segunda-feira, 19 de maio de 2014

Noel Rosa em Porto Alegre



Noel Rosa esteve em Porto Alegre e fez apresentações entre 29 de abril e 5 de maio de 1932 e, aqui, encontrou Lupicínio Rodrigues. Integrava o grupo Ases do Samba, do qual faziam parte Francisco Alves, Mário Reis, Lamartine Babo e o pianista Nonô. Trazido pelo empresário Kurt Batzdorf, o grupo se apresentou com grande sucesso nos cines Imperial e Carlos Gomes.


Na foto acima, a bordo do Itaquera,artistas cariocas que vieram para o show em Porto Alegre: em pé, da esquerda para a direita: um passageiro não identificado, sentados: Peri Cunha, bandolinista Mário Reis, Francisco Alves, Noel Rosa e o pianista Nonô (Romualdo Peixoto).*

Na ocasião, Francisco Alves visitou demoradamente a Redação do Correio.

O encontro de Noel Rosa com Lupicínio Rodrigues, segundo relato de Demóstenes Gonzales, amigo e biógrafo do compositor gaúcho, ocorreu em um bar, supostamente localizado onde hoje está o restaurante Copacabana, na esquina da Rua da Margem (atual João Alfredo) com a Avenida Venâncio Aires. Neste encontro, regado a aperitivos e cervejas, Noel Rosa, referindo-se a Lupicínio, teria profetizado: “Esse garoto é bom, esse garoto vai longe”.

Até amanhã, se Deus quiser...

Outra passagem curiosa da visita de Noel Rosa a Porto Alegre foi o flerte que virou paixão e inspirou Noel na composição do samba “Até Amanhã”. O namorico na véspera de regressar para o Rio com uma morena, moradora em frente à pensão em que o artista se hospedara em Porto Alegre, mexeu com a cabeça de Noel e serviu de mote para a composição. De suas janelas, separados pela rua e uma chuva intermitente, os dois trocaram olhares e, depois de um breve diálogo, a musa sumiu subitamente, deixando para inspirar o compositor, o cumprimento -até amanhã”.

*Em março de 1932, Chico Alves formava com Mário Reis e Lamartine Babo, os “Ases do Samba”. O sucesso conseguido em São Paulo levou-os a programar uma excursão ao Rio Grande do Sul. Mas surgiram problemas na escolha dos acompanhantes. Finalmente no dia 29 de abril, apresentaram-se em Porto Alegre, no Cine-Teatro Imperial: Chico Alves, Mário Reis, Noel Rosa, o pianista Nonô (Romualdo Peixoto) e o bandolinista Peri Cunha. A temporada estendeu-se por várias cidades do interior gaúcho, Florianópolis e Curitiba. Só voltaram ao Rio em Junho.

Até amanhã

(1933)

Até amanhã, se Deus quiser.
Se não chover, eu volto pra te ver, ó mulher.
De ti gosto mais que outra qualquer.
Não vou por gosto, o destino é quem quer.

Adeus é pra quem deixa a vida,
É sempre na certa que eu jogo.
Três palavras vou gritar por despedida:
“Até amanhã, até já, até logo”.

O mundo é um samba em que eu danço,
Sem nunca sair do meu trilho.
Vou cantando o teu nome sem descanso,
Pois do meu samba tu és o estribilho.

Eu sei me livrar do perigo,
Num golpe de azar eu não jogo.
É por isso que risonho eu te digo:
“Até amanhã, até já, até logo”.

Depois das exibições em Porto Alegre, o Ases do Samba encerrou sua temporada no Sul com apresentações em algumas cidades do Interior do Estado.




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