sexta-feira, 4 de maio de 2018

Lupicinianas



Lupicínio por Fraga

Lupicínio havia se separado de Dona Cerenita, sua esposa, e apesar de ser um boêmio contumaz, não se adaptou à vida de solteiro. Para que ela voltasse, resolveu, juntamente com alguns músicos amigos, fazer uma serenata para a mulher que conviveu tantos anos com ele. Fez a letra da música abaixo e com isso resolveu seu imbróglio romântico.


Dona Cerenita, Lupi e um casal de amigos,
numa festa na Igreja Santo Antônio.

 Volta

Quantas noites não durmo,
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas que a gente
Não pode explicar quando ama.
O calor das cobertas
Não me aquece direito,
Não há nada no mundo que possa
Afastar esse frio que trago no peito.
Volta, vem viver outra vez a meu lado,
Que eu não posso dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado.

§ § §

Hamilton Chaves, jornalista amigo de Lupicínio, estava noivando e, por isso, resolveu oferecer um churrasco aos amigos numa chácara em Belém Novo. Lupicínio, então, fez uma música para dar um conselho ao jovem casal. Após a apresentação da canção, quem não gostou nada foi a noiva que ficou visivelmente constrangida, pois a música é um convite à vida de solteiro. Hamilton, inclusive, ficou conhecido como Hamilton do “Esses moços”.


Lupi e Hamilton Chaves

 Esses moços

Esses moços,
Pobres moços,
Ah! se soubessem o que eu sei.
Não amavam, não passavam
Aquilo que eu já passei.
Por meus olhos,
Por meus sonhos,
Por meu sangue,
Tudo enfim,
É que eu peço
A esses moços
Que acredite em mim.
Se eles julgam que a um lindo futuro
Só o amor nesta vida conduz,
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno à procura de luz.
Eu também tive nos meus belos dias
Esta mania e muito me custou,
Pois só as mágoas trago hoje dia
E estas rugas que o amor me deixou.

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