sábado, 9 de dezembro de 2017

Contas a pagar dos Pablos



Contam que Pablo Neruda nunca tinha dinheiro nos bolsos. Quando ele acabava de jantar num restaurante, o dono aproximava-se da mesa com a conta, esperançoso e perguntava:

- O senhor vai pagar a conta ou assinar?


Pablo Picasso fazia uma mímica de procurar dinheiro nos bolsos e acabava assinando a nota, que o dono do restaurante mandava emoldurar e depois vendia como um Picasso autêntico, por muito mais do que o valor do jantar.

Quando a comida estava especialmente boa ou quando o grupo de Picasso era maior, ele, em vez de assinar a nota, fazia uma rápida pomba ou odalisca na toalha, que, mesmo com manchas de molho e vinho, passava a valer uma fortuna. Ou então improvisava uma escultura com rolhas, miolo de pão e palitos e a presenteava ao dono eufórico.

Certa vez, Picasso mandou a empregada fazer o rancho e lhe deu um desenho para pagar a conta. Um bico de pena razoavelmente bem acabado, pois a conta seria grande. Paga a conta, a empregada voltou com as compras e com um desenho horroroso feito num papel de embrulho, que entregou ao seu patrão. Embaixo, estava a assinatura: “Pinot”.

- O Monsieur Pinot, do armazém, mandou.

- Por quê?

- Ele disse que é o troco.

Naquele mesmo dia, Picasso fez questão de passar pelo armazém do Monsieur Pinot e o olhou com admiração. Finalmente, encontrara um ego maior do que o seu. 

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