quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Funeral de Dom Pedro II em Paris e a Légion d'Honneur



Nota:

→ D. Pedro II, em sua última fotografia, tirada já morto por Paul Nadar, podemos observar o soberano já bastante envelhecido, apesar de seus 66 anos.

Enquanto o corpo estava sendo preparado, o Conde d’Eu encontrou uma embalagem selada na sala, e próximo a ele uma mensagem escrita pelo próprio imperador:

“É o solo do meu país, eu desejo para ser colocado no meu caixão caso eu morra longe da minha pátria.”

O pacote, que continha o solo de cada província brasileira, foi devidamente colocado dentro do caixão.

História muito interessante e pouco conhecida.
  
Quando Dom Pedro II faleceu no exílio em Paris, ocorreu uma verdadeira disputa diplomática entre o Brasil e a França para decidir como e em quais circunstâncias Dom Pedro seria velado.

O governo republicano brasileiro não queria que o funeral de Dom Pedro fosse um evento oficial cercado de toda pompa e circunstância. Todos os pedidos feitos pelo governo brasileiro para não se realizar qualquer tipo de funeral oficial ou de apresentar publicamente a bandeira imperial foram simplesmente ignorados pelo governo francês.

Para evitar um incidente político/diplomático, o governo francês decidiu que o funeral seria oficialmente realizado pelo fato do Imperador ser Grã-cruz da Ordem da Legião de Honra (Légion d'Honneur), mas com as pompas devidas a um monarca. A sugestão de realizar um funeral de Chefe de Estado partiu do próprio Presidente francês Sadi Carnot. A Princesa Isabel desejava realizar uma cerimônia discreta e íntima para o enterro de seu pai, mas acabou concordando com a sugestão francesa.

O caixão, coberto com a bandeira imperial brasileira, deixou o Hotel Bedford, onde Dom Pedro faleceu no dia 5 de dezembro de 1891, sendo carregado por oito militares franceses.

No dia seguinte, 9 de dezembro de 1891, milhares de personalidades mundiais - incluindo cientistas, compositores, escritores (ex.: Eça de Queiroz e Alexandre Dumas), quase todos os membros da Academia Francesa, do Instituto de França, da Academia de Ciências Morais e da Academia de Belas-Artes, nobres da Europa, diplomatas do mundo todo, o Presidente do Senado francês, senadores e deputados franceses - compareceram a cerimônia realizada na Igreja de Madeleine em Paris.

Milhares de soldados franceses foram dispostos ao longo do caminho da procissão funerária e a carruagem que transportava o caixão foi escoltada por cuirassiers franceses (cavalaria pesada). De acordo com jornais franceses da época, e apesar da chuva fina incessante, cerca de 200.000 pessoas acompanharam o cortejo funerário.

Na foto abaixo, batida após a cerimônia, vemos a carruagem na porta da Igreja de Madeleine aguardando o caixão que está sendo carregado sobre as escadarias. A escolta de cuirassiers pode ser vista à direita da foto.


Caixão de Pedro II sendo carregado sobre as escadarias
 da Igreja da La Madeleine, 1891.

A Doença

→ D. Pedro II logo depois tomou uma longa viagem numa carruagem aberta ao longo do rio Sena, apesar de ter sido um dia muito frio.

→ Sentiu-se mal depois de voltar ao Hotel de Bedford naquela noite, pouco resfriado.

→ A doença evoluiu para pneumonia durante os dias seguintes.

→ Em 02 dezembro de 1891, não houve celebração do seu aniversário de nascimento, com a exceção da presença de familiares.

→ No entanto, mais tarde, ele recebeu vários visitantes franceses e brasileiros que tinham vindo para oferecer felicitações do aniversário.

→ Em 03 de dezembro de 1891, sua saúde subitamente piorou na manhã. Outros parentes e amigos foram vê-lo uma vez a notícia da gravidade da situação começou a se espalhar.

