Ladeira da Misericórdia
Por Felipe Lucena
Ladeira da
Misericórdia – século XIX
O Rio de Janeiro, entre muitas outras
coisas, é famoso por suas vias e avenidas que revelam inesquecíveis caminhos.
Tudo isso começou com a Ladeira da Misericórdia, a primeira rua pública da
Cidade Maravilhosa.
A Ladeira da Misericórdia foi aberta
no ano 1567, quando a cidade do Rio de Janeiro foi transferida do Morro Cara de
Cão, na Urca, para um local mais seguro, menos vulnerável e mais difícil de
sofrer invasões: o Morro do Castelo.
Tudo começou quando os homens
comandados por Estácio de Sá abriram um caminho chamado de Caminho de Manuel de
Brito, porque esse percurso se estendia mais ou menos até as terras
pertencentes a um homem que tinha esse nome.
Esse caminho foi o embrião da Ladeira
da Misericórdia, que começou a ser calçada e preparada para ser o principal
acesso ao Morro do Castelo, que nessa época se resumia a todo o território
físico que viria a ser a cidade do Rio de Janeiro. Nesse período, a rua tinha
cerca de 500 metros .
“Dois escravos e uma mula iam fazendo
o calçamento ‘pé de moleque’ da rua, que recebia esse nome por ser composto de
pedras irregulares, de tamanhos diferentes” frisou o geógrafo João Mello em uma
matéria do site do jornal O Globo.
A Ladeira da Misericórdia chegou a
ser chamada de Ladeira do Descanso, mas essa denominação não durou muito tempo.
Isso porque no largo da Ladeira ficava a Igreja da Misericórdia – também
chamada de Nossa Senhora de Bonsucesso.
Com muita história para ser contada,
a Ladeira da Misericórdia abrigou prédios de extrema importância para a
história do Brasil. No ano 1878, quando foram cadastrados e renumerados todos
os imóveis da cidade do Rio de Janeiro, a Ladeira da Misericórdia tinha onze
prédios.
Na Ladeira da Misericórdia funcionou
a primeira Alfândega, a primeira cadeia, a primeira câmara e o primeiro
tribunal da cidade do Rio. Em 1823 foi instalada, também, a primeira Assembleia
Constituinte do Brasil independente – o primeiro Legislativo Nacional.
Em 1922, a Ladeira da
Misericórdia praticamente acabou. Após a demolição do Morro Castelo sobrou
apenas uma parte da via: “Restaram 40 metros para ser sustentáculo da Igreja Nossa
Senhora de Bonsucesso” diz o geógrafo João Mello.
Ladeira da Misericórdia
por Halley Pacheco de Oliveira
“Hoje, resta apenas um pedaço da
Ladeira da Misericórdia, único remanescente da antiga ligação com o Morro do
Castelo e pode-se pensar que este pedaço da Ladeira, não leva a lugar algum,
mas não é verdade. Ela leva a um passeio àqueles tempos em que por ela subiam e
desciam os moradores do Morro do Castelo, levam aos primórdios desta cidade tão
grandiosa” destaca um trecho de um artigo do site de pesquisa Marcillio.com.
*Felipe Lucena é jornalista e também se arrisca em outras áreas do mundo
das palavras escritas. Filho de nordestinos, nasceu e foi criado na Zona Oeste
do Rio de Janeiro. Apesar da distância, sempre foi (e pretende continuar sendo)
um assíduo frequentador das mais diversas regiões da Cidade Maravilhosa.
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