Oswaldo Soares da Cunha
é poeta, pensador e filósofo. Nasceu em 25 de fevereiro de 1921, às margens do
rio Doce, em Baguari, município de Figueira do Rio Doce, hoje Governador
Valadares. Aliás, quando da mudança do nome para homenagear o governador de
Minas, Soares da Cunha fez protestos em versos, mas os bajuladores de plantão
não ouviram a voz do poeta. Seu interesse pela poesia e pelas trovas nasceu na
juventude, em Belo
Horizonte , quando recebeu um livro de trovas. Meu coração em
cantigas, do poeta Nilo Aparecido Pinto. Aí eu pensei, diz ele, vou fazer um
livro deste também. Seu primeiro livro foi Sangue da Alvorada. Depois vieram
vários: Rosa dos Ventos (poemas); Maria (trovas); Pastor das Nuvens (trovas);
Lua no Poço (trovas); Torre Sondra (trovas); Mínimas (pensamentos); Canção dos
Condenados da Mina (poemas); Livro das Trovas (coletânea); Trovas de Sêneca.
Amigos são todos eles
Como aves de arribação. Se faz bom tempo eles vêm Se faz mau tempo eles vão. Saudade sombra fantasma Coisa que bem não se explica: Algo de nós que alguém leva, Algo de alguém que nos fica. Qual menino sonhador eu fico às vezes pensando, que a borboleta é uma flor que gosta de andar voando.
Toda água que existia
sumiu dos sertões distantes, para brotar, em seguida, dos olhos dos retirantes!
Aos olhos cheios de afeto
da mãe que o viu pequenino seja qual for sua idade o filho é sempre um menino. |
Ir pelo campo entre os bois,
sem sapato nem chapéu mastigando capim verde e cuspindo azul do céu...
O arvoredo se arrepia,
amante dos mais sensíveis, quando a brisa o acaricia com seus dedos invisíveis.
Céu puro da minha infância,
ó céu das saudades minhas, vejo-te além, na distância, rabiscado de andorinhas!
Aquelas duas palmeiras,
que pena que dão de olhar: lado a lado a vida inteira, sem poderem se abraçar.
Eu vi de longe a palmeira
no meio do chapadão... Foi a imagem mais perfeita que eu vi da solidão. |
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