quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Como se educa a “Molhadinha”

 

O coco do coco 

Aldir Blanc e Guinga 

Moça donzela não renega um bom coco,

Nem a mãe dela, nem as tia, nem madrinha.

Num coco toco quem faz muito e acha pouco,

Em rala-rala é que se educa a molhadinha*. (bis) 


Se tu não peca, meu bem, cai a peteca, neném,

Vira polícia da xereca da vizinha.

Se tu se guarda e não tem,

Tá encruada que nem ovo no cu da galinha. 


Não tem cinismo quem diz entre a santa e a meretriz.

Só muda a forma com que as duas se arreganha.

Eu só me queixo se criar teia de aranha,

Quem nega tá de manha ou faz pouco que gozou. 


No tempo em que casei de véu com meu marido,

Era virgem no ouvido e ele nunca reclamou,

Pra ser sincero eu acho que isso inté facilitou. 

O Coco do Coco, lançado originalmente em 1996 pela paraense Leila Pinheiro. E lá se vai para a fogueira mais uma obra artística atentatória da “moral e dos bons costumes. Não é só O Coco do Coco. Letrista visado pela censura da ditadura anterior, o carioca Aldir Blanc teria parte substancial de uma obra colossal destroçada pelos dentes arreganhados e o ouvido que tudo escuta do neofascismo popular brasileiro. Vale para as ásperas parcerias mais recentes com o também carioca Guinga, como O Coco do Coco, e para a série histórica de arranhões musicais dos anos 1970 e 1980 em dupla com o mineiro João Bosco. 

(Do blog Vermelho A esquerda bem informada) 

*Molhadinha é a... eu tinha o nome na ponta da língua... 

P.S. A gravação dessa música está na internet na voz de Leila Pinheiro. Linda embolada com melodia linda e letra  escrachada, mas um escracho muito elegante.


Nenhum comentário:

Postar um comentário