Quando o humorista Apparício Torelly,
o Barão de Itararé foi preso pelo Estado Novo, sendo encarcerado no presido na
rua Frei Caneca, Rio de Janeiro, onde permaneceria de março a dezembro de 1936.
Outros presos políticos haviam sido transferidos do navio-presídio, mas a
chegada do humorista, devido à sua popularidade, foi a que despertou maior
interesse.
“Mais tarde, a notícia da chegada do
Barão seria divulgada oficialmente pela ʽRádio Libertadoraʼ durante sua
programação. Improvisada graças à criatividade dos presos, a ʽrádioʼ era
gritada para as galerias. Da sua cela, Apporelly confortou os companheiros,
inquietos a respeito do que os esperava. Todo o seu otimismo baseava-se na sua
ʽteoria das duas probabilidadesʼ. Ali onde eles estavam não havia motivo para
receio, explicava. Que poderia acontecer? Duas coisas: ou seriam postos em
liberdade ou continuariam presos. Se fossem soltos, muito bem, era o que
queriam. Se os deixassem na prisão, permaneceriam sem processo ou com processo.
Se não fossem processados, melhor: poderiam ser soltos mais tarde. Se
processados, seriam julgados e, portanto, absolvidos ou condenados. Se fossem
absolvidos, ótimo. Se fossem condenados, seriam condenados à prisão ou então à
morte. Se ficassem na prisão, melhor: descansariam algum tempo à custa do
governo e iriam para a rua. Mas se fossem condenados à morte, seriam indultados
ou fuzilados. Se fossem indultados, excelente, não teriam com que se preocupar.
Mas se fossem fuzilados, ótimo, porque também não teriam mais com que se
preocupar.
A rádio era um artifício para manter
o moral elevado, circular informações ou simplesmente se distrair. Assim, todas
as noites, após o jantar, eles ouviam um dos presos, o médico Campos da Paz
Jr., eleito speaker devido à sua voz
possante, anunciar cada emissão com o slogan criado pelo Barão: ʽAgrade ou não
agrade, todos à grade para ouvir a PR-ANL − A Voz da Liberdade.ʼ A emissora,
ainda segundo Apporelly, transmitia em grande potência: ʽ1.600 velocípedes.ʼ”
(Do livro “Entre sem
bater − A vida de Apparício Torelly
O Barão de Itararé”de Cláudio Figueiredo)
O Barão por Edgar
Vasques
Nenhum comentário:
Postar um comentário