terça-feira, 6 de abril de 2021

Os oito passos da resiliência

 Por Aline Custódio

O RESILIEIGTH foi criado a partir da pesquisa COVIDPsiq, desenvolvido pela UFSM, que entrevistou mais de 3 mil pessoas durante a pandemia de coronavírus. É um programa de reforço da resiliência a fim de promover a saúde mental e prevenir transtornos mentais decorrentes de situações de estresse e trauma. 

As recomendações são embasadas em diversos estudos sobre a resiliência em desastres, incluindo a experiência a partir do incêndio da boate Kiss, e são da tese de doutorado do psiquiatra Vitor Calegaro. 

1) Mantenha o corpo sadio 

Tenha hábitos saudáveis e pratique exercícios físicos. As pessoas que praticam exercícios tendem a ser mais resilientes. Consuma produtos naturais. Evite o consumo de substâncias, lícitas ou ilícitas. Não deixe de fazer os tratamentos médicos em razão da pandemia. 

2) Respeite os seus ritmos 

É preciso organizar a rotina, inclusive, para as atividades de lazer e para descanso. Temos os ritmos biológicos, como a alimentação, o sono, o ciclo menstrual e o sexo, que exigem determinado tempo para cada atividade. Também existem os ritmos sociais, como finais de semana e períodos de férias. Não se deve trocar a noite pelo dia, por exemplo. 

3) Foque em emoções e pensamentos positivos – reconhecer as emoções 

Pare. Relaxe. Contemple. Pode ser feito em qualquer lugar, basta estar atento ao que está ocorrendo no presente, dentro e fora de si. As nossas emoções colorem as experiências. Os pensamentos dão significado a elas. Foque nas emoções positivas. Lembre-se que tudo tem dois lados, procure ver o lado bom, mesmo nas experiências mais difíceis. Tudo passa. Evite as distorções de pensamentos: leitura mental (“eu sei o que estão pensando de mim”), generalização (“vai dar tudo errado, sempre”), catastrofização (“se eu pegar aquele avião, ele vai cair”) e culpabilização (“foi tudo culpa minha”). 

4) Tenha um propósito de vida 

Propósito é algo mais do que ter objetivos. Se ainda não há um propósito definido na vida, invente, tente, tenha sonhos e metas claras e realistas. Se errar, aceite os erros e procure acertar na próxima vez. Planeje e execute as ações porque ninguém fará por você. É preciso ter iniciativa e persistência. 

5) Cultive relacionamentos saudáveis 

É preciso ser tolerante e empático. Procure perceber as necessidades dos outros. Evite julgar. Conheça pessoas diferentes. Tenha compaixão e tolerância. Livre-se de relacionamentos tóxicos. Não se isole e amplie as suas relações. 

6) Invista em recursos internos 

Tenha uma mente limpa, ativa, atenta e preparada. Alimente o cérebro, desenvolva habilidades, evite a sobrecarga de informações, restrinja o uso do celular, limite o uso das redes sociais, invista em conhecimento e prepare-se para as adversidades da vida, mesmo que elas não ocorram. 

7) Aceite e agradeça 

Viva um dia depois do outro. Agradeça por quem você é, não se recrimine por não ser tão amado como gostaria, aceite os seus defeitos, mas conheça as suas qualidades, aceite o que não pode ser mudado e mude o que é possível. Você é único e especial. Em algum momento, é preciso aceitar e seguir adiante. O passado é uma memória, e do futuro nada sabemos. Viva o momento presente, que é o único que existe. Quando houver perdas, agradeça pelo que ainda tem. 

8) Acredite 

As crenças nos ajudam a dar sentido à vida e dão suporte, pois nem tudo é compreendido pela razão. Você pode ter fé numa religião, numa crença espiritual ou pessoal, e é preciso ter tolerância com as crenças diferentes. Cada um tem razão para acreditar. Ter uma crença dará força para suportar. Nem toda a crença ajuda, algumas até pioram a situação. Então, como saber se a sua fé te ajuda? Quando ela te dá paz. 

(Em Zero Hora, abril de 2021)

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