Taiguara
Hoje,
trago em meu corpo as marcas do meu tempo.
Meu
desespero, a vida num momento,
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo.
Hoje, trago no olhar imagens distorcidas.
Cores,
viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos.
Mas,
hoje, as minhas mãos enfraquecidas e vazias,
Procuram
nuas pelas luas, pelas ruas,
Na solidão das noites frias por você.
Hoje,
homens sem medo aportam no futuro.
Eu
tenho medo, acordo e te procuro,
Meu quarto escuro é inerte como a morte.
Hoje,
homens de aço esperam da ciência.
Eu
desespero e abraço a tua ausência,
Que é o que me resta, vivo em minha sorte.
Sorte,
eu não queria a juventude assim perdida,
Eu
não queria andar morrendo pela vida,
Eu não queria amar assim como eu te amei.
Sorte,
eu não queria a juventude assim perdida,
Eu
não queria andar morrendo pela vida,
Eu não queria amar assim como eu te amei.
A letra da música “Hoje” foi censurada, porque fazia alusão ao governo militar, à tortura (trago em meu corpo as marcas do meu tempo) e insinuava que a sociedade era infeliz sob o comando da ditadura militar. A música foi gravada por Taiguara no LP Hoje, em 1969, pela EMI-Odeon.
Taiguara
Possuidor de um marcante estilo de interpretação, romântico, intenso, até com uma certa tendência ao monumental, Taiguara firmou-se como um dos mais assíduos cantores de festivais, defendendo músicas suas ou de outros compositores, algumas delas premiadas (como “Modinha”, de Sérgio Bittencourt, e “Helena, Helena, Helena”, de Alberto Land).
Típico desse estilo é o seu maior sucesso, a balada “Hoje”, que canta sobre bela melodia o desabafo de um personagem desiludido com as agruras da vida e do amor: Mas, hoje / as minhas mãos enfraquecidas e vazias / procuram nuas, pelas luas, pelas ruas / na solidão das noites frias por você.”
Muito visado pela censura, Taiguara (Taiguara Chalar da Silva) teve sua popularidade em declínio ao terminar a era dos festivais, passando a se dedicar ao estudo musical com Hermeto Pascoal, com quem aprendeu a fazer arranjos.
Nascido no Uruguai, mas criado no Brasil, morreu aos 51 anos em 14.2.96 (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Extraído de http://cifrantiga3.blogspot.com.br/
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