→ Em 04 de dezembro de 1891, o estado de saúde de D. Pedro II rapidamente piorou, ele recebeu o último sacramento do Abade Pierre-Jacques-Almeyre Le Rebours, padre de La Madeleine.

→ Naquela noite, a saúde de Pedro II começou a declinar.

Morte e Velórios

→ Em 05 de dezembro de 1891, França, Paris, na madrugada, as 0h35min, em seu quarto do Hotel Bedford, acompanhavam o Imperador, sua filha Dona Isabel com o esposo Conde D’Eu e os filhos Príncipes: Dom Pedro de Alcântara, Dom Luiz, Dom Antonio, Dom Pedro Augusto e Dom Augusto Leopoldo, suas irmãs Januária e Francisca com seus maridos (respectivamente, o Conde de Áquila e Príncipe de Joinville), além de inúmeros brasileiros que moravam em Paris ou que para lá foram seguindo-o no exílio.
  
→ Em um suspiro final Pedro II disse a todos:

“Que Deus conceda-me estes últimos desejos
 − paz e prosperidade para o Brasil...”

→ Falecendo em seguida. Morre Dom Pedro II em Paris, França, no exílio.

→ Ele estava tão enfraquecido que não sofreu nenhuma dor.

Certidão de Óbito

→ De acordo com a certidão de óbito a causa mortis foi pneumonia aguda no pulmão esquerdo.

O Trono

→ Dom Pedro II morreu sem abdicar, e a princesa Isabel herdou o direito ao trono do Império do Brasil.

O Direito

→ A princesa Isabel, solenemente, beijou as mãos de seu pai, e depois disso, todos os presentes, incluindo dezenas de brasileiros beijaram sua mão, reconhecendo-a como a Imperatriz de fato do Brasil.

→ O Barão do Rio Branco, que também estava presente, escreveu mais tarde:

“Os brasileiros, trinta e alguma coisa, foi na linha e, um por um, jogou água benta sobre o cadáver e beijou a mão que como eu fiz estavam dizendo adeus ao grande morto.”

→ O senador Gaspar da Silveira Martins chegou logo após a morte do Imperador e, quando viu o corpo de seu velho amigo, chorou convulsivamente.

Autópsia

→ A princesa Isabel recusou uma autópsia, o que permitiu que o corpo fosse embalsamado às 9 horas.

→ Dom Pedro II foi vestido com o uniforme de corte de Almirante da Armada do Brasil para representar sua posição como comandante-em-chefe das forças armadas brasileiras.

→ Em seu peito foram colocados a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a Ordem do Tosão de Ouro e a Ordem da Rosa.

→ Suas mãos segurava um crucifixo de prata enviada pelo Papa Leão XIII.

→ Duas bandeiras brasileiras cobriam suas pernas.

Terras das Províncias do Brasil

→ Enquanto o corpo estava sendo preparado, o Conde d’Eu encontrou uma embalagem selada na sala, e próximo a ele uma mensagem escrita pelo próprio imperador:

→ “É o solo do meu país, eu desejo Para ser colocado no meu caixão caso eu morra longe da minha Pátria.”

→ O pacote, que continha o solo de cada província brasileira, foi devidamente colocado dentro do caixão.

→ No final, tantas lutas, vitórias e decepções acabaram por cobrar seu preço ao homem que enxergava a pompa da realeza como um fardo e que certa vez disse:

“Se os brasileiros não me quiserem por imperador, serei professor”.

(Do Blog Império do Brasil)


5 comentários:

  1. Hoje em dia a figura de Dom Pedro II é reverenciada, quase idolatrada em minha cidade. Triste pensar que morreu tão longe do seu chão...

    ResponderExcluir
  2. E nunca recebeu suborno, era um estadista, homem generoso, honesto e leal.

    ResponderExcluir
  3. Estive em Santa Magdelaine, em Paris, porém, fiquei sabendo deste fato só agora.

    ResponderExcluir
  4. O Brasil tem que voltar a essas origens

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O Imperador Dom Pedro II foi o primeiro homem público a sofrer, no Brasil, um golpe efetuado por militares...

      Excluir