Sócrates
(469 – 399 a.C.)
Augustus procurou Sócrates e
disse-lhe:
- Sócrates, preciso contar-lhe algo sobre alguém!
Você não imagina o que me contaram a respeito de...
Nem chegou a terminar a frase, quando
Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
- Espere um pouco, Augustus. O que vai me contar já
passou pelo crivo das três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras?
- Sim. A primeira, Augustus, é a da verdade. Você tem
certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?
- Não. Como posso saber? O que sei foi o que me
contaram!
- Então suas palavras já vazaram a primeira peneira.
Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que você vai me contar, gostaria
que os outros também dissessem a seu respeito?
- Não, Sócrates! Absolutamente, não!
- Então suas palavras vazaram, também, a segunda
peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo
necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma
coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa?
- Não, Sócrates... Passando pelo crivo das três peneiras,
compreendi que nada me resta do que iria contar.
E Sócrates sorrindo concluiu:
- Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu,
quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e
enterre tudo. Será uma coisa a menos para envenenar o ambiente e fomentar a
discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer
comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de
passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque:
Pessoas sábias falam sobre ideias;
Pessoas comuns falam sobre
coisas;
Pessoas medíocres falam sobre
pessoas.
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