(1945-1991)
Se me der um beijo eu gosto,
Se me der um tapa eu brigo,
Se me der um grito não calo,
Se me mandar calar mais eu falo,
Mas se me der a mão,
Claro, aperto,
Se for franco,
Direto e aberto,
Tô contigo, amigo e não abro.
Se me der um tapa eu brigo,
Se me der um grito não calo,
Se me mandar calar mais eu falo,
Mas se me der a mão,
Claro, aperto,
Se for franco,
Direto e aberto,
Tô contigo, amigo e não abro.
Vamos ver o diabo de perto,
Mas preste bem atenção, seu moço,
Não engulo a fruta e o caroço.
Minha vida é tutano, é osso.
Liberdade virou prisão.
Se é amor: deu e recebeu,
Se é suor: só o meu e o teu
Verbo “eu” pra mim já morreu.
Quem mandava em mim nem nasceu,
É viver e aprender.
Vá viver e entender, malandro,
Vai compreender,
Vá tratar de viver,
E se tentar me tolher é igual
Ao “fulano de tal” que taí...
Se é pra ir: vamos juntos.
Se não é já: não tô nem aqui.
Se não é já: não tô nem aqui.
A letra de “Recado”, composta e musicada
por Gonzaguinha, em 1978, em pleno regime militar, é um ato de rebeldia do
compositor, que dá um recado a todos os que queriam calar a sua voz (Se me
mandar calar mais eu falo). Mas, se o interlocutor tolher a liberdade do
compositor, ele será igual ao “fulano que está aí”, isto é, igual ao presidente-militar
da época (Geisel: 1974-1979).*
Ele espera do seu interlocutor, com
quem ele fala na música, que ambos sigam juntos na busca de novos tempos, com a
mais liberdade, que se não for conseguida já, ele não está nem aqui.
Ele iria, ainda, esperar por sete
anos...
*Já estava havendo, no Brasil, um
certo liberalismo da censura para a produção artística.
Gonzaguinha, no
Brasil de 1978: “Não tô nem aqui.”
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