domingo, 18 de novembro de 2018

Inteligência emocional

Larissa Roso*


Apenas observando alguém, você percebe que aquela pessoa está em um dia ruim: o amigo costumeiramente comunicativo chegou para o almoço da turma mais retraído, com sorriso não tão largo e o semblante mais tenso. Quando você acha um momento propício, sem tanta gente à volta, aborda-o para uma conversa:

− Aconteceu alguma coisa?

Sua capacidade de ler esses sinais não verbais é um dos principais componentes da inteligência emocional, a habilidade de identificar e regular as emoções em si mesmo e nos outros. Indivíduos com alta inteligência emocional são capazes de nomear corretamente o que sentem, entender o que os outros estão sentindo e agir de forma a beneficiar os envolvidos. Trata-se de uma competência que vai sendo construída desde o princípio da vida. Pense na criança que, sem querer, quebra o brinquedo de um colega de escolinha. Frente à tristeza do outro, ela pega algo seu e dá ao amigo, como forma de compensá-lo pela perda. Outro exemplo: você foi ríspido no trato com seu parceiro. Pouco depois, percebe que ele ficou chateado e retoma a conversa para recolocar o que gostaria de dizer, em outras palavras, tentando fazer com que ele se sinta melhor.

− Quando as pessoas não têm alta inteligência emocional, as emoções saem descontroladas. Elas podem ter um ataque de raiva ou se isolar. Passamos por várias situações ao longo do nosso dia que vão nos tirando da nossa linha de base. Algumas pessoas usam agressão física, outras, gritos, ou então uma estratégia para resolver a situação, acalmar a emoção e voltar à linha de base − explica a psicóloga Adriane Arteche, doutora em Psicologia do Desenvolvimento e professora do programa de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio grande do Sul (PUCRS).

(...)

− A empatia, a capacidade de se colocar no lugar de alguém, entendendo seus sentimentos e perspectivas, é um dos componentes-chave da inteligência emocional. Como melhorar nesse aspecto? Em termos práticos, tem algo que todos nós podemos fazer: conversar com um estranho uma vez por semana − é prática do ato de ouvir. É assim que começamos a nos conectar com os outros, entendendo como eles veem o mundo e desafiando nossos preconceitos e suposições.

(...)

E quando você estiver animado, tem de aproveitar esse estado emocional, mesmo que seja só com você, mesmo que não venha um elogio público. Precisamos usar esse material interno emocional para nos alavancar.

*jornalista de Zero Hora


Em que perfil você se encaixa?

Pessoa com alto nível de inteligência emocional:

→ Sabe identificar corretamente as suas próprias emoções e as das outras pessoas também.

→ Consegue regular seus sentimentos. Não se trata de se impedir de senti-los, mas de saber manejá-los.

→ Faz a leitura não verbal do comportamento de quem a cerca.

→ Adapta-se aos diferentes ambientes, interagindo de acordo com o que se exige em cada um deles.

→ É assertiva,* empática,* de fácil acesso e atenta aos outros.

→ Sabe o momento certo para se impor e para ceder.

→ Relaciona-se com facilidade.

→ Apresenta mais facilidades para lidar com emoções intensas, suas e dos demais.

→ Tem bom humor e autocontrole.

→ Abraça tarefas difíceis sem listar inúmeros impedimentos para realizá-los antes mesmo de saber exatamente do que se trata.

→ Conhece-se bem, conseguindo identificar seus maus momentos e evitando interações mais próximas ou tomadas de decisão complexas nesses dias.

→ Enfrenta o dia a dia com mais facilidade, tornando-se mais feliz.

Pessoa com baixo nível de inteligência emocional:

→ Não sabe ouvir, não estando disponível ou apenas fazendo de conta que está prestando atenção no que está lhe sendo dito.

→ Tem a sensação de que não é entendida ou de que não consegue entender as outras pessoas.

→ É o indivíduo a quem se costuma chamar de “difícil”.

→ Demonstra pouca ou nenhuma empatia e não consegue se aproximar dos demais.

→ Pode ter dificuldade para lidar com emoções intensas, suas e de terceiros.

→ Não estabelece uma conversa em um nível de cooperação. Perde o prumo, grita, descontrola-se.

→ Enxerga apenas fatos e dados, ignorando valores e emoções.

 → Utiliza-se da negação “escondendo” emoções desagradáveis para não ter de encará-las e senti-las.

→ Tende a sofrer com alto nível de estresse, o que pode acarretar adoecimento mental e físico.

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Fontes: Adriane Arteche, psicóloga, doutora em psicologia do desenvolvimento e professora do programa de pós-graduação em Psicologia da PUCRS, e Alessandra Rodrigues Gonzaga, especialista em inteligência emocional, mestre em psicologia clínica e coordenadora técnica do pós-MBA em inteligência emocional nas Organizações da Universidade La Salle.

(Do caderno Vida, jornal Zero Hora, novembro de 2018)

*Assertiva: Uma pessoa assertiva, de acordo com a psicologia comportamental, consiste no modo seguro e confiante de agir, ou seja, um indivíduo que está certo de suas ações, atitudes e comportamento. Ainda de acordo com os estudos psicológicos, o comportamento das pessoas pode ser dividido em quatro principais categorias: agressivo, passivo, agressivo-passivo e o assertivo.

*Empática: É a pessoa quem tem uma grande capacidade de compreender o psicológico de outras pessoas. É a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, com o objetivo de entender seus sentimentos e perspectivas, e usar esse conhecimento para orientar nossas ações.

Um comentário:

  1. Ineteligencia Emocional, na verdade é uma habilidade que alguns desevelvem e outros não.
    Muito bom Texto

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