segunda-feira, 30 de junho de 2014

Duelo Bento Gonçalves x Onofre Pires



Decorrido um ano da morte de Antônio Paulino, o Exército acampou em Topador atual nas pontas do Sarandi, próximo a Santana, atual. Onofre Pires falava abertamente tudo o que sentia em relação a Bento Gonçalves e no seio da tropa.

Bento, em carta, pediu que Onofre confirmasse ou não, por escrito, as acusações ofensivas à sua honra feitas em presença de terceiros. Onofre logo respondeu no outro dia confirmando, abrindo mão de suas imunidades parlamentares e colocando-se à disposição de Bento no local que este saberia encontrá-lo. Isto equivalia a um duelo, hipótese desejada por Onofre Pires que levava grande vantagem no seu porte atlético e com menos 10 anos de idade (44 x 54 anos). Bento Gonçalves procurou Onofre Pires e o desafiou para o duelo. Juntos afastaram-se meia légua - dia 27 de fevereiro de 1844.

Chegando ao local, entre outras trocas de palavras, Bento falou a Onofre que não tinha mandado matar Paulino da Fontoura. E se tivesse necessidade teria recorrido a um duelo como agora faria com ele.

Mesmo antes do duelo, Bento já dominava com seu carisma, o temperamental primo que ali servia de instrumento de terceiros, talvez até inconscientemente.

Iniciado o combate, Bento atingiu Onofre no antebraço direito o que interrompeu o duelo. O fato sem testemunhas tem provocado diversas versões.

Sobre esta, escreveu mais tarde o brigadeiro imperial José Gomes Portinho que fora destacado líder militar farrapo e insuspeito por amigo e cunhado de Antônio Vicente da Fontoura.

“Onofre foi ferido no braço direito. O mesmo Bento Gonçalves tratou da ferida, atando-a com seu próprio lenço, sendo Onofre conduzido para o campo e dai a sua casa (barraca) onde morreu passados dois dias. E isto por falta de médico. Não havia.”

Outro farrapo diz que “ficou um lanceiro cuidando de Onofre Pires e Bento foi buscar recursos”.

Ambos o dão como morto em 1° de março, dois dias depois. Antônio Vicente da Fontoura registrou dia 3 de março, ou quatro dias depois e de gangrena e que Bento foi preso por Canabarro.

Bento Gonçalves em carta a Domingos José de Almeida, de 9 de março de 1844 escreveu:


Bento Gonçalves

“Já meu compadre saberá do fim desastroso que teve o coronel Onofre que fazia o papel de general Santérre na facção desorganizadora, que o incitou a provocar-me tão atrevidamente. Ela contava com a vitória, porque olha para as coisas como lhe parecem, e não como são de fato. A paixão os domina e, por isso, vendo aquele homem tão corpulento, o julgaram um gigante e eu um pigmeu.

Enganaram-se e, depois escondendo todos o rabo, se retiraram dele, ao ponto de não achar-se um só desses malvados a seu lado, ao menos na hora da morte. Que malvadeza! Eu lamento sua sorte, mas não tenho o menor remorso, porque obrei como verdadeiro homem de honra. Em tais casos, obrarei sempre assim, não me importando com o tamanho, e nem a nomeada (fama) da pessoa que se atreva a atacar a minha honra.”

E assim teve fim Onofre Pires, cujos restos mortais devem estar em algum lugar nas pontas do Sarandi, atual Topador em Santana.

É uma vida que merece reflexão.

Caxias, por ocasião do duelo, marchava de Alegrete para Santana, conforme suas ordens-do-dia.

Onofre falecia quase oito anos depois do rumoroso fuzilamento que ordenou em Mostardas, no qual foi vitima ilustre o capitão Francisco Pinto Bandeira. Seria a confirmação do ditado popular “Quem com ferro fere, com ferro será ferido?”

Onofre Pires fez parte da minoria opositora (cerca de um 1/6) a Bento Gonçalves, na Assembleia Constituinte da República Rio-Grandense, em Alegrete. Seu perfil moral parece não ter feito honra a oposição que integrou e o usou como instrumento contra Bento Gonçalves, em momento critico da Revolução.




Frases muito soltas

Jô Soares


Caricatura de Baptistão

01) Que gracinha esse telefone. Só falta falar.

02) O apartamento era tão pequeno que a visita para sentar tinha que ficar em pé.

