Durante a II Guerra Mundial, afirmava
serem tantos os casos de brigas, ferimentos e homicídios ocorridos no município
onde tinha suas terras, que a maioria dos jovens da região para escapar de
tamanha violência, preferira alistar-se na FEB e proteger-se na Itália.
***
Presidente do clube de futebol de sua cidadezinha, assim o coronel descreveu, no Largo dos Medeiros, as ocorrências em jogo realizado com equipe visitante:
- ... Para alegrar a
festança, contratei a banda de música. Mas pediram muito dinheiro para se
apresentar o tempo todo. Aí propus pagar a metade do preço: tocariam apenas na
hora da abertura dos portões, no intervalo do match e quando saísse um golo,
mas tocaram tanto, que no final do jogo as clarinetas estavam rachadas e os tambores
furados. Os metais de sopro ficaram em brasa; para resfriá-los, tiveram que
pular o muro e fazer fila, a fim de trazer água em baldes do vizinho. O sujeito
da corneta criou papada de tanto assoprar, o maestro ficou de braço duro e
tiveram de dar oxigênio para o da tuba. O mais interessante aconteceu com o
tocador de pratos: pegou resfriado de tanto vento que apanhou.
***
O coronel Militão narrava a seleto
grupo, numa festa, como enfrentara certa cobra sucuri:
- ...Levantei a Winchester com todo
o cuidado, fiz a pontaria, descansei lentamente o dedo no gatilho...
Nesse instante, chamaram-no ao
telefone. Quinze minutos depois, quando Militão voltou, alguém lembrou:
- E daí, coronel, como é que terminou a história da Winchester?
- Onde é que eu estava mesmo?
- O senhor ia apertando o gatilho...
- Mas bah, tchê, nunca errei uma – exclamou Militão.
- Quando dei o tiro, foi pena pra tudo que é lado!
***
Determinada ocasião, pespegou tamanha
mentira que o ouvinte, farto de tudo aquilo, decidiu revidar:
- Pois o senhor sabe, coronel, uma vez eu também experimentei
o revólver em um bem-te-vi pousado numa árvore. Mirei bem e, quando ele cantou “bem...
eu, pá!, tirei o bico dele fora. O “...te vi” ficou preso na garganta, pois não
teve por onde sair.
Militão suspirou
fundo, olhou para o outro com ar triste e comentou, derrotado:
***
Militão,
em visita ao Rio de Janeiro, foi convidado para jantar solene na mansão de
milionário a quem conhecera recentemente. Terminada a cerimoniosa refeição,
passaram todos à confortável e espaçosa biblioteca. Não tardou muito e a
conversa recaiu sobre a famosa coleção de moedas do anfitrião. Tinha ele todas
as peças cunhadas no Brasil, desde a época colonial até os tempos atuais,
inclusive o império. Tranqüilo e imponente, o coronel disse ser também
numismata. Animado com a
presença de um colega, o dono da casa perguntou:
- O senhor também coleciona moedas brasileiras?
- Não – respondeu Militão, sereno. – As minhas são de
diversos países do mundo, bem antigas e variadas, algumas muito raras mesmo.
- E quais são elas? – interessou-se outro conviva.- O senhor certamente já leu a Bíblia, é claro – disse o
coronel. – Pois saiba que tenho, por exemplo, um dos trintas dinheiros pagos a
Judas para trair Cristo...
***
A pontaria do coronel era infalível. Sempre que via algum tico-tico pousado em cerca, cortava o arame a bala, justamente entre as patinhas do passarinho. Divertia-se depois com o bichinho tentando segurar as extremidades do fio recém-arrebentado...
(Renato Maciel de Sá Júnior. Anedotário da Rua
da Praia)
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