sábado, 17 de maio de 2014

Pequenos contos variados



Ambição

Na China antiga, Senrin, um eremita meio mágico vivia numa montanha rodeado de abundante vegetação.

Um belo dia, um velho amigo foi visitá-lo. Senrin, muito feliz por recebê-lo, ofereceu-lhe um jantar e um abrigo para a noite.

Na manhã seguinte, antes da partida do amigo, quis ofertar-lhe um presente. Tomou uma pedra e, com o dedo, converteu-a num bloco de ouro puro.

O amigo não ficou satisfeito. Senrin, então, apontou o dedo para uma rocha enorme, que também se transformou em ouro. O amigo, porém, continuava sem sorrir.

– Que queres, então? – indagou Senrin.

Respondeu-lhe o amigo:

– Eu quero esse dedo!

Não piores a situação

Uma senhora convidou um violonista famoso para tocar na festa de seu aniversário. Quando o violinista acabou a sua apresentação, todos o cercaram.

Um dos convidados dirigiu-se a ele com estas palavras:

– Tenho que ser honesto com você! Achei seu desempenho horrível!

Ao ouvir aquela crítica, a anfitriã quis salvar a situação e disse ao violinista:

– Não preste atenção a ele. Não sabe do que está falando. Apenas repete o que todo mundo diz.

Atitude

Uma mulher acordou uma manhã, após a quimioterapia, olhou-se no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça.

– Bom, ela disse, acho que vou trançar meus cabelos hoje.

Assim, ela fez e teve um dia maravilhoso.

No dia seguinte, ela acordou, olhou-se no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça.

– Humm, ela disse, acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje.

Assim ela fez e teve um dia magnífico.

No dia seguinte ela acordou, olhou-se no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça.

– Bem, ela disse, hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo.

Assim ela fez e teve um dia divertido.

No dia seguinte, ela acordou, olhou-se no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça.

– Yeeesss!!!, ela exclamou, hoje não tenho que pentear meu cabelo!

(Kelly Fagundes)

Eu saberei

O rapaz estava ajudando um velho a construir um muro na encosta de um morro. Já tinham cavado uma vala larga e funda para colocar as grandes pedras do alicerce que deviam sustentar o muro.

O velho era muito exigente na escolha de cada pedra e dos pedaços com que encher os vãos entre as pedras.

A ideia de encher as brechas abaixo da linha do solo irritava o rapaz.

– Quem vai saber que esses espaços estão cheios? - perguntou o rapaz.

O espanto do velho foi genuíno quando, a olhar o rapaz por cima dos óculos, disse:

– Ora essa!... Eu saberei... e você também!

(Hayda Pearson)


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