sexta-feira, 11 de setembro de 2020

A história do martelo

 

Um homem queria pendurar um quadro. O prego ele já tinha, só faltava o martelo. O vizinho possuía um, e o nosso homem resolveu ir até lá pedi-lo emprestado.

Mas, ficou em dúvida:

“E se o vizinho não quiser me emprestar o martelo? Ontem ele me cumprimentou meio secamente. Talvez estivesse com pressa. Mas isso devia ser só uma desculpa. Ele deve ter alguma coisa contra mim. Mas por quê? Eu não fiz nada! Ele deve estar imaginando coisas. Se alguém quisesse emprestar alguma ferramenta minha eu emprestaria imediatamente. Por que ele não quer me emprestar o martelo? Como é que alguém pode recusar um simples favor desses a um semelhante? Gente dessa laia só complica a nossa vida. Na certa, ele imagina que eu dependo dele só porque ele tem um martelo. Mas, agora chega!”

E correu até o apartamento do vizinho, tocou a campainha, o vizinho abriu a porta. Mas antes que pudesse dizer “Bom Dia”, o homem berrou:

− “Pode ficar com o seu martelo, seu imbecil!”

Do livro:

“Sempre pode piorar ou A arte de ser Infeliz”,

de Paul Watzlawick*

*Nesse livro, o autor, com refinada ironia, nos introduz na ciência e no jeito pessoal de 'tornar o cotidiano insuportável'. A sutil novidade de P. Watzlawick é o fato de mostrar que as pessoas engendram sua própria infelicidade − as circunstâncias mudam, mas todo o mundo teima em querer fazer 'mais' do mesmo.


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