segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

História da primeira rua do Rio de Janeiro

Ladeira da Misericórdia

Por Felipe Lucena


Ladeira da Misericórdia – século XIX

O Rio de Janeiro, entre muitas outras coisas, é famoso por suas vias e avenidas que revelam inesquecíveis caminhos. Tudo isso começou com a Ladeira da Misericórdia, a primeira rua pública da Cidade Maravilhosa.

A Ladeira da Misericórdia foi aberta no ano 1567, quando a cidade do Rio de Janeiro foi transferida do Morro Cara de Cão, na Urca, para um local mais seguro, menos vulnerável e mais difícil de sofrer invasões: o Morro do Castelo.

Tudo começou quando os homens comandados por Estácio de Sá abriram um caminho chamado de Caminho de Manuel de Brito, porque esse percurso se estendia mais ou menos até as terras pertencentes a um homem que tinha esse nome.

Esse caminho foi o embrião da Ladeira da Misericórdia, que começou a ser calçada e preparada para ser o principal acesso ao Morro do Castelo, que nessa época se resumia a todo o território físico que viria a ser a cidade do Rio de Janeiro. Nesse período, a rua tinha cerca de 500 metros.

“Dois escravos e uma mula iam fazendo o calçamento ‘pé de moleque’ da rua, que recebia esse nome por ser composto de pedras irregulares, de tamanhos diferentes” frisou o geógrafo João Mello em uma matéria do site do jornal O Globo.

A Ladeira da Misericórdia chegou a ser chamada de Ladeira do Descanso, mas essa denominação não durou muito tempo. Isso porque no largo da Ladeira ficava a Igreja da Misericórdia – também chamada de Nossa Senhora de Bonsucesso.

Com muita história para ser contada, a Ladeira da Misericórdia abrigou prédios de extrema importância para a história do Brasil. No ano 1878, quando foram cadastrados e renumerados todos os imóveis da cidade do Rio de Janeiro, a Ladeira da Misericórdia tinha onze prédios.

Na Ladeira da Misericórdia funcionou a primeira Alfândega, a primeira cadeia, a primeira câmara e o primeiro tribunal da cidade do Rio. Em 1823 foi instalada, também, a primeira Assembleia Constituinte do Brasil independente – o primeiro Legislativo Nacional.

Em 1922, a Ladeira da Misericórdia praticamente acabou. Após a demolição do Morro Castelo sobrou apenas uma parte da via: “Restaram 40 metros para ser sustentáculo da Igreja Nossa Senhora de Bonsucesso” diz o geógrafo João Mello.


Ladeira da Misericórdia por Halley Pacheco de Oliveira

“Hoje, resta apenas um pedaço da Ladeira da Misericórdia, único remanescente da antiga ligação com o Morro do Castelo e pode-se pensar que este pedaço da Ladeira, não leva a lugar algum, mas não é verdade. Ela leva a um passeio àqueles tempos em que por ela subiam e desciam os moradores do Morro do Castelo, levam aos primórdios desta cidade tão grandiosa” destaca um trecho de um artigo do site de pesquisa Marcillio.com.

*Felipe Lucena é jornalista e também se arrisca em outras áreas do mundo das palavras escritas. Filho de nordestinos, nasceu e foi criado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Apesar da distância, sempre foi (e pretende continuar sendo) um assíduo frequentador das mais diversas regiões da Cidade Maravilhosa.



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