O Visconde
tossiu três pigarros e disse:
‒ Medir é uma das coisas mais
importantes da vida humana. A base da vida dos negócios e a medição. Acontece
que tempos atrás cada país tinha suas próprias medidas e isso provocava uma
trapalhada muito grande. Veio, então, a ideia de se organizarem medidas que
servissem para todos os povos – e os sábios começaram a estudar a questão.
Primeiro, trataram de achar a melhor medida para as coisas que têm comprimento:
o metro.
Depois, para medir as superfícies, arranjaram o metro quadrado e, para
medir os volumes, criaram o metro cúbico. Faltavam, ainda, uma
medida de capacidade, isto é, para as coisas líquidas ou esfareladas, e uma
medida para o peso. Para medir a capacidade, inventaram o litro; para a pesagem,
arranjaram o quilo ou quilograma, que se divide em mil
gramas.
‒ E para
medir terrenos? – perguntou Pedrinho.
‒ Medição de terreno é medição de
superfície. Um terreno é uma superfície de chão. A medida de superfície é, como
eu já disse, o metro quadrado. Para facilitar as coisas, os sábios deram a um
metro quadrado o nome de are.
‒ E as
medidas antigas, Visconde, não vai falar sobe elas?
‒ Não. Quem quiser medir coisas, use
o Sistema
Métrico Decimal arranjado pelos sábios. O mais é bobagem. Para que
estar enchendo a cabeça de vocês com coisas que já morreram?
‒ Bravos,
Visconde! Nós não somos cemitérios – concluiu Emília.
(Do livro Emília no
País da Gramática e Aritmética, de Monteiro Lobato)
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