Golpe de
mestre
Um rei mau queria condenar à morte
injustamente um de seus servos por ele ser mudo. Depois de tê-lo acusado
falsamente de traição, anunciou, diante do povo crédulo, que daria a ele a
última chance de continuar vivo. Colocou diante dele dois pequenos pedaços de
papel dobrados e disse ao povo que neles havia a palavra “vida” em um e a
palavra “morte” em outro. O
jovem servo deveria escolher um deles e, assim, sua sorte estaria lançada.
Ao jovem, o rei disse em voz baixa
que ele não teria chance alguma, pois ambos os papéis tinham a inscrição
“morte” e que o papel escolhido seria apresentado diante do povo, ao passo que
o outro seria retido. O servo, então, pegou um dos papéis e o levantou para que
a multidão percebesse que ele o estava escolhendo.
Tendo feito isso, engoliu o papel,
forçando assim o rei apresentar ao povo o outro papel escrito “morte” e
fazê-los crer que ele havia escolhido o que estava escrito “vida”, e que, por
isso, deveria ser libertado.
O jogo
dos dedais
Há alguns anos era muito comum encontrarmos
no centro Santa Maria (RS), assim como em tantas outras cidades brasileiras, o
jogo dos dedais, onde uns espertalhões tomavam, com muita facilidade e rapidez,
o dinheiro dos que se aventuravam em apostas. Cabia aos vigaristas esconder uma
bolinha de espuma em um dos três dedais presos aos dedos de uma das suas mãos e
ao apostador descobrir em que dedal ela estava. O operador do jogo deslizava as
mãos sobre um tabuleiro ao mesmo tempo em que, com uma conversa fácil
convincente, desafiava os transeuntes a participarem do jogo. Os desavisados
paravam e observavam os movimentos dos dedais sobre a mesa, logo caíam na
tentação do dinheiro fácil, pois tinham a certeza de onde estava a bolinha. Não
adiantava, naquele jogo nunca se ganhava, sempre se perdia. Lembro-me que um
amigo aprendeu este jogo e o fazia, não por dinheiro, mas com brincadeira para
divertir os colegas, nunca acertávamos embora sempre tivéssemos certeza de onde
a bolinha se encontrava, ele virava o dedal e nada, a bolinha não se encontrava
ali, nos dava mais uma chance e mesmo assim nada. Nunca ganhamos, nunca ninguém
ganhou. O tempo passou e os tabuleiros de dedais sumiram, meu amigo, como todos
nós, ganhou idade, e perdeu a habilidade, nunca mais fez o jogo dos dedais, mas
também nunca não contou como nos enganava.
Jackson Sprada
Eu vi...
O garoto que enganou o malandro.
Em toda cidade grande sempre há
vigaristas, que trabalham em dupla, enganando pessoas burras e ambiciosas. Eles
usam a famosa jogatina de se colocar uma bolinha de espuma dentro de um dedal.
O manejador passa, relativamente rápido, três dedais em cima de uma mesa, e uma
pessoa da plateia aposta uma certa quantidade de dinheiro, tentando acertar em
qual dedal está a bolinha.
“Um homem da plateia”, que, claro, é o seu
cúmplice, aposta 10 reais e ganha! Aposta novamente e ganha. Outras pessoas,
vendo que o jogo não é tão difícil assim, também começam a apostar e, agora, a
perder...
Um dia, um garoto de uns 15 anos, de
pastinha embaixo do braço e óculos de grau, começou a observar o jogo e viu que
o manejador, na sua rapidez, sempre tirava a bolinha de todos os dedais. Ele
tinha uma incrível maneabilidade fazendo com que ela ora aparecesse, ora desaparecesse conforme a sua agilidade. Quando o comparsa apostava, havia
bolinha no dado apontado e ele, casualmente, sempre acertava. Quando alguém da
plateia apostava, ele, sutilmente, retirava a bolinha e, em qualquer dedal
apontado, nunca haveria prêmio, perdendo sempre.
Então, o garoto, largou a pasta no
chão, tirou 100 reais de sua mesada da carteira e resolveu arriscar. É claro
que a cada quantia proposta, o manejador tem que bancar pagando a mesma quantia
do apostador. O vigarista mexeu rapidamente os três dedais, deixando-os sobre a
mesa para que o garoto dissesse em qual deles estava a bolinha de espuma e perder,
pois em nenhuma deles ela estaria. 100 reais em cima de 100 reais. Começou a
juntar curiosos de todas as idades torcendo pelo guri corajoso. O garoto olhou
fixamente os dedais e antes que o picareta fizesse qualquer gesto ou movimento,
levantou os dedais da esquerda e da direita e disse que a bolinha estava no dedal
do meio. Pegou os 200 reais e se mandou!
(Esta cena eu vi
acontecer no centro de Porto Alegre...)
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