domingo, 24 de junho de 2018

Duas versões para o mesmo poema



Soren Kierkegaard
(1813 - 1855)

Arriscar-se

Rir é arriscar-se a parecer doido,
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental,
Estender a mão é arriscar-se a comprometer-se,
Mostrar os seus sentimentos é arriscar-se a se expor,
Dar a conhecer as suas ideias, os seus sonhos,
é arriscar-se a ser rejeitado,
Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor,
Viver é arriscar-se a morrer,
Esperar é arriscar-se a desesperar,
Tentar é arriscar-se a falhar,
Mas devemos nos arriscar!
O maior perigo na vida está em não arriscar.
Aquele que não arrisca nada,
− Não faz nada!
− Não tem nada!
− Não é nada!

*****

Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer...
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.

Mas... é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...

Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver...
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas;
Abrem mão de sua liberdade.
Só a pessoa que se arrisca é livre...

“Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida...”

O dinamarquês Soren Kierkegaard foi um dos maiores pensadores de todos os tempos. Foi um dos primeiros filósofos a se colocar contra a secular tradição platônica de um mundo das ideias como modelo para o humano. Kierkegaard criticava a regra geral platônica e afirmava não desejar ser apaziguado em suas contradições de vida. Foi um pensador muito intenso e profundo. Sua obra versa sobre como cada pessoa deve viver, focando sobre a realidade humana concreta em relação ao pensamento abstrato, dando ênfase à importância da escolha e do compromisso pessoal. Suas obras lidam também com problemas religiosos , a fé e a ética cristã e teológica. A obra de Kierkegaard caracteriza o existencialismo cristão, em oposição ao existencialismo de Jean-Paul Sartre ou ao proto-existencialismo de Friedrich Nietzsche, ambos derivados de uma base ateística.

Ensinamentos:

“Que o caminhante adquira a sua alma na paciência.”

“A porta da felicidade abre só para o interior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais.”

“Que o caminhante que se dirige para o seu longínquo destino não se apresse no começo, mas, de cada vez que cai a noite, pacientemente descanse para poder continuar o caminho no dia seguinte; que aquele que carrega um pesado fardo não se esgote excessivamente no começo, mas, de vez em quando, deponha o fardo no chão, sentando-se ele mesmo ao seu lado, a fim de ganhar novas forças para o carregar; que aquele que trabalha pacientemente o seu campo espere pela chuva tardia e pela temporã até chegar a colheita. (...) Que o caminhante adquira a sua alma na paciência...”

“A angústia é a possibilidade da liberdade. É o medo dessa possibilidade. A angústia é o puro sentimento do possível. Se houver coragem de ir mais além, se constatará que a então realidade será muito mais leve do que era a possibilidade. E o grande salto será o mais difícil, será cair nas mãos de Deus, será a coragem.”

“A ansiedade é a vertigem da liberdade.”

“A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente. “

“Ame profunda e apaixonadamente. Você pode sair ferido, mas essa é a única maneira de viver a vida completamente.”

“A decepção mais comum é não escolhermos ou não podermos ser nós próprios, mas a forma mais profunda de decepção é escolhermos ser outro antes de nós próprios.”

“A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora.”

“A inveja é a admiração sem a esperança.”

“Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se definitivamente.”


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