03) Aquela senhora não fazia mais birthday, fazia replay.

04) Os peixes parecem maiores quando os rios são pequenos.

05) O barquinho de borracha quase apagou a mancha do canal.

06) O cinema falado também começou balbuciando.

07) Ele vivia dizendo que nunca repetia o que já tinha dito.

08) Era um jornalista tão elétrico que conseguia escrever um libelo a favor e um elogio contra.

09) Falava alto até por escrito.

10) Desastrado é um sujeito que consegue ser canhoto com a mão direita.

11) Havia algumas lacunas na sua ignorância.

12) Era um boxeador tão ruim que só conseguia bater à porta.

13) Em restaurante chinês, o chique é usar os palitos durante a refeição.

14) A bula é cardápio dos remédios.

15) Com tanta sujeira no mundo, o que vai acontecer é aporcalipse.

16) É melhor chegar em quarto no final do que não passar das quarta-de-final.

17) Onde é que se plantam as flores do campo agora que tem tão pouco campo.

18) Nova York é muito bonita, mas a Baía da Guanabara é a cores.

19) Micróbio muito velho é macróbio.

20) Os pilotos dos discos voadores acham que a Terra não existe.


Poema e frases de Ferreira Gullar



Metade de mim

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também.

 Frases

“Quando surge uma ideia, vou para a rua.
Tenho prazer em conceber o poema no meio
das pessoas que passam e nem suspeitam
que ali, naquela hora ele está nascendo.”

“Quando o poema chega, é um
acontecimento inusitado, uma erupção,
como um vulcão. Está tudo bem e de
repente ele começa a colocar fogo pela boca.”

“Posso fazer dez poemas por dia,
porque eu sei fazer.
Mas nunca farei isso.
Eu sempre fui assim,
sempre escrevi o poema necessário.”

“A poesia não fala de tudo.
Existe uma parte da vida sobre a qual a poesia não fala,
mas eu também sou essas outras coisas.”


(Publicadas na revista Cult, nº 3 em outubro de 1997)

Ferreira Gullar: 10.09.1930 - 05.12.2016


Proclamação da República Rio-Grandense



Tela de Antônio Parreiras

Na manhã de 11 de setembro de 1836, nos campos dos Menezes, à margem esquerda do rio Jaguarão, o comandante Netto aparece a galope, posta-se ao centro da tropa, ergue a espada e anuncia a proclamação da República:

“Camaradas! Nós, que compomos a Primeira Brigada do Exército Liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das demais do Império e forma um estado livre e independente, com o título de República Rio-Grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se fará oportunamente. Camaradas! Gritemos pela primeira vez: Viva a República Rio-Grandense! Viva a independência! Viva o exército republicano rio-grandense!”


Antônio de Sousa Netto (Rio Grande, 25 de maio de 1803 - Corrientes, 2 de Julho de 1866) foi um político e militar gaúcho, um dos mais importantes nomes do Rio Grande do Sul. É reconhecido por seu árduo trabalho na Revolução Farroupilha, que durou quase dez anos (de 1835 a 1845), como o segundo maior líder revolucionário.

Souza Netto, que se iniciara na vida pública como tropeiro, depois de ter pequena fortuna, entregou-se inteiramente aos ideais políticos consagrados na República Rio-Grandense. Depois, reiniciando e reconstituindo sua fortuna, residindo e com propriedade enorme fora da Pátria, nada mais precisava fazer, e tanto assim que, apesar de pequenas perseguições a agregados seus, fora sempre respeitado e temido no Uruguai, abalou-se, a bem da justiça, de sua estância e novamente, de armas em punho, defendeu os direitos do Brasil, primeiro, contra Rosas, depois contra Aguirre e, finalmente, contra Solano López, do Paraguai.

E aí faleceu, vitimado em combate, no imortal combate de Tuiuti, onde outro gaúcho de fibra, Osório, brilhou mostrando ao mundo o valor, a inteireza e a nobreza do povo sul-rio-grandense.



Rumo ao Céu



Em janeiro de 1946, Fernando Borba publicava, no “Correio do Povo”, as linhas que abaixo transcrevemos, de devoção àquela que foi “a mais ardorosa admiradora do cronista”.

Nessa emotiva página, o brilhante e saudoso intelectual pedia à sua amada companheira que o esperasse. Apenas seis meses após, Fernando Borba foi ter com ela...

