1888-1964
Casal Eugênia e Álvaro Moreyra por Alvarus-1920
Por um tostão se andava de
bonde;
por um tostão se mandava
carta;
por um tostão se tomava café,
lustrava as botinas, pagava
lápis,
pena, caderno, laranja-da-china.
Abacate, limão-doce,
tangerina.
Um pão era um tostão,
assim com um pirulito, um
pião,
uma mãe-benta, uma cocada,
um puxa-puxa, um pé de
moleque.
Quem tinha um tostão, tinha um sonho...
*****
[O homem] não possui nenhuma das virtudes que tornam os burros animais exemplares: a paciência, a compreensão, a bondade. Tenho conhecido muitos homens burros. Ainda não conheci um burro homem.
*****
[Em seu 11° dia de prisão, em 1939, numa cela com outro opositor de Getúlio Vargas]: Hoje entrou um espelho aqui. Foi uma alegria: o cubículo se encheu de caras conhecidas.
[Sua resposta ao carcereiro quando este lhe disse que, a partir daquele momento, era um homem livre]: Sempre fui, principalmente nos dias que passei aqui.
Não nasci para chefe. Chefe manda. Eu peço. Peço que não me mandem.
Do livro: “As vozes da
Metrópole – Uma antologia do Rio dos anos
Álvaro Moreyra (Álvaro Maria da Soledade Pinto da Fonseca Velhinho Rodrigues Moreira da Silva), poeta, cronista e jornalista, nasceu em Porto Alegre, RS, em 23 de novembro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de setembro de 1964.
Quarto ocupante da Cadeira 21, eleito em 13 de agosto de 1959, na sucessão de Olegário Mariano e recebido pelo Acadêmico Múcio Leão em 23 de novembro de 1959.
Dedicando-se à crônica, a partir de 1942, teve destacada atuação no rádio brasileiro, pois além de escrever também interpretava ao microfone sua produção. Esteve na Rádio Cruzeiro do Sul, entre 1942 e 1945, passando, a seguir, a trabalhar na Rádio Globo, onde se celebrizou por sua participação no programa “Conversa em Família”. Depois passou a apresentar o “Bom-dia, Amigos”, uma crônica diária de cinco minutos, que ele transformou num recado de bom-humor, alegria, conselho, poesia e, sobretudo, de humanismo.
Em 1958, recebeu o prêmio do melhor disco de poesia com os “Pregões do Rio de Janeiro”. Era membro da Fundação Graça Aranha, da Sociedade Felipe d’Oliveira, da Academia Carioca de Letras e do Pen Clube do Brasil.
Álvaro Moreyra era casado com Dª Eugênia Álvaro Moreira, líder feminista, e a residência do casal em Copacabana era ponto de encontro de escritores e intelectuais que moravam na cidade ou visitantes.
(Do Blog da Academia Brasileira de Letras)
Nenhum comentário:
Postar um comentário