo.
Apertando o botão enquanto falava, ele disse:
– Isto deve fazer o tempo andar
para trás trás para andar tempo o fazer deve isto”, disse ele, falava enquanto
botão o apertando.
– Campo este reverter mesmo até
e, manipular pode construí eu que máquina esta. Campo um é tempo o. Dia um
filha sua á ele disse, “chave-equação a descobri eu e”.
Anos muitos havia tempo do teoria na trabalhando vinha Jones
Professor o.
O solipsista
Walter B. Jehovah tinha sido
solipsista toda a sua vida. Não vou justificar o seu nome, pois este era
realmente o seu nome. Um solipsista, no caso de o leitor não conhecer a
palavra, é alguém que acredita que ele próprio é a única coisa que realmente
existe, que as outras pessoas e o universo em geral só existem na sua
imaginação, e que se ele deixasse de os imaginar estes também deixariam de
existir.
Um dia, Walter B. Jehovah começou a
ser solipsista praticante. No espaço de uma semana, a sua mulher fugiu com
outro homem, perdeu o seu emprego de expedidor e partiu uma perna quando
afugentava um gato preto para impedir que este se atravessasse no seu caminho.
Enquanto
estava de cama no hospital, decidiu acabar com tudo.
Olhou pela janela, contemplou as
estrelas, desejou que elas deixassem de existir e elas desapareceram. Depois,
desejou que todas as outras pessoas deixassem de existir e o hospital ficou
estranhamente silencioso, apesar de ser um hospital. A seguir, fez o mesmo ao
mundo, e encontrou-se suspenso num vazio. Livrou-se do seu corpo com a mesma
facilidade e depois deu o passo final, querendo que ele próprio deixasse de
existir.
Nada
aconteceu.
Estranho,
pensou, poderá haver um limite para o solipsismo?
“Sim”, disse uma voz.
“Quem és?”, perguntou Walter B. Jehovah.
“Sou aquele que criou o universo que
acabaste de querer que deixasse de existir. E agora que vieste substituir-me -
houve um suspiro profundo - posso finalmente deixar de existir, cair no
esquecimento e deixar-te ocupar o meu lugar.”
“Mas como
posso eu deixar de existir? É isso que estou a tentar fazer, sabes?”
“Sim, sei”, disse a voz. “Tens que
fazer como eu fiz. Cria um universo. Espera até que surja nele uma pessoa que
acredite realmente naquilo em que acreditaste e que queira que ele deixe de
existir. Depois podes retirar-te e deixá-la ocupar o teu lugar. Adeus!”
E a voz
desapareceu.
Walter B.
Jehovah estava sozinho no vazio e só havia uma coisa que ele podia fazer. Criou
o Céu e a Terra.
Levou sete
dias a fazê-lo.
A Resposta
Cerimoniosamente, Dwar Ev soldou com
ouro a última conexão. Os olhos de uma dezena de câmeras de televisão o observaram,
propagando para o universo inteiro uma dezena de imagens daquilo que fazia.
Com um aceno para Dwar Reun, ele se
ergueu e dirigiu-se para trás da chave cujo funcionamento faria o contato; o
comutador que poria em conexão simultânea todos os monstruosos sistemas de
computadores de cada um dos planetas populados do universo - noventa e seis
milhões ao todo - num circuito em que se comunicariam com o supercalculador, o
prodígio cibernético que reuniria todo o conhecimento de todas as galáxias.
Dwar Reyn fez uma breve introdução aos
trilhões de telespectadores e após uma breve pausa, disse:
– Dwar
Ev ... Agora!
Dwar Ev
acionou a chave. Houve um zumbido profundo, o desencadeamento da força de
noventa e seis bilhões de planetas. Luzes piscaram até ganhar firmeza, no
painel quilométrico.
Dwar Ev
recuou e aspirou profundamente.
– A
honra de fazer a primeira pergunta é sua, Dwar Reyn.
– Farei a pergunta que nenhum sistema
cibernético isolado foi capaz de responder até hoje.
– Deus
existe?
A poderosa voz respondeu sem
hesitação, e sem que se ouvisse o ruído de um disjuntor sequer.
– Sim, agora existe um Deus.
Um terror
súbito surgiu no rosto de Dwar Ev. Com um salto, tentou atingir o computador.
O relâmpago que desceu do céu sem
nuvens derrubou-o e fundiu definitivamente a chave de contato.
Escritor norte-americano Fredric Brown nascido a 29 de outubro de 1906
em Cincinnati, no estado do Ohio. Estudou à noite na Universidade de Cincinnati
e no Hanover College em Indiana, onde permaneceu um ano.
De 1925 a 1936 foi funcionário administrativo,
tendo-se tornado depois revisor de provas do Milwaukee Journal. Afiliou-se no Clube
de Escritores de Ficção de Milwaukee, juntamente com Robert Bloch, que viria a
editar, em 1977, uma coletânea dos seus contos.
Brown começou a sua carreira literária
escrevendo contos para publicações perecíveis, entre as décadas de 30
e 40. Em 1936 publicou contos humorísticos em periódicos técnicos e,
alguns anos mais tarde, optou por escrever contos policiais melhores dos quais foram
reunidos em
Angels And Spaceships (1954).
Consagrado como romancista, Brown dedicou-se
inteiramente à escrita em 1947. Dois anos depois publicou uma das suas obras mais
conhecidas, The Screaming Mimi (1949), uma revisitação da alegoria da Bela e do
Monstro, e que seria adaptada para cinema em 1958, com realização de Gerd Oswald.
Ele tornou-se célebre, sobretudo,
pelas suas colaborações nas séries televisivas de Alfred Hitchcock, Brown
faleceu a 11 de março de 1972.
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