O Judeu
Faltavam
apenas 6 cruzeiros e 50 centavos para ele descer do táxi. Já eram 800 cruzeiros
da noite e ele ainda não havia feito um bom negócio. Entrou num restaurante e
comeu 180 cruzeiros; tomou 1 cruzeiro de café e saiu 10% mais tarde. Na rua
encontrou uma belíssima mulher, trajada com 48 mil cruzeiros de joias. Há mais
de 2 milhões de cruzeiros que não via uma mulher tão elegante. Convidou-a para
um cinema. Ela regateou um pouco, mas por fim cedeu. Sentaram-se primeiro numa
confeitaria e bateram um papo de 250 cruzeiros. Depois assistiram a 72
cruzeiros de CinemaScope: namoraram 36 cruzeiros de entrada e o resto a longo
prazo. Um dia, decorridos 185 mil cruzeiros de vida em comum − terminaram
tudo, à vista.
O Encontro
O
telefone tocou, ele atendeu, marcaram encontro. Fez a barba, tomou banho,
vestiu-se. Há uma semana que não via a noiva e hoje era domingo, dia de ir ao
cinema com ela. Apertou o botão, esperou o elevador, desceu, alcançou a rua e
foi esperar o bonde. Fez baldeação e chegou lá duas horas depois. Meyer. Ainda
teve de esperar 40 minutos para que ela acabasse de se arrumar. Sua futura
sogra serviu-lhe um cafezinho na varanda, seu futuro sogro conversou com ele
sobre a situação internacional, depois leu um jornal, depois ela apareceu.
Saíram apressados. O cinema era logo ali na esquina. Foram correndo. Ele entrou
na fila e ela ficou esperando perto da portaria. 38 minutos depois, ele
apareceu com os ingressos na mão. Entraram. No salão escuro o vagalume indicou:
“um lugar”. Ela então correu e sentou.
Violência
Segurou
a moça pelo braço e fê-la deitar-se. Depois lhe deu vários puxões no pescoço.
Ela gritou. Ele não teve a menor reação. Passou a dar-lhe tapas no rosto. Ela
tentou retirar-se, mas ele segurou-a violentamente e colocou-a de costas.
Puxou-lhe as pernas, os braços, e começou a dar-lhe socos nas costas. Depois de
algum tempo, disse apenas:
− Agora pode ir.
Era massagista.
A dúvida
O
marido já não acreditava mais naquela história de dentista. Primeiro, era uma
vez por semana, depois, passou a três, e agora era todo dia. A desculpa não
variava nunca: “Querido, hoje vou ao dentista.” Foi por isso que resolveu tirar
a limpo. Quando a esposa se arrumou para sair, ele resolveu segui-la. Meia hora
depois, ela entrava num prédio, pegava um elevador e entrava num consultório de
dentista. E foi aí que ele passou a dormir tranquilo. E foi aí que ela passou a
ter mais liberdade para se encontrar com o dentista.
* Leon
Eliachar (Cairo, 12 de outubro de 1922 - Rio de Janeiro, 29 de maio
de 1987), humorista brasileiro nascido no Egito.
A morte
O
escritor Leon Eliachar foi assassinado com um tiro na cabeça em sua casa no Rio
de Janeiro, no dia 1º de junho de 1987. O mandante do crime foi José Alberto
Araújo, vereador e fazendeiro em Palmas, no interior do Paraná. Marido de Vera
Bini Araújo, com quem Eliachar mantinha um caso amoroso, era também uma pessoa
influente em sua cidade. José Alberto contratou dois pistoleiros para o crime.
Eles usaram uma mulher loira para atrair o jornalista e chegar até seu
apartamento.
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