domingo, 1 de junho de 2014

Chico Anysio



Chico por Leibholz

(Maranguape, CE, 12 de abril de 1931
Rio de Janeiro, RJ, 23 de março de 2012)

“Ninguém foi mais importante na minha vida artística do que Haroldo Barbosa. Ele foi o primeiro a acreditar em mim como autor de textos de humor”.

“Não faço humor em cima de hipóteses. Sempre encaro o fato real. E é bom que 'eles' tenham medo de mim. E tem mesmo que ter porque eu sou um advogado dos pobres e não alivio a barra de ninguém”.

“Claro que eu tenho depressão. Tive seis mulheres, nove filhos e dez netos. Se eu não tivesse depressão, teriam de me internar, porque eu seria um psicopata”.

“No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado”.

“O brasileiro só tem três problemas: café, almoço e janta”.

“Para mim, há dois tipos de humor: o engraçado e o sem graça. E eu fico com o primeiro”.

“As mulheres estão descobrindo que mulher é bom, coisa que os homens já sabem há séculos.”

“Quem é casado há quarenta anos com dona Maria não entende de casamento, entende de dona Maria. De casamento entendo eu, que tive seis.”

“Não tenho medo de morrer. Tenho pena.”

“Vou morrer no Projac, depois de um diretor dizer: Corta. Valeu, Chico. Eu direi: Que bom que valeu e morro em seguida. Será bonito.”

Quando nasceu Chico Anysio?

*“Eu sou muito ruim de datas, haja vista que nasci em 1931 e minha carteira garante ter sido em abril de 1929. Por ter minha irmã, Lupe Gigliotti, nascido no dia primeiro de julho de 29, e não sendo minha mãe um fenômeno capaz de gerar uma criança em dois meses e pouco, tudo fica por culpa do cartório de Maracanaú, que me mandou a certidão errada.

Aos dezesseis anos percebi que oficialmente tinha dezoito. Com esta idade, aparentava treze anos, e ainda por cima, pesava 43 quilos e calçava 41. Quando me apresentei ao exército eu fui a grande sensação do evento, porque pela magreza e tamanho do pé, eu era um L. Fiquei reservista de terceira. Mas, de qualquer modo, foi muito bom durante muito tempo. Eu me vangloriava daqueles dois anos a mais que hoje grito estarem errados. Sou de 31. Você entendeu? Eu nasci somente em mil novecentos e trinta e um. Escutou bem? De 1929 não é a mãe, mas é a mana. Eu sou de 31. Ariano, porque nasci no dia 12 de abril, às cinco da manhã, pois mamãe não queria perder a missa das sete.”


Monólogo Mundo Moderno

Chico Anysio

E vamos falar do mundo,
mundo moderno
marco malévolo
mesclando mentiras
modificando maneiras
mascarando maracutaias
majestoso manicômio
meu monólogo mostra
mentiras, mazelas, misérias, massacres
miscigenação
morticínio, maior maldade mundial
madrugada, matuto magro, macrocéfalo
mastiga média morna
monta matungo malhado
munindo machado, martelo
mochila murcha
margeia mata maior
manhazinha move moinho
moendo macaxeira
mandioca
meio-dia mata marreco
manjar melhorzinho
meia-noite mima mulherzinha mimosa
maria morena
momento maravilha
motivação mútua
mas monocórdia mesmice
muitos migram
macilentos
maltrapilhos
morarão modestamente
malocas metropolitanas
mocambos miseráveis
menos moral
menos mantimentos
mais menosprezo
metade morre
mundo maligno
misturando mendigos maltratados
menores metralhados
militares mandões
meretrizes marafonas
mocinhas, meras meninas,
mariposas
mortificando-se moralmente
modestas moças maculadas
mercenárias mulheres marcadas
mundo medíocre
milionários montam mansões magníficas
melhor mármore
mobília mirabolante
máxima megalomania
mordomo, mercedez, motorista, mãos
magnatas manobrando milhões
mas maioria morre minguando!
moradia meia-água, menos, marquise
mundo maluco
máquina mortífera
mundo moderno melhore
melhore mais
melhore muito
melhore mesmo
merecemos
maldito mundo moderno
mundinho merda!






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