sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Todos merecem um elogio

 

Numa cidade vivia um homem que todos diziam ser o protótipo da maldade. Ele morava sozinho, não tinha amigos, não permitia que ninguém passasse em sua calçada, detestava animais, quando a bola dos garotos caía em seu quintal, ele a furava, e, por isso, todo mundo dizia que, quando ele morresse, não haveria quatro pessoas para carregar seu caixão. 

Na mesma cidade, vivia outro cidadão que tinha uma peculiaridade: gostava de acompanhar todos os enterros que ali ocorriam e no cemitério fazia questão de, antes do caixão descer ao túmulo, enaltecer as qualidades do falecido. 

Um dia, nosso primeiro personagem, o homem ruim, morreu. E na cidade onde havia corrido o dito de que não haveria quatro homens para carregar seu caixão, o que aconteceu? Foi o enterro mais concorrido de que já haviam tido notícia, não pelo morto, e sim por aquele nosso outro personagem que costumava fazer discursos elogiosos aos mortos. Todos queriam ouvir as qualidades que ele tinha para enaltecer no morto. 

A população compareceu em peso ao cemitério e, na hora que o caixão desceu ao túmulo, todos os olhos se voltaram para o homem que elogiava. 

E ele disse: 

‒ Coitado, ele assobiava tão bem… 

Por pior que seja a pessoa, sempre há alguma coisa para se elogiar nela. 

Autor desconhecido

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