Querida:

A minha alma vivia da luz de teus olhos. Fechaste-os e minha alma se partiu irremediavelmente, atrozmente, desgraçadamente. Mal assomou na exteriorização de teu sofrimento, desse sofrimento terrível contra o qual tanto lutaste, contra o qual tanto lutamos, o aviso de que o fim estava próximo, foi como se o mundo desabasse aos meus pés. Não era o mundo. Era eu mesmo que me desmoronava. Era minha alma que se partia. Fechei logo a janelinha de minha página, sempre batida de sol, porta-voz de meus comentários para o meu público, às vezes amargos, às vezes tristes, às vezes sorridentes. Fechei-me no túmulo de minha dor. A ti, fecharam-te no túmulo de teu corpo. Alimenta toda gente o egoísmo de sua própria dor. A dor da gente é sempre a maior. E é mesmo, porque só nós podemos aquilatá-la. Morreste e levaste uma grande porção de mim mesmo, porque essa porção era parte integrante de ti mesma. E porque era imprescindível que a levasses. Agora... agora não sei mais o que será de mim. Depois que morreste – e como se parece com a eternidade esse curto período de horas! – eu não conseguiria descrever mais nada se não reiniciasse a minha atividade raramente interrompida, de comentarista diário, me dirigindo a ti, agora que deixaste o canto de meu coração, para te transportares para uma região qualquer do seu infinito. É no céu que estarás, não tenho dúvida. Para conseguires esse lugar, te submeteste na terra as mais terríveis provas de seleção. Foste uma criatura laureada em sofrimento. Agora, já não terei, a me estimular, aquele entusiasmo de criança que admitia um trabalho de gênio na mais vulgar de minhas notas... Não terei a vivacidade de tuas sugestões. Não mais terei a única pessoa a quem eu admitia corrigisse a colocação de um pronome. Jamais sentirei a alegria de escrever, a não ser aquela incomparável ventura que me sobrará de conversar contigo todos os dias. Minhas notas serão doravante como se fossem uma prece. Já não poderei escrevê-las numa folha branca, com o martelar dos tipos da máquina. Será numa folha de minha alma, no papel couché de minha saudade, que farei tirar um exemplar diário para ti. Antes, tu que foste a mais ardorosa admiradora do cronista, eras também a primeira pessoa que o lias. Lias o original mal acabado de ser escrito e recortavas depois com o carinho de jardineira da ternura, a nota publicada. Minhas pobres notas, mal te foste, começam a esvoaçar pelo chão, como se fossem folhas secas pisadas pelo destino. Pelo nosso destino... Foste minha inspiradora, a minha força, o mês estímulo. Se não olhares para mim a cada momento, rolarei, envolto no resto que me sobra, a me arranhar nos espinhos da jornada, assim como rolam a se arranham as folhas secas do meu destino.

Escreverei para ti. Darei ao livro no qual enfechar os retalhos diários, o teu nome. Inscreverei o teu nome no túmulo de todas as renúncias. Rezarei por ti. Espera-me...

*****

Fernando Borba, Porto Alegre, 1893 - 1946. Advogado, jornalista, cronista e poeta. Pseudônimo Hélio Campos. (Fonte: Pedro Leite-Villas boas, Notas de Bibliografia Sul-Rio-Grandense, Autores. A Nação-SEC, Porto Alegre, 1974).




Curiosidades Históricas

Conde de Porto Alegre




No malogrado ataque a fortaleza de Curupaity (Guerra do Paraguai), levado a efeito em 22 de setembro de 1866 pelas forças da Tríplice Aliança, depois de desobedecer duas vezes ao general Mitre, comandante em chefe dos exércitos aliados, tenta o heroico conde de Porto Alegre um último esforço a fim de conquistar aquela posição; e, dando o exemplo, transpôs o primeiro dos fossos que impediam a sua escalada. Obedientes à voz do comando, não o socorrem os generais Flores e Polydoro, e já lá vão dez horas de porfiado combate, quando Mitre ordena a retirada, pela terceira vez. Só então, impelido pela disciplina, resolve o valoroso guerreiro rio-grandense ceder, não sem protesto, pois tal pode ser considerada a frase sublime que se lhe escapou dos lábios:

- Obedeço porque sou obrigado!

