Dois mil anos. E se elege o livro a
maior invenção da era. Nem a vacina, nem o computador, nem o relógio, sequer a
nave espacial. Mas um pacote de folhas ordenadas, cobertas de signos. Eis onde
culmina a saga da escrita, esta sim a mais importante das invenções, de tal
magnitude, que situa a própria saga humana: antes da escrita, Pré-história; só
depois da escrita.
Alfabeto → palavra formada pelos nomes dos dois primeiros sinais da
coleção de letras gregas: alfa e beta. Recentes descobertas sugerem que o
alfabeto pode ter nascido no Egito há 4.200 anos.
Biblioteca → coleção de livros. Alexandria, cidade do atual Egito,
ficou célebre pela sua: nenhuma outra na Antiguidade a superou em riqueza.
Chineses → e outros orientais desenvolveram a escrita por
ideograma: desenho de uma coisa ou combinação de coisas que resultam em novos
significados.
Digitar → neologismo informático, do latim digitus, dedo. Substitui datilografar – que se refere a máquina de
escrever −, significando o mesmo, e deriva do grego: escrever (gráphein) utilizando o dedo (dáktylos). É o progresso.
Escrita → busca representar a fala. Ao falarmos, usamos numerosos
níveis de estruturas, com sentenças, palavras, sílabas, entonações, contexto. A
saga da escrita é, em parte, a aventura das descobertas para representar com
fidelidade a fala.
Fidípides → mártir da notícia. Em 490 a .C., os gregos vencem os
persas na aldeia de Maratona. Milcíades encarrega-o de avisar a capital.
Fidípides corre 42.195
metros até Atenas. Chega, diz: “Vencemos” e cai morto. A
prova mais difícil e emocionante dos jogos olímpicos homenageia Fidípides: o
atleta deve correr 42.195 m .
Gutenberg → O ourives alemão funde tipos móveis de chumbo em 1436.
Ordena-os formando textos e leva-os à prensa de imprimir. Podem ser usados
indefinidamente. Livros e jornais se multiplicam. Começa o período da educação
moderna.
Hieroglifos → sinais da escrita egípcia. Ao invadir o Egito em
1798, Napoleão levou arqueólogos. Em Raschid (Roseta), encontraram uma pedra
com inscrição em três línguas: hieroglífica, demótica (egípcio popular) e
grega. Champollion (1790-1832) dedicou a vida a decifrar aquilo. Era a descrição
de assembleia de sacerdotes em 196: agradeciam benefícios do faraó Ptolomeu
Epifânio. O conhecimento sobre a Antiguidade deu um salto monumental.
Internet → neologismo inglês para rede (net) interligada (de computadores).
João Francisco de Azevedo → padre paraibano, inventou uma máquina
de escrever em 1861, doze anos antes da fabricação da primeira Remington.
Latim → língua-mãe dos irmãos português, catalão, espanhol,
francês, italiano, ladino (judeu romântico), provençal, romeno – todos
parecidos. Tome o numeral 5, quinque
em latim: espanhol, cinco; francês, cinq; italiano, cinque; português, cinco;
romeno, cinci.
Machado de Assis → o maior escritor brasileiro.
Notícia → No século 5
a .C., gregos copiaram método de chineses e egípcios para
acelerar a difusão: pombo-correio. Usavam-no para anunciar pela Grécia, em
poucas horas, os vencedores dos jogos olímpicos.
Oratória → dom de quem fala claro, convincente. Propaga-se para a
posteridade graças à escrita.
Papiro → planta da foz do Nilo, deu o primeiro papel 5 mil anos
atrás. Chineses aperfeiçoaram o processo, trançando fibras de linho.
Quirinal → Roma: nesse lugar se encontrou um vaso com inscrição
latina do século 6 a .C.
Romanos → davam valor à instrução. Mantinham escolas e professores
particulares. Sabiam da importância da linguagem para a dominação de outros
povos.
Sumérios → criaram o mais remoto sistema de escrita, a cuneiforme,
gravada com estilete em placas de argila. Dominaram a Mesopotâmia até 2000 a .C.
Tipografia → a primeira instalou-se no Brasil por ordem de D. João VI
em 1808, 372 anos depois dos tipos móveis de Gutenberg.
Universidade → nasce pelo fim da Idade Média, evolução das escolas
que existiam apenas em mosteiros e preparavam as pessoas para o sacerdócio.
Vogais → não existiam antigamente, só consoantes. Um gênio criou
signos para elas. Note o critério para a ordem a-e-i-o-u; no a, boca aberta, que vai fechando até o u.
Xanto → era dono do escravo grego Esopo, autor das fábulas que há
2600 anos instruem e divertem. Certo dia, Xanto quis almoçar o que houvesse de
melhor no mercado. Esopo trouxe língua, explicando: transmite ciência,
verdades. Xanto pediu, no dia seguinte, que cozinhasse o pior. Esopo trouxe
língua: transmite insultos, erros, provoca discórdia, guerras.
Zerar → recomeçar. Hoje você tem meios para guardar milhares de
informações, mas o mais perene é a escrita. Sem ela a humanidade não teria desenvolvido
essas modernas máquinas que armazenam e transmitem o conhecimento humano. Foi a
escrita que nos permitiu chegar aonde estamos.
Do “Brasil Almanaque
de Cultura Popular”
de Elifas Andreato e
João Rocha Rodrigues
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