quarta-feira, 7 de março de 2018

A História do Chico Diabo



José Francisco Lacerda, vulgo “Chico Diabo”, nasceu em Camaquã, Rio Grande do Sul, no ano de 1848 e morreu em Cerro Largo, RS, no ano de 1893. Foi um militar (cabo) brasileiro que lutou na Guerra do Paraguai e ficou famoso por ter matado o ditador paraguaio Francisco Solano López, na batalha de Cerro Corá, ocorrida em 1º de março de 1870.

Chico nasceu numa família de poucos recursos e, ainda menino, empregou-se na carniçaria de propriedade de um italiano, em São Lourenço do Sul, município vizinho à Camaquã, sua terra natal. Nessa carniçaria fabricava produtos como charque, linguiça e salame.

Em 1863, quando contava apenas 15 anos, Chico descuidou-se da vigilância e um cão entrou no recinto onde estava guardada a carne, devorando alguns pedaços. Ao tomar conhecimento do ocorrido pelo próprio Chico, o italiano passou a agredi-lo.

O menino tomou de uma faca usada no seu trabalho e matou seu patrão. De imediato, fugiu a pé para a casa de seus pais, onde chegou na manhã do dia seguinte, portanto caminhando um dia e uma noite sem parar para descanso.

Ao ver um vulto, ao longe, a mãe de Chico exclamou: “Garanto que é aquele diabinho que vem vindo”. Por causa desta frase, ganhou o apelido de “Chico Diabo” que o acompanharia pelo resto da vida.

Com medo de lincharem o filho, a família o manda para viver com o tio em Bagé (e quem mora no Sul sabe que Bagé é um bom lugar para se mandar gente que não quer ser encontrada), e dois anos após isso, um destacamento dos “Voluntários da Pátria” passa pelo lugar e o Chico resolve ir junto logo sendo promovido a cabo.


Chico Diabo, terceiro, em pé, da esquerda para a direita
 e Zacarias Pacheco, o corneteiro.

A morte de Solano Lopez


O feito de Chico Diabo foi tema de ilustração
em revista publicada na época.

(Foto: Semana Illustrada, nº 485, 27/03/1870)

“Emparelha com ele (Solano Lopez) José Francisco Lacerda, cabo de ordens de Joca Tavares, mais conhecido como Chico Diabo, e logo atrás o clarim Zacarias Pacheco, sem tirar o metal da boca, tocando avançar-carga sem parar um instante. Era um entusiasta de seu instrumento musical de guerra, e talvez quisesse destacar sua utilidade neste momento decisivo... Chico Diabo estende a lança contra o Presidente, este a desvia com a espada. A velocidade e árvores no percurso perturbam-lhe a defesa. O segundo lançaço, mais violento, não pôde ser esgrimido com a espada, mais curta e mais leve. Manejada com destreza, a arma terrível penetra-lhe abaixo do fígado, perfura suas entranhas, lá deixando, inexorável, os germens da morte. Solano López sente a dor precursora de seu fim! Firma-se no lombilho, apertando os joelhos contra o corpo do Mandiú para não ser derrubado, e dá uma estocada de espada no brasileiro como resposta e tamanha ousadia. O aço puro, menos longo do que a firme haste da lança, não alcança seu algoz, e o golpe desperdiça-se no espaço. Aproxima-se a todo galope do Marechal acuado o capitão provisório João Pedro Nunes pela esquerda, de espada erguida. O Presidente do Paraguai poderia nessa hora entregar-se; achava-se gravemente ferido, merecia ser tratado imediatamente pelos médicos. Repeliu a hipótese. Voltejando a espada dum lado para outro como que se resguardando de imprevisíveis golpes, perdendo sangue e urina através do atroz ferimento, ele é ainda o Marechal-Presidente do Paraguai soberano. Como um cavaleiro da Távola deposita sua fé em sua Excalibur. Sempre o mesmo clássico da guerra...”