E na retirada, que, apesar do intenso fogo inimigo, se efetuou ao som de músicas e bandeiras desfraldadas, ao ver ele cair centenas, milhares de seus comandados, teve ainda estas palavras memoráveis, que pintam bem ao vivo o que ia naquela grande alma:

- E só para mim não há uma bala!

Derradeiras palavras

Não deixa de ter interesse o saber-se como se portaram diante da morte alguns dos nossos maiores coestaduanos, alguns dos quais se tornaram ilustres pelo seu denodo. Demais, já afirmou alguém “as últimas palavras resumem a vida de quem as proferiu”.

General Osório:
- Águas abaixo... para a eternidade!

Barão do Triunfo:
- Mais uma carga, camaradas!

Félix Xavier da Cunha:
(Ao receber a noticia da tomada de Paysandu):
- Que glória! Que glória!... para a nossa pátria!

João da Cunha Lobo Barreto (poeta):
- Levem minha mãe daqui que eu quero morrer!

Visconde de Pelotas:
- Obedeço!

Marechal Bittencourt (aos oficiais que procuravam prender o seu assassino, o anspeçada Marcelino Bispo:
- Não o matem!


Correio do Povo, 18/8/1911.





A felicidade é redonda


(Desenho de Fraga - ZH)

No final das tardes longas de verão, era sagrado o joguinho improvisado no campo das taquareiras. A vida custava  para passar, os dias eram compridos e a felicidade atendia pelo nome de bola. A nossa alegria era redonda, no formato de algo que vai e volta, sempre. Eram dois contra dois, três contra quatro, dois grandes contra dois pequenos, num sistema onde não havia regras, os regulamentos eram feitos na hora, normalmente pelo dono da bola e do campo. No caso, eu. Não havia reclamações fortes, até porque o negócio era chutar, fazer gol nas traves de taquaras secas e apodrecidas pelo tempo. Às vezes, o travessão voava longe com algum chute de potência exagerada. “Não vale bomba”, gritavam os goleiros, isso quando havia gente suficiente para se ter o luxo de jogar com goleiro. Na maioria dos casos, fazíamos pequena goleiras com pedras, chinelos, tijolos quebrados, roupas amontoadas.

Ah, a infância é um guri correndo de qualquer coisa que role, que pelo menos possa ser chutada. Se for uma bola, melhor. Se for de couro, bem, aí a felicidade pode ser considerada completa. Lembro que em nossas partidas nunca tínhamos bola de couro. Os joguinhos começaram com uma bola que inventei, formada por dezenas de camadas de sacos plásticos atados com barbante, tiras de borracha e até tentos de couro que encontrava atirado pelo chão. Os modelos feitos com arame foram aposentados depois o Chupim quase ficou cego com uma bolada no olho. O arame por pouco não fura a retina do moleque, um driblador por excelência, mas muito chorão. A partir daquele episódio, as bolas passaram a passar por uma espécie de controle de qualidade, vistoria que era feita pela dona Mirica, minha mãe.

Foi então que num final de ano ganhei uma bola de couro, número 5, um espetáculo. Um tio ferroviário a levou dentro de uma caixa de papelão. Quando a vi, fiquei extasiado, radiante, nem acreditei que fosse verdade. Finalmente, nosso campinho ia conhecer uma bola de verdade. Tinha cheiro de couro, estralava de novinha. Mas depois que a enchi, que ela ficou redondinha e branca, fiquei com ciúmes, sentei em cima e não deixava ninguém tocá-la. Meu tio teve que me aconselhar para que os amigos pudessem também usufruir do meu presente.

Um dia ela furou numa cerca de arame farpado. Depois, vim embora para a Capital e nunca mais vi minha linda pelota de couro cru, que tanto doía nas nossas canelas doloridas. O campinho das taquareiras virou lavoura de soja. Os dias passaram a ser frios, cinzentos e curtos. Tudo passou, só o que não passa nunca é esta vontade desgranida de ser guri outra vez...

(Paulo Mendes – Correio do Povo, 29.06.2014)




domingo, 22 de junho de 2014

Poema para os amigos


Jorge Luiz Borges*


Não posso dar-te soluções
Para todos os problemas da vida,
Nem tenho resposta
Para as tuas dúvidas ou temores,
Mas posso ouvir-te
E compartilhar contigo.

Não posso mudar
O teu passado nem o teu futuro,
Mas quando necessitares de mim
Estarei junto a ti.

Não posso evitar que tropeces,
Somente posso oferecer-te a minha mão
Para que te sustentes e não caias.

