segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Golpes e Contragolpes



Golpe de mestre

Um rei mau queria condenar à morte injustamente um de seus servos por ele ser mudo. Depois de tê-lo acusado falsamente de traição, anunciou, diante do povo crédulo, que daria a ele a última chance de continuar vivo. Colocou diante dele dois pequenos pedaços de papel dobrados e disse ao povo que neles havia a palavra “vida” em um e a palavra “morte” em outro. O jovem servo deveria escolher um deles e, assim, sua sorte estaria lançada.

Ao jovem, o rei disse em voz baixa que ele não teria chance alguma, pois ambos os papéis tinham a inscrição “morte” e que o papel escolhido seria apresentado diante do povo, ao passo que o outro seria retido. O servo, então, pegou um dos papéis e o levantou para que a multidão percebesse que ele o estava escolhendo.

Tendo feito isso, engoliu o papel, forçando assim o rei apresentar ao povo o outro papel escrito “morte” e fazê-los crer que ele havia escolhido o que estava escrito “vida”, e que, por isso, deveria ser libertado.

O jogo dos dedais


Há alguns anos era muito comum encontrarmos no centro Santa Maria (RS), assim como em tantas outras cidades brasileiras, o jogo dos dedais, onde uns espertalhões tomavam, com muita facilidade e rapidez, o dinheiro dos que se aventuravam em apostas. Cabia aos vigaristas esconder uma bolinha de espuma em um dos três dedais presos aos dedos de uma das suas mãos e ao apostador descobrir em que dedal ela estava. O operador do jogo deslizava as mãos sobre um tabuleiro ao mesmo tempo em que, com uma conversa fácil convincente, desafiava os transeuntes a participarem do jogo. Os desavisados paravam e observavam os movimentos dos dedais sobre a mesa, logo caíam na tentação do dinheiro fácil, pois tinham a certeza de onde estava a bolinha. Não adiantava, naquele jogo nunca se ganhava, sempre se perdia. Lembro-me que um amigo aprendeu este jogo e o fazia, não por dinheiro, mas com brincadeira para divertir os colegas, nunca acertávamos embora sempre tivéssemos certeza de onde a bolinha se encontrava, ele virava o dedal e nada, a bolinha não se encontrava ali, nos dava mais uma chance e mesmo assim nada. Nunca ganhamos, nunca ninguém ganhou. O tempo passou e os tabuleiros de dedais sumiram, meu amigo, como todos nós, ganhou idade, e perdeu a habilidade, nunca mais fez o jogo dos dedais, mas também nunca não contou como nos enganava.

Jackson Sprada

 Mas um dia a sorte virou.

Eu vi...

O garoto que enganou o malandro.


Em toda cidade grande sempre há vigaristas, que trabalham em dupla, enganando pessoas burras e ambiciosas. Eles usam a famosa jogatina de se colocar uma bolinha de espuma dentro de um dedal. O manejador passa, relativamente rápido, três dedais em cima de uma mesa, e uma pessoa da plateia aposta uma certa quantidade de dinheiro, tentando acertar em qual dedal está a bolinha.

“Um homem da plateia”, que, claro, é o seu cúmplice, aposta 10 reais e ganha! Aposta novamente e ganha. Outras pessoas, vendo que o jogo não é tão difícil assim, também começam a apostar e, agora, a perder...

Um dia, um garoto de uns 15 anos, de pastinha embaixo do braço e óculos de grau, começou a observar o jogo e viu que o manejador, na sua rapidez, sempre tirava a bolinha de todos os dedais. Ele tinha uma incrível maneabilidade fazendo com que ela ora aparecesse, ora desaparecesse conforme a sua agilidade. Quando o comparsa apostava, havia bolinha no dado apontado e ele, casualmente, sempre acertava. Quando alguém da plateia apostava, ele, sutilmente, retirava a bolinha e, em qualquer dedal apontado, nunca haveria prêmio, perdendo sempre.

Então, o garoto, largou a pasta no chão, tirou 100 reais de sua mesada da carteira e resolveu arriscar. É claro que a cada quantia proposta, o manejador tem que bancar pagando a mesma quantia do apostador. O vigarista mexeu rapidamente os três dedais, deixando-os sobre a mesa para que o garoto dissesse em qual deles estava a bolinha de espuma e perder, pois em nenhuma deles ela estaria. 100 reais em cima de 100 reais. Começou a juntar curiosos de todas as idades torcendo pelo guri corajoso. O garoto olhou fixamente os dedais e antes que o picareta fizesse qualquer gesto ou movimento, levantou os dedais da esquerda e da direita e disse que a bolinha estava no dedal do meio. Pegou os 200 reais e se mandou!


(Esta cena eu vi acontecer no centro de Porto Alegre...)


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