Pós-Batalha:

Após o ferimento, dois oficiais paraguaios ainda tentam ajudá-lo a atravessar o rio Aquibadã, mas, pela falta de sangue, ele ficou no chão, onde cercado e foram dadas ordens de se render. Na segunda tentativa de fazer o ditador se entregar, o General Câmara mandou desarmar o Ditador, mas depois de resistência, esse foi alvejado nas costas por João Tavares (o coronel da tropa de Chico Diabo). No chão, o Ditador teve uma orelha arrancada, a ponta de um dedo, e sua mandíbula destruída por um terceiro soldado, que recolheu seus dentes.


O Túmulo de Solano Lopez foi cavado por Madame Lynch, que usou uma lança para cavá-lo, e teve ajuda apenas da filha menor. Atualmente, o corpo se encontra no “Panteão dos Heróis”, em Assunção.

Dom Pedro II não autorizou que Chico Diabo recebesse a medalha por bravura em combate.

Chico Diabo recebeu 100 vacas como recompensa, e de espólio pegou a adaga do Ditador feita de prata e ouro, que, por coincidência, tinha as mesmas iniciais dele “FL” (Francisco Lacerda-Francisco Lopes), sua lança se encontra no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.


Casou-se com sua Prima, e viveu como capataz até morrer no Uruguai a serviço de seu ex-Coronel. Para levar o corpo de volta ao Brasil, sua esposa/prima contratou um bandido uruguaio para contrabandear o corpo, Chico Diabo foi sepultado no cemitério da Guarda, esquecido até que, em 2002, ser reencontrado e receber uma lápide nova pelo Instituto do Patrimônio Histórico. 


Jazigo de Chico Diabo fica no Cemitério da Guarda, em Bagé, RS.

 (Foto: Arquivo/Jornal Folha do Sul Gaúcho)

“Não o vejo como herói”, 
diz tataraneta de cabo que matou Solano López.

Feito de Chico Diabo, como era conhecido, pôs fim à Guerra do Paraguai.
Herói ou vilão, personagem da história deixou descendentes em Bagé.

Caetano Freitas

Na história brasileira, ele é tratado como herói. Em território paraguaio, no entanto, é vilão e assassino. São visões distintas sobre o cabo José Francisco Lacerda, responsável pela morte do ditador Solano López, em 1870, durante a Batalha de Cerro Corá, na Guerra do Paraguai. Chico Diabo, como era conhecido, avançou sobre os inimigos e desferiu um golpe fulminante de lança de Solano, encerrando o conflito, que completou 150 anos.

José Francisco Lacerda nasceu em Camaquã, em 1848. Ganhou o apelido de “diabinho” da própria mãe quando ainda era adolescente. Aos 15 anos, teve de se mudar com os pais para Bagé, na Região da Campanha. Dois anos depois foi convidado pelo coronel Joca Tavares para integrar o contingente dos “Voluntários da Pátria” que lutariam na Guerra do Paraguai.

Assim começou a história mais conhecida de Chico Diabo que, cinco anos mais tarde, já promovido a cabo, foi o responsável por perseguir e matar Solano López, em março de 1870. Depois do golpe fatal de lança, o soldado João Soares acertou um tiro no ditador. Segundo relatos históricos, a última frase de Solano teria sido: “Morro pela minha pátria, com a espada na mão!”.

Chico Diabo ficou com uma faca de ouro e prata de Solano López. Por coincidência, a arma tinha as mesmas iniciais do seu nome: FL. Como recompensa, recebeu cabeças de gado e teve seu nome popularizado com a quadrinha “o cabo Chico Diabo, do diabo Chico deu cabo”.

Casou-se com uma prima, teve filhos e deixou descendentes em Bagé. “A lembrança que tenho é o que está escrito na história, o que a gente cresceu ouvindo, né? Dizem que ele atravessou com o cavalo no meio dos inimigos para matar o Solano”, conta ao G1 a tataraneta Carmen Lacerda Vargas.

