Larissa Roso*
Apenas observando alguém, você
percebe que aquela pessoa está em um dia ruim: o amigo costumeiramente
comunicativo chegou para o almoço da turma mais retraído, com sorriso não tão
largo e o semblante mais tenso. Quando você acha um momento propício, sem tanta
gente à volta, aborda-o para uma conversa:
− Aconteceu
alguma coisa?
Sua capacidade de ler esses sinais
não verbais é um dos principais componentes da inteligência emocional, a
habilidade de identificar e regular as emoções em si mesmo e nos outros.
Indivíduos com alta inteligência emocional são capazes de nomear corretamente o
que sentem, entender o que os outros estão sentindo e agir de forma a
beneficiar os envolvidos. Trata-se de uma competência que vai sendo construída
desde o princípio da vida. Pense na criança que, sem querer, quebra o brinquedo
de um colega de escolinha. Frente à tristeza do outro, ela pega algo seu e dá
ao amigo, como forma de compensá-lo pela perda. Outro exemplo: você foi ríspido
no trato com seu parceiro. Pouco depois, percebe que ele ficou chateado e
retoma a conversa para recolocar o que gostaria de dizer, em outras palavras,
tentando fazer com que ele se sinta melhor.
− Quando as pessoas não têm alta
inteligência emocional, as emoções saem descontroladas. Elas podem ter um
ataque de raiva ou se isolar. Passamos por várias situações ao longo do nosso
dia que vão nos tirando da nossa linha de base. Algumas pessoas usam agressão
física, outras, gritos, ou então uma estratégia para resolver a situação,
acalmar a emoção e voltar à linha de base − explica a psicóloga Adriane
Arteche, doutora em Psicologia do Desenvolvimento e professora do programa de
pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio grande
do Sul (PUCRS).
(...)
− A empatia, a capacidade de se colocar
no lugar de alguém, entendendo seus sentimentos e perspectivas, é um dos
componentes-chave da inteligência emocional. Como melhorar nesse aspecto? Em
termos práticos, tem algo que todos nós podemos fazer: conversar com um
estranho uma vez por semana − é prática do ato de ouvir. É assim que começamos
a nos conectar com os outros, entendendo como eles veem o mundo e desafiando
nossos preconceitos e suposições.
(...)
E quando você estiver animado, tem de
aproveitar esse estado emocional, mesmo que seja só com você, mesmo que não
venha um elogio público. Precisamos usar esse material interno emocional para
nos alavancar.
*jornalista de Zero Hora
Em que perfil você se encaixa?
Pessoa com alto nível de inteligência emocional:
→ Sabe identificar corretamente as suas próprias emoções e
as das outras pessoas também.
→ Consegue regular seus
sentimentos. Não se trata de se impedir de senti-los, mas de saber manejá-los.
→ Faz a leitura não verbal do comportamento de quem a cerca.
→ Adapta-se aos diferentes ambientes,
interagindo de acordo com o que se exige em cada um deles.
→ É assertiva,* empática,* de fácil
acesso e atenta aos outros.
→ Sabe o momento certo para se
impor e para ceder.
→ Relaciona-se com facilidade.
→ Apresenta mais facilidades para
lidar com emoções intensas, suas e dos demais.
→ Tem bom humor e autocontrole.
→ Abraça tarefas difíceis sem
listar inúmeros impedimentos para realizá-los antes mesmo de saber exatamente
do que se trata.
→ Conhece-se bem, conseguindo
identificar seus maus momentos e evitando interações mais próximas ou tomadas
de decisão complexas nesses dias.
→ Enfrenta o dia a dia com mais
facilidade, tornando-se mais feliz.
Pessoa com baixo nível de inteligência emocional:
→ Não sabe ouvir, não estando
disponível ou apenas fazendo de conta que está prestando atenção no que está
lhe sendo dito.
→ Tem a sensação de que não é
entendida ou de que não consegue entender as outras pessoas.
→ É o indivíduo a quem se costuma
chamar de “difícil”.
→ Demonstra pouca ou nenhuma empatia
e não consegue se aproximar dos demais.
→ Pode ter dificuldade para lidar
com emoções intensas, suas e de terceiros.
→ Não estabelece uma conversa em
um nível de cooperação. Perde o prumo, grita, descontrola-se.
→ Enxerga apenas fatos e dados,
ignorando valores e emoções.
→ Utiliza-se da negação “escondendo” emoções
desagradáveis para não ter de encará-las e senti-las.
→ Tende a sofrer com alto nível
de estresse, o que pode acarretar adoecimento mental e físico.
*******
Fontes: Adriane Arteche, psicóloga,
doutora em psicologia do desenvolvimento e professora do programa de
pós-graduação em Psicologia da PUCRS, e Alessandra Rodrigues Gonzaga,
especialista em inteligência emocional, mestre em psicologia clínica e
coordenadora técnica do pós-MBA em inteligência emocional nas Organizações da
Universidade La Salle.
(Do caderno Vida,
jornal Zero Hora, novembro de 2018)
*Assertiva: Uma pessoa assertiva,
de acordo com a psicologia comportamental, consiste no modo seguro e confiante
de agir, ou seja, um indivíduo que está certo de suas ações, atitudes e
comportamento. Ainda de acordo com os estudos psicológicos, o comportamento das
pessoas pode ser dividido em quatro principais categorias: agressivo, passivo,
agressivo-passivo e o assertivo.
*Empática: É a pessoa quem tem uma
grande capacidade de compreender o psicológico de outras pessoas. É a
capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, com o objetivo de entender
seus sentimentos e perspectivas, e usar esse conhecimento para orientar nossas
ações.
Ineteligencia Emocional, na verdade é uma habilidade que alguns desevelvem e outros não.
ResponderExcluirMuito bom Texto