terça-feira, 2 de novembro de 2021

Tira-teima

 Nilson Souza

 

Plínio é um nome masculino.

Gramática é palavra feminina.

E a primeira lição que ele ensina:

‒ Não se usa crase antes de palavra masculina.

Ela fulmina, sem rima:

‒ Trocadilho à Plínio Nunes.

 

Ele adora trocadilhar, ela adora complicar.

A vírgula, por exemplo. Ele dita:

‒ Separar vírgula do sujeito, jamais!

Ela contradita:

‒ E os sujeitos oracionais?

Que não faz, leva. Quem começa, termina.

 

Ele recorre ao hífen, em busca de autoestima.

‒ Com bem e mal, só tendo H ou vogal! ‒ avisa.

Ela ironiza:

‒ Bem-me-quer. Malmequer.

 

Ele questiona a mulher:

‒ Por que você sempre implica?

Ela replica:

‒ Quer saber mesmo o porquê?

Ele indica:

‒ Sim, diga por quê?

Ela, por fim, se explica:

‒ Implico porque gosto muito de você. 

******* 

(Prefácio do livro “À crase, os meus respeitos!”, de Plínio Nunes)

Nenhum comentário:

Postar um comentário