quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Como se formar num ensino inútil

 

“O que se sabe não tem valor em si mesmo.

O valor está no que se faz com o que se sabe”. 

Filosofia Kung Fu

O mercado de trabalho está precário e os jovens estão lutando por um lugar ao sol. Reproduzimos uma pequena história que parece ter ocorrido na velha China. 

Certo pai, impossibilitado de arranjar emprego para o filho, resolveu matriculá-lo numa universidade muito distante, onde se ensinava a “arte de matar dragões”. 

Primeiro a licenciatura, depois o mestrado e por fim o doutoramento... o filho regressou à casa paterna cheio de projetos e ávido de pôr em prática o que aprendera. 

Um dia, em amena conversa com o pai, ambos chegaram à conclusão de que, afinal, a existência de dragões não passava de pura lenda. 

E agora o que fazer? Tiveram um brilhante ideia: abrir na aldeia uma escola para ensinar a “arte de matar dragões”. Se bem o pensaram, melhor o fizeram. 

Foram tantas as inscrições que a escola ficou superlotada, havendo necessidade de, no ano seguinte, fixar “numerus clausus”*. 

E agora, presumimos nós, de certeza que muitos alunos, no final do curso, ao depararem com a elevada carência de emprego, abriram, também eles, escolas nas suas aldeias para aí ensinar a “arte de matar dragões”... e, provavelmente, com “numerus clausus”. 

******* 

Do livro “Guia do animador”,

de Paulo Trindade Ferreira 

*Numerus clausus “Número fechado”. Lista taxativa. Rol taxativo, não exemplificativo. Restrito aos itens do conteúdo, proibida a adição de novos itens, ou de novas hipóteses. Limite máximo estabelecido de indivíduos ou entidades que podem ser admitidos num organismo ou instituição (ex.: houve aumento do numerus clausus nas faculdades de medicina).

Nenhum comentário:

Postar um comentário