Embora alguns estudiosos queiram
atribuir a origem da palavra “moeda” aos fenícios, povo que deu origem ao
mercantilismo internacional, o mais provável é que o étimo provenha do latim
“moneta” − uma referência ao lugar onde os romanos cunhavam suas moedas: o
templo de Juno Moneta. O uso e a cunhagem de moedas, no entanto, era costume
anterior ao apogeu de Roma e remonta ao século VIII a.C. O rei Creso, da Lídia,
teria sido o primeiro a usar o ouro para cunhar suas moedas. No século III da
era Cristã, o ouro − devido à escassez e valor − caiu em desuso. Mas , no século
XII, o costume de utilizar o metal foi ressuscitado pelas moedas comerciais das
repúblicas italianas de Veneza e Florença. Em 1283, o doge Giovanni Dandolo (1280-1289)
cunhou em ouro a moeda chamada “zecchino” (de Zecca: Casa da Moeda). O zecchino
(imagem acima) − chamadas “sequin” em Portugal − tinha 3,5 gramas de ouro e
trazia a seguinte inscrição em latim: Sit
Tibi, Christie Datus Quem Tu Regis Iste Ducatus, que quer dizer: “Seja a
Ti, Cristo, dedicado esse Ducado” (“Ducado”, nesse caso, era a própria nação
que cunhara a moeda). Por causa disso, o zecchino ficou conhecido por ducado.
Durante cinco séculos, a moeda manteve o valor equivalente ao seu peso em ouro:
3,5 gramas .
Na Europa do século XVI, os preços
eram praticados em
ducados. Por exemplo: um quintal (ou 60 kg ) de pimenta valia cerca
de 35 ducados e um quintal de pau-brasil, 2,5 ducados (8,75 gramas de ouro).
Uma nau valia aproximadamente mil ducados (ou 3,5 kg de ouro) e uma arroba
(ou 15 kg )
de açúcar, meio ducado. Conforme dito neste livro*, Portugal pagou à Espanha
350 mil ducados (ou 1.200
kg de ouro) pela posse das ilhas Molucas.
O ducado circulava em Portugal, mas a
principal moeda da nação era o cruzado. Vinte e cinco cruzados valiam um
ducado. Embora a moeda circulante fosse o cruzado, a moeda de conta em Portugal
era o real (plural réis) − que não circulava mais desde fins do século XV. Um
cruzado valia 400 réis. Uma nau valia 25 mil cruzados e a sua artilharia
equivalia a dez mil cruzados. Um escravo negro valia cerca de três mil cruzados
e um nativo do Novo Mundo, 1 mil cruzados. A manutenção de um pelotão de 150
soldados durante um ano, em Angola, na África, custava 7,5 mil cruzados em
1536. Um serralheiro ganhava 175 cruzados por ano; um ferreiro, 150 e um
condutor de carroças, 25 cruzados anuais.
Havia muitas moedas em circulação em
Castela − entre elas a dobra, a onça, o dobrão e o peso. Mas a principal moeda
de contas era o maravedi (ou morabitino, maravedim ou ainda amaravidil), moeda
de origem árabe, cujo nome remete à dinastia dos Almoravides, que reinou na
Espanha. Os Reis Católicos Fernando e Isabel desvalorizaram 18 vezes o
maravedi. Ainda assim, 375 maravadis equivaliam a um ducado. Um maravedi valia
27 réis e um quintal de pau-brasil era vendido, em 1504, por 1.865 maravedis.
* “Náufragos, Traficantes e
Degredados – As Primeiras Expedições ao Brasil”, de Eduardo Bueno. Coleção
Terra Brasilis − Volume II − Objetiva.
(Do livro citado
acima)
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