Chico por Leibholz
(Maranguape, CE, 12
de abril de 1931
Rio de Janeiro, RJ,
23 de março de 2012)
“Ninguém foi mais importante na
minha vida artística do que Haroldo Barbosa. Ele foi o primeiro a acreditar em
mim como autor de textos de humor”.
“Não faço humor em cima de hipóteses. Sempre encaro o fato real. E é bom que 'eles' tenham medo de mim. E tem mesmo que ter porque eu sou um advogado dos pobres e não alivio a barra de ninguém”.
“Claro que eu tenho depressão. Tive seis mulheres, nove filhos e dez netos. Se eu não tivesse depressão, teriam de me internar, porque eu seria um psicopata”.
“No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os
políticos têm medo do passado”.
“Para mim, há dois tipos de humor: o engraçado e o sem
graça. E eu fico com o primeiro”.
“As mulheres estão descobrindo que mulher é bom, coisa que
os homens já sabem há séculos.”
“Quem é casado há quarenta anos
com dona Maria não entende de casamento, entende de dona Maria. De casamento
entendo eu, que tive seis.”
“Não tenho medo de morrer. Tenho
pena.”
“Vou morrer no Projac, depois de
um diretor dizer: Corta. Valeu, Chico.
Eu direi: Que bom que valeu e morro em seguida. Será bonito.”
Quando nasceu Chico Anysio?
*“Eu sou muito ruim de datas, haja vista que nasci em 1931 e minha carteira garante ter sido em abril de 1929. Por ter minha irmã, Lupe Gigliotti, nascido no dia primeiro de julho de 29, e não sendo minha mãe um fenômeno capaz de gerar uma criança em dois meses e pouco, tudo fica por culpa do cartório de Maracanaú, que me mandou a certidão errada.
Aos dezesseis anos percebi que
oficialmente tinha dezoito. Com esta idade, aparentava treze anos, e ainda por
cima, pesava 43 quilos e calçava 41. Quando me apresentei ao exército eu fui a
grande sensação do evento, porque pela magreza e tamanho do pé, eu era um L.
Fiquei reservista de terceira. Mas, de qualquer modo, foi muito bom durante
muito tempo. Eu me vangloriava daqueles dois anos a mais que hoje grito estarem
errados. Sou de 31. Você entendeu? Eu nasci somente em mil novecentos e trinta
e um. Escutou bem? De 1929 não é a mãe, mas é a mana. Eu sou de 31. Ariano,
porque nasci no dia 12 de abril, às cinco da manhã, pois mamãe não queria
perder a missa das sete.”
E
vamos falar do mundo,
mundo
moderno
marco
malévolo
mesclando
mentiras
modificando
maneiras
mascarando
maracutaias
majestoso
manicômio
meu
monólogo mostra
mentiras,
mazelas, misérias, massacres
miscigenação
morticínio,
maior maldade mundial
madrugada,
matuto magro, macrocéfalo
mastiga
média morna
monta
matungo malhado
munindo
machado, martelo
mochila
murcha
margeia
mata maior
manhazinha
move moinho
moendo
macaxeira
mandioca
meio-dia
mata marreco
manjar
melhorzinho
meia-noite
mima mulherzinha mimosa
maria
morena
momento
maravilha
motivação
mútua
mas
monocórdia mesmice
muitos
migram
macilentos
maltrapilhos
morarão
modestamente
malocas
metropolitanas
mocambos
miseráveis
menos
moral
menos
mantimentos
mais
menosprezo
metade
morre
mundo
maligno
misturando
mendigos maltratados
menores
metralhados
militares
mandões
meretrizes
marafonas
mocinhas,
meras meninas,
mariposas
mortificando-se
moralmente
modestas
moças maculadas
mercenárias
mulheres marcadas
mundo
medíocre
milionários
montam mansões magníficas
melhor
mármore
mobília
mirabolante
máxima
megalomania
mordomo,
mercedez, motorista, mãos
magnatas
manobrando milhões
mas
maioria morre minguando!
moradia
meia-água, menos, marquise
mundo
maluco
máquina
mortífera
mundo
moderno melhore
melhore
mais
melhore
muito
melhore
mesmo
merecemos
maldito
mundo moderno
mundinho
merda!
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