As tuas alegrias,
Os teus triunfos e os teus êxitos
Não são os meus,
Mas os desfruto, sinceramente,
Quando te vejo feliz.

Não julgo as decisões
Que tomas na vida,
Limito-me a apoiar-te,
A estimular-te
E a ajudar-te sem que me peças.

Não posso traçar-te limites,
Dentro dos quais deves atuar,
Mas, sim, oferecer-te o espaço
Necessário para cresceres.

Não posso evitar o teu sofrimento
Quando alguma mágoa
Te parte o coração,
Mas posso chorar contigo
E recolher os pedaços
Para armá-los novamente.

Não posso decidir quem foste
Nem quem deverás ser,
Somente posso amar-te como és
E ser teu amigo.

Todos os dias,
Penso nos meus amigos e amigas,
Não estás acima,
Nem abaixo, nem no meio.
Não encabeças,
Nem concluís a lista.
Não és o número um
Nem o número final.

E tão pouco tenho
A pretensão de ser
O primeiro,
O segundo,
Ou o terceiro
Da tua lista.
Basta que me queiras como amigo
Dormir feliz,
Emanar vibrações de amor,
Saber que estamos aqui de passagem,
Melhorar as relações,
Aproveitar as oportunidades,
Escutar o coração.
Acreditar na vida...
Obrigado por seres meu amigo

*Pelo estilo do escritor argentino Jorge Luiz Borges, não podemos afirmar, com certeza, que este poema seja realmente dele.


Terapia do Elogio



Arthur Nogueira

(Psicólogo)

Renomados terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram uma recente  pesquisa onde se nota que os membros das famílias brasileiras estão cada  vez mais frios, não existe mais carinho, não se valorizam mais as qualidades,  só se ouvem críticas. As pessoas estão cada vez mais intolerantes e se desgastam valorizando os defeitos dos outros. Por isso, os relacionamentos  de hoje não duram.

A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias de média e  alta renda. Não vemos mais homens elogiando suas mulheres ou vice-versa,  não vemos chefes elogiando o trabalho de seus subordinados, não vemos mais  pais e filhos se elogiando, amigos que fazem elogios.

Só vemos pessoas fúteis valorizando artistas, cantores, pessoas que usam a  imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência, são pessoas que têm a  obrigação de cuidar do corpo, do rosto e sempre se apresentar bem.

Essa ausência de elogio tem afetado muito as famílias. A falta de diálogo nos lares, o excesso de orgulho, impedem que as pessoas digam o que  sentem, levando assim essa carência para dentro dos consultórios médicos. Acabam com seu  casamento porque procuram em outras pessoas o que não conseguem em casa.

Vamos valorizar nossas famílias, amigos, alunos, mestres, subordinados.

Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza de nossos  parceiros ou nossas parceiras, a sinceridade, a lealdade, a confiança, o comportamento de nossos filhos.

Vamos observar o que as pessoas gostam. O bom profissional gosta de ser  reconhecido, o bom filho gosta de ser reconhecido, o bom pai ou a boa mãe gostam de ser reconhecidos, o bom amigo, a boa dona de casa, a mulher que  se cuida, o homem que se cuida, enfim, nós todos vivemos numa sociedade em que um  precisa do outro, em que é impossível viver sozinho, e os elogios são a  motivação da nossa vida.

Quantas pessoas você poderá fazer feliz hoje, elogiando-as de alguma forma? Declarando-lhes amor, agradecendo a companhia, elogiando seu trabalho, sua maneira de ser!


Diga agora a seus amigos: Foi muito bom conhecer você!


Canção do Exílio e suas paródias



Paródia

Os modernistas realizam, em todas as artes, uma aproximação crítica das obras do passado. No universo literário, a releitura de textos famosos das escolas anteriores torna-se uma forma de rejeição ou de admiração. Com frequência, os modernos terminar por reescrever alguns dos textos consagrados sob uma perspectiva de humor: é a paródia.

