sábado, 12 de setembro de 2015

A Linguagem do Amor



Casa-te

Fico triste quando não te vejo. Casa-te, por que não? E vem viver comigo. Eu te farei tão feliz quanto possa. Não precisarás trabalhar muito; e, quando estiveres cansada, poderás recostar em meu colo e eu cantarei para que descanses... Tocarei para ti uma melodia ao violino quantas vezes me pedires e tão bem quanto eu possa; e largarei de fumar, se o quiseres... Creio que eu sempre seria muito bom para ti, porque te amo muito. Não te farei trazer água e madeira, nem alimentar o porco, nem ordenhar a vaca, nem ir aos vizinhos pedir leite emprestado. Queres te casar?

(Carta de um pretendente norte-americano, século XIX)

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Meninas Travessas

As meninas travessas o espiavam,
Fitando algum tempo seu traje incomum;
Aí uma delas abaixou-se depressa na água,
Envergonhada porque um estranho a vira;
Mas a outra se ergueu mais alto,
E seus dois seios claros apareceram,
E tudo, que poderia atrair dele o coração quente
Para seus prazeres, ela a ele mostrou;
O resto escondeu embaixo, para que mais desejoso ficasse.

(Rainha das Fadas, Edmund Spenser, 1552-1599)

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Quando ela voltar para casa

Quando ela voltar para casa! De mil maneiras
Imagino a ternura
De minha alegre acolhida; sim, vibrarei
E a tocarei, como quando, nos velhos tempos,

Toquei suas mãos de menina, sem ousar erguer

Os olhos, tal era minha doce aflição.
Depois, o silêncio. E o perfume de seu vestido.
A sala oscilará um pouco e, por algum tempo,
Enevoados ficarão meus olhos – até mesmo minha alma.
E haverá lágrimas, sim. E um nó na garganta,
Por saber que tanto desmereço o lugar
Que seus braços preparam para mim. E o Tom soluçante
Acalmo com beijos, antes que a face lacrimosa
Mais uma vez se esconda no velho abraço.

(James Whitcomb Riley, 1849-1916)

Soneto

Que à união de espíritos puros
Eu não aceite impedimentos. Não é amor o amor
Que muda quando mudanças encontra,
Ou se curva a quem quer extingui-lo.
Oh, não! O amor é um marco eterno
Que inabalável enfrente as tormentas.
É a estrela de todo barco errante,
De brilho certo, mas valor inestimável.
O amor não é joguete do tempo, embora
Ao envelhecer os lábios nos entorte.
O amor não muda conforme o dia e a hora,
Mas chega inalterado até o fim dos tempos.
Se me provarem que isto está errado,
Então nunca escrevi nem ninguém jamais amou.

(William Shakespeare, 1564-1616)

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Um Aniversário

Meu coração é um pássaro canoro
Com o ninho em broto orvalhado;
Meu coração é uma macieira
Com os ramos pensos pesados de frutos;
Meu coração é um arco-íris
Brincando em um mar sereno;
Meu coração é mais feliz que tudo isso,
Porque meu amor chegou para mim.

Ergue-me um dossel de seda e lanugem;
Pendura-o com veios e corantes purpúreos;
Decora-o com pombas e romãs,
E pavões de centenas de olhos;
Borda-o com uvas de ouro e prata,
Em folhas de prata de flor-de-lis;
Porque o aniversário de minha vida
Chegou, meu amor chegou para mim.

(Christina Georgina Rosseti, 1830-1894)

(Texto e poemas do livro “A Linguagem do Amor”)

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