“A história é muito interessante. São as nossas raízes. O que a gente sabe, porque nos contaram, era que o Solano era um ditador, um guerrilheiro paraguaio que invadia fazendas, matava crianças, mulheres, pegava os inimigos em emboscadas. Que ele era muito violento e difícil de ser encontrado. Aí em uma certa oportunidade na Guerra do Paraguai, o Chico o encontrou e o matou com um golpe de lança”, diz outro tataraneto Carlos Lacerda Mendes.

Mesmo sendo tratado como símbolo da Guerra do Paraguai, os próprios parentes têm dúvidas em relação às consequências do fato. “Não vejo ele como herói. Pela história sabemos que davam recompensa para quem capturasse Solano. Então, não acho que ele tenha sido um herói. Acho que ele queria o dinheiro, na verdade. Mas também não acho que ele tenha sido o vilão da história. Eram coisas da época”, reflete Carmen.

Chico faleceu em 1893 no Uruguai. Anos depois seus restos mortais foram recolhidos pela família no país vizinho e novamente enterrados no Cemitério da Guarda, em Bagé. O jazigo recebe cuidados até hoje e representa uma grande atração turística do município. A história da lança usada para matar Solano López está exposta no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
  
(Matéria do Rio Grande do Sul – RBS TV, dezembro de 2014)


O vereador Uílson Morais (PMDB), junto com sua equipe de trabalho e voluntários da ONG Fazenda Esperança, realizaram um trabalho de limpeza e conservação do Cemitério da Guarda em Bagé. Conforme o vereador, o local encontrava-se em estado de abandono, com inúmeros resíduos de lixo espalhados, além de grama alta.

As atividades incluíram pintura e restauração dos túmulos, em especial o de Francisco Lacerda, o “Chico Diabo”, responsável por atirar a lança que matou o ditador paraguaio Solano Lopes, em 1870, dando fim à Guerra do Paraguai. Morais ressalta que a próxima ação será no Cemitério dos Anjos, onde encontra-se sepultado outra personalidade histórica da região. Trata-se do “coronel maragato” Adão La Torre.


12 comentários:

  1. Sou descendente direto de Francisco Lacerda e muitos dizem que me assemelho muito com ele,para mim pessoalmente só em saber que em minha história tem um personagem tão obstinado e corajoso é no mínimo inspirador 😉😉😉

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    1. Amigo, sou genealogista, estou buscando documentos , batismo ou melhor casamento do "Chico Diabo" afim de escrever um artigo sobre os pais e avós dele . Se souber de alguma informação escreva para
      doglastrilhando@gmail.com

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    2. Amigo, o mais certo é ires ao município de Camaquã, local de nascimento de José Francisco Lacerda, Chico Diabo, e a Cerro Largo, local da sua morte, ambas cidades gaúchas, e solicitares os documentos desejados.

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  2. Pra quem gosta de História como eu, foi um verdadeiro banquete.

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  3. Solano Lopez que invadiu o Brasil e culminou na mortes de inocentes.
    É narrado aqui como herói?
    Que texto ridículo!

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    1. El no invadio fue a defender a uruguay de istedes miserables

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    2. Amigo, a Tríplice Aliança era composta por Argentina, Brasil e Uruguai contra o expansionismo de ditador paraguaio Solano Lopez. Não entendi a tua mensagem?

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  4. Ueliton, creio que não leste e também não entendeste nada do texto. Ele, o texto, fala do soldado brasileiro, de apelido Chico Diabo que, em campo de batalha, matou do ditador paraguaio Solano López. Ridículo é a tua ignorância!

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  5. Maravilhosa história, Chico foi mesmo um Herói.

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  6. Com toda certeza chico diabo é um herói! Se um soldado americano tivesse matado Adolf Hitler todos os anos ele seria lembrado com um grande herói 😂

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    1. Os partisans que mataram Benito Mussolini foram considerados heróis na Itália.

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