Pois bem. Vinha por uma estrada o
nosso personagem. Um caipira que não queria nada com essa briga que eu falei. E
ele era paulista. Estava, portanto, em território dele. Eis que surge um
punhado de guerrilheiros, que o nosso caipira pensou ser de procedência
paulista. Engano! Era uma turma de mineiros à procura de paulista pra móde
descer, como lá diz o outro, o cacete!
Ao chegar perto do capiau, um dos
integrantes do grupo de mineiros perguntou:
‒ Ocê aí, capiau? Ocê é
paulista ou mineiro?
Caipira (pensando que eram paulistas):
‒ Ué. Eu sô polista quiném
ocêis. Tô na minha terra.
Foi só falar que era paulista e já
recebeu a primeira paulada da turma. E daí se seguiu um punhado de soco e
pontapé, até deixarem o coitado estendido.
Dali a pouco, já refeito e cheio de
hematomas, lá vai o nosso caipira pela estrada, quando surge agora outro grupo.
Desta vez, de paulistas.
‒ Ocê aí, caipira duma
figa. Ocê é paulista ou mineiro?
Caipira (pensando que era outro grupo
de mineiros):
‒ Eu? Eu sô das Minas
Gerais, uai!
Foi só falar e receber uma pancada
surda de cacete bem dada. E, como antes, porrada pra cá e pra lá, de todo o
jeito. Lá ficou o nosso bom capiau quase desacordado.
Dali a pouco, lá estava ele, pela estrada,
andando até com certa dificuldade, quando avista outro grupo de guerrilheiros
se aproximando. Mais do que depressa, procura uma árvore frondosa e nela se
atrepa pra se esconder da turma, pois já não saberia se era um grupo de
paulistas ou de mineiros. E apanhar de novo era o que ele não queria.
Pois bem. Ficou ali atrepado,
escondido, esperando que os marvados passassem direto. Mas qual! Pararam
justamente embaixo da tal árvore pra descansar ou fumar um de palha gostoso.
De repente, um dos guerrilheiros,
olhando distraidamente para o alto, ali descobre o nosso capiau atrepado. Chama
a atenção do grupo e, em voz de comando, pergunta ao capiau asperamente:
‒ Ocê aí? Ô capiau duma
figa. Diga pra gente aqui: ocê é paulista ou mineiro?
Então o nosso capiau responde com voz
tremida:
‒ Hein? Quem eu? Eu...
eu...sou... sou... Eu sou fruita!
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