quarta-feira, 27 de março de 2019

Trovas humorísticas



Quem quiser tomar amores
Há de ser com a cozinheira
Que ela tem os beiços grossos
De lamber a frigideira.

O amor tem vista curta
E vê tudo de feição:
Diz quem é pálido o mulato,
Diz que é moreno o carvão.

Lá vai a lua saindo
Por detrás da pimenteira...
Já me dói o céu da boca
De beijar moça solteira.

Caboclo não vai pro céu
Nem que seja rezador.
Quem tem o cabelo duro
Espeta o Nosso Senhor...

Cabeça!... que desconsolo!
Cabeça!... força é dizê-lo:
Por fora não tem cabelo,
Por dentro não tem miolo.

Tu fumas; eu também fumo;
Ambos nos fumamos, pois...
Mas, tu fumas do meu fumo,
Portanto, eu fumo por dois...

Você quando tem presunto
Não me convida pra jantar,
Mas quando tem seu defunto
Me chama pra carregar.

Quando vires mulher magra,
Não tem mais que perguntar;
Se é casada, é ciumenta,
Se é solteira, quer casar.

Três coisas velhas são boas
Pote, sapato e café;
Três eu gosto bem fresquinhas,
Água, paçoca e mulher.

Não tenho medo de ti,
Nem da faca mais profunda;
Tenho medo, quando vejo
Perna grossa e cabeluda.

Uma coisa me admira
E me produz confusão:
É ver o vapor correr
Sem unha, sem pé, nem mão.
A Bahia é terra boa
Como outra mais não há.
Eu gosto dela de longe,
Eu aqui e ela lá...

Ceará é terra boa,
Mas não é terra pra mim.
É que a terra só é boa,
Mas é pra gente ruim.

Sempre seguro e breve,
É o meu juízo, dou fé,
Diga-me a cerveja que bebe
E lhe direi quem é.

Nem tudo que ronca é porco,
Nem tudo que berra é bode,
Nem tudo que luz é ouro,
Nem tudo falar se pode.

Teus vestidos eu acho
Mui decentes, minha prima:
São altos demais embaixo
São baixos demais em cima!

Não tenho medo de homem
Nem do ronco que ele tem:
O besouro também ronca,
Vai-se ver, não é ninguém.

Quem quiser ter vida longa
Fuja sempre que puder
De médico, boticário,
Melão, pepino e mulher.

Se me casar, ponho em casa
Tranqueira e chave de broca...
Com  mulher não há fiança,
Cobra se faz da minhoca.

Pancada dada de jeito
Mata sim, sem discussão.
Que farás tu, meu benzinho,
Tu que és um pancadão.

Não quero mais fazer roça
Que a sorte vem contra mim:
Planto cana, nasce alpiste.
Planto arroz, nasce capim.

Eu plantei um pé de couve
E nasceu um pé de quiabo;
As moças são para os moços,
As velhas, para o diabo.

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