Um dos livros de crítica literária de Mário de Andrade chama-se A escrava que não é Isaura, numa evidente alusão ao romance de Bernardo Guimarães. Poucos poetas resistiram à chance de parodiar a antológica Canção do exílio, de Gonçalves Dias, conforme podemos verificar num conjunto de excertos, como o de Oswald de Andrade, Canto do regresso à pátria:

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos aqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra (...)
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para são Paulo
Sem que eu veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

Em Canção, Mário Quintana parece fazer um protesto ecológico:

Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Carlos Drummond, mais filosófico, reflete sobre a distância da felicidade em Nova canção do exílio:

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto. (...)
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Também Murilo Mendes mostra-se irreverente com o célebre poema romântico:

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. (...)
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

É, no entanto, de Carlos Drummond uma das mais perfeitas paródias de toda a nossa literatura: Sentimental. Partindo de um conhecido poema de Fagundes Varela, onde o mesmo expressa, com muita propriedade e encanto, a aspiração do amor romântico à eternidade - traduzido na gravação do nome da amada num arbusto - o poeta mineiro vale-se, ao inverso, de letrinhas de sopa de macarrão para registrar o seu afeto. Com isso, não apenas satiriza as grandes paixões do Romantismo, como revela o caráter efêmero de todas as relações de nosso tempo.

Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra
Uma letra somente
para acabar teu nome!
– Está sonhando? Olhe que a sopa esfria.
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar.”

Canção do idílio, data vênia',

Freddy Diblú

Minha terra tem carteiras,
Onde canta o jabá;
As rapinas que aqui rodeiam,
Não saqueiam como lá.

Nosso ao léu tem mais estrelas,
Nossas praças têm mais atores,
Nosso zé-povo tem mais lida,
Nessa lida mais “mordedores”.

Em chiar, sozinho, ao açoite,
Mais quelelê encontro eu lá;
Minha terra tem carteiras,
Onde canta o jabá.

Minha terra tem no 171 “doutores”,
Que tais não encontro eu cá;
Em chiar – sozinho, ao açoite –
Mais quelelê encontro eu lá;
Minha terra tem carteiras,
Onde canta o jabá.

Não permita Deus que eu corra,
Sem que me revolte por lá;
Sem que refute os usurpadores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda reviste as carteiras,
Onde canta o jabá.

Esta poesia é inspirada na minha pintura abaixo: “Toda riqueza provém de violência”, de autoria de João Werner
  
Canção do Idílio

Luís Martins

Minha terra tem palmeiras, tem as palmeiras do Mangue,
onde canta o sabiá.
Minha terra tem cassinos, tem mulheres nos cassinos
e as boas que aqui requebram,
não requebram como lá.
Minha terra tem botecos, tem malandros, tem pilantras,
tem samba em caixa de fósforo, Mangueira, Estácio de Sá.
Nosso céu tem mais estrelas e o nosso rádio também.
Nossa vida tem mais vida, mais gostosuras esparsas,
mais preguiça, mais cansaço,
mais volúpia de viver.
Nossos dias têm mais sol, nossas noites mais lugar,
nossas ruas têm mais gente,
nossa gente mais amores.
Minha terra tem idílios, tem passeios de mãos dadas,
adolescentes amando, minha terra tem primores.
De fato, ela tem primores, que tais não encontro cá.
Tem Amélia, grande dama, a vamp, a ingênua, a estenógrafa,
 tem Maria, tem Iná.
Em passear sozinho à noite, mais prazer encontro eu lá.
Minha terra tem o Leme, tem a praia do Flamengo,
Leblon, Jacarepaguá.
Tem a Central do Brasil, onde acontecem desastres, tem cinemas,
tem a Lapa, o estádio do Vasco da Gama, tem subúrbios,
Piedade, Encantado, Engenho Novo, Maria Angu, Irajá.
Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá.
Sem que tome cafezinhos, discutindo futebol.
Sem que passeie de ônibus ou de autolotação.
Sem que vá ao Vermelhinho conversar literatura.
Sem que perca na roleta ou que acerte no milhar.
Sem tomar chope na praia, sem tomar pinga no morro,
sem tomar banho de mar.
Minha terra tem palmeiras, na ilha de Paquetá.
Tem barcas da Cantareira, tem anedotas gozadas,
tem noites de bebedeira,
tem ressacas de amargar.


As pequenas histórias é que são as grandes histórias...

Salvo pela gentileza

Conta-se uma história de um empregado em um frigorífico da Noruega.

Certo dia, ao término do trabalho, foi inspecionar a câmara frigorífica. Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara. Bateu na porta com força, gritou por socorro, mas ninguém o ouviu, todos já haviam saído para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo.

 Já estava há quase cinco horas preso, debilitado com a temperatura insuportável. De repente, a porta se abiu e o vigia entrou na câmara e o resgatou com vida.

Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia por que ele foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho...

Ele explicou:

- Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem aqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair. Hoje pela manhã disse: “Bom dia” quando chegou. Entretanto não se despediu de mim na hora da saída. Imaginei que poderia ter lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei...

O poder do beijo

Vinha pela estrada uma caravana de motociclistas fortes, bigodudos em suas poderosas motos, quando de repente eles veem uma garota a ponto de saltar de uma ponte sobre um rio caudaloso e profundo.

Eles param e o líder deles, particularmente corpulento e de aspecto rude, salta, se dirige a ela e pergunta:

- Que diabos você está fazendo, moça?

- Vou me suicidar.* - Responde suavemente a delicada garota com a voz cadenciada e ameaçando pular.

O motociclista pensa por alguns segundos e, finalmente, diz:

- Bom, antes de saltar, por que você não me dá um beijo?

Ela acena com a cabeça, bota de lado os cabelos compridos e ruivos e dá um beijo longo e apaixonado na boca do motociclista parrudão.

Depois desta intensa experiência, a gangue de motoqueiros aplaude, o líder recupera o fôlego, alisa a barba e admite:

- Este foi o melhor beijo que me deram na vida. É um talento que se perderá caso você se suicide. Por que quer morrer, minha princesa?

- Meus pais não gostam que eu me vista de mulher!





Dicionário Gaúcho



Imaginem que um gaúcho nascido e criado lá pelas bandas da coxilha de Santa Tecla, perto de Bagé, bata com os costados em Varjota, interior do Ceará, e para o auto em frente a um bar onde várias pessoas estão tomando umas e outras e ele então se dirija indistintamente a grupo:

- Buenas tardes, indiada macanuda. Estou meio entupigaitado. Venho gauderiando por essas bandas, campeando um guasca largado e mui buenacho. Mesmo parando rodeio nas ideias, não sei onde fica a biboca do vivente. Quem sabe se algum chiru conhece o taura. Ele vive com as canjicas de fora, é meio petiço, rengo e melenudo meio zaino, meio hosco, está sempre na tiorga e atende pelo nome da Gaudêncio?

Com certeza os meus amigos do Ceará lançariam um olhar de revesgueio para o recém-chegado, já com a mão na peixeira (carneadeira para nós) e prontos para a briga. No entanto, o amigo do Gaudêncio só queria dizer o seguinte:

- Boa tarde, moçada simpática. Estou meio desorientado. Venho andando por estes lados procurando um valentão muito alegre e bom amigo. Mesmo tentando me lembrar, não sei onde fica a casa da criatura. Quem sabe se algum homem mais velho conhece o valente. Ele vive rindo, é meio baixo, puxa de uma perna, e tem o cabelo muito comprido e castanho, é bem, é bem moreno, está sempre bêbado e se chama Gaudêncio?

Esses e outros termos estão no Dicionário Gaúcho (Termos, expressões, adágios, ditados e outras barbaridades) de Alberto Juvenal de Oliveira.

          E quem é Alberto Juvenal de Oliveira?

*Ele nasceu em Júlio de Castilhos, no primeiro dia do ano de 1930. Seu nome, Alberto Juvenal de Oliveira. Aos quatro anos perde a mãe. Sua infância foi despertada como as plantas que crescem livres pelos campos da querência: na fazenda de sua avó paterna, privando com usos, costumes e histórias que povoam os galpões do Rio Grande. Essa magia viria mais tarde florescer num colar de recuerdos terrunhos, mostrando o atavismo legado pela terra gaúcha.

Cursou o primário na cidade de Cruz Alta e aos 14 anos vai pata Passo Fundo morar com o pai, para ajudar nas despesas da casa, changueando sem desprestigiar seus invernos!

Apresentação do autor

Aos 18 anos sentou praça na cidade do Rio de Janeiro, no Corpo de Paraquedistas do Exército Brasileiro, dando baixa como 2° Tenente da reserva. Foi de escriturário de banco a diretor de instituição financeira. Completou seus estudos no turno da noite, e hoje é dono de uma bem-sucedida empresa de publicidade, com seus quatro filhos. Nas horas vagas, Juvenal estuda inglês, francês,  e, é claro, por sua sensibilidade nativa, a arte musical não poderia  ficar ausente, e a faz brotar através dos botões de uma cordeona. O dicionário chegou após quatro anos de pesquisa. Era o manancial crioulo que retornava da sonora infância para saciar a sede das lembranças do pago.
- Quem não conhece não encontra razões para amar!...
Teu dicionário, Juvenal, é uma vertente que sacia a sede dos que buscam sabedoria pelos caminhos da terra!... Colocando “sóis nas nossas  sombras”.
Parabéns, “Luzeiro Terrunho! Parabéns!

Glênio Fagundes*

*Músico, poeta, cantor e apresentador de rádio e televisão, é um dos ícones máximos do regionalismo rio-grandense, autor de livros e discos de sucesso.

E como diz Jaime Caetano Braun, na introdução do dicionário

Se não houver campo aberto
lá em cima,
quando eu me for,
um galpão acolhedor,
de santa-fé, bem coberto,
um pingo pastando perto,
só de pensar me comovo,
eu juro, pelo meu povo,
nem todo o céu me segura,
retorno a velha planura
pra ser gaúcho de novo.

* Alberto Juvenal de Oliveira, Pqdt 222, fez o Curso Básico Paraquedista no 1950/3 como 3° Sgt. Num encontro de veteranos paraquedistas, permutamos as nossas obras. (Almanaque pelo Dicionário) que estou lendo com muita atenção e carinho.

P.S. O Juvenal tem outras histórias saborosas para contar, mas vamos deixar assim...

E-mail para a compra do livro: Juvenal@savep.com.br


Aprenda Português



Brinque com a gramática!

Maria Aparecida Araújo Silva

(CESEC “Tancredo Neves”, Presidente Olegário, MG.)

Bendito seja o ensino
Que tira a poeira da mente
Quanto mais a gente estuda
Tanto mais a gente aprende.

Não há divisão de classes
Entre as classes de palavras
Vivem unidas entre si
Umas mansas, outras bravas.

Substantivo? Este é bravo
Abstrato ou concreto
Comum, próprio, coletivo,
Dá nome ao “ser”, é completo.

Manso é o artigo
Nem sempre de primeira
Ora define, ora indefine.
Fica sem eira nem beira.

Verbo, riqueza da língua,
Palavra forte, ação
Sozinho ou acompanhado
É fenômeno, é estado.

Estes pronomes irrequietos
São pessoais, oblíquos e retos
Cerimoniosos, de tratamento
Aconchegantes, bem a contento.

adjetivo exalta, enaltece
Está sempre em atividade
Às vezes machuca,
Sem piedade.

Numeral, agora sim
Acompanha a tecnologia
Está nos computadores
Enche o bolso, esvazia.

Se há antecedente
O pronome torna-se relativo
Se algo lhe perguntam
Fica logo interrogativo.
Demonstrativos, com personalidade
Acompanhando “o ente” são adjetivos
“Denotando-o” são substantivos - barbaridade!

Enclíticos, proclíticos, mesoclíticos,
Átonos ou tônicos
Importa colocá-los no lugar
Para que o todo se torne harmônico.

Preposição, que seria de nós
Sem a tua ajuda?
Tu ligas regente e regido
Se te empregamos de qualquer jeito
O sentido muda.

Interjeição é bem “light”
Expressa emoção
Alegria, raiva, dor...
Sai da boca sem preocupação.

Conjunção liga frases
É argamassa na construção
Pode dar sentido ao texto
É coerência, é coesão.

Advérbio te conheço
De algum modo, tempo ou lugar
Se afirmo, duvido ou nego
É de ti que vou precisar.

Adjetivo, artigo, advérbio, numeral
Substantivo, verbo, preposição, conjunção
Interjeição e pronome são classes de palavras
Umas são mansas, outras são bravas.
Use-as com parcimônia
Descubra toda a beleza
De nossa Língua Portuguesa!

Referência bibliográfica:

Silva, Maria Aparecida Araújo. Aprenda Português! Brinque com a gramática! Jornal Mundo Jovem, Porto Alegre: PUCRS, n. 324, mar. 2002, p. 10.

Macete

Decore esta palavras, que parece nome de remédio, SAVPAN...

SAVPAN =

Substantivo
Artigo
Verbo
Pronome
Adjetivo
Numeral

(variáveis flexivas)

... ou então esta, que parece "palavrão"...

PICA =

Preposição
Interjeição
Conjunção
Advérbio

(invariáveis inflexivas)