segunda-feira, 18 de março de 2024

Novos Maridos

 

Tipos de maridos: DVD, DVD-R, CD e VHS 

Para as mulheres que ainda não estão integradas e para os homens se classificarem nas novas tecnologias: 

Sabe o que é um marido DVD? 

► É aquele que se Deita, Vira e Dorme. 

E um marido DVD-R? 

► É aquele que se Deita, Vira, Dorme e Ronca. 

E um marido CD? 

► É aquele que Come e Dorme. 

Moral da história: 

Não há nada como os velhos VHS... Várias Horas de Sexo. 

Só que não fabricam mais...


A verdadeira história de uma música

 

No livro “Tarso de Castro, editor do Pasquim”, de Sônia Bertol, cuja capa aparece acima, é contada a biografia de Tarso de Castro, jornalista gaúcho e um dos fundadores do Pasquim, jornal alternativo dos a nos 70 e 80. No livro é narrada a história do duelo amoroso entre Tarso de Castro (1941 – 1991) e Roberto Carlos (1941). O primeiro era cabeludo e intelectual; o segundo, cantor e compositor popular. A musa, ninguém sabe quem era, mas a música, esta todo mundo conhece e a canta até hoje, pois é uma das favoritas do Rei. Não há show que ele não a interprete. Pela música, parece, que ele conquistou a moça. Ao ser perguntado se “Detalhes” era sua música preferida, Roberto Carlos respondeu: “Minhas duas músicas preferidas são “Detalhes” e “Eu te amo tanto”. 

Detalhes 

Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos 

Não adianta nem tentar me esquecer
durante muito tempo em sua vida eu vou viver.
Detalhes tão pequenos de nós dois
são coisas muito grandes pra esquecer
e a toda hora vão estar presentes,
você vai ver.

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua,
e isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua.
O ronco barulhento do seu carro,
a velha calça desbotada ou coisa assim,
imediatamente você vai lembrar de mim.

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido,
palavras de amor como eu falei, mas, eu duvido,
duvido que ele tenha tanto amor,
e até os erros do meu português ruim
e nessa hora você vai lembrar de mim.

A noite envolvida no silêncio do seu quarto,
antes de dormir você procura o meu retrato,
mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
mas você vê o meu sorriso mesmo assim
e tudo isso vai fazer você lembrar de mim.

Se alguém tocar seu corpo como eu, não diga nada,
não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada,
pensando ter amor nesse momento, 
desesperada, você tenta até o fim e até nesse momento você vai lembrar de mim.

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada,
do tempo que transforma todo amor em quase nada,
mas quase também é mais um detalhe,
um grande amor não vai morrer assim,
por isso, de vez em quando você vai...
vai lembrar de mim.

Não adianta nem tentar me esquecer.
durante muito e muito tempo em sua vida eu vou viver.

Como se educa sem violência

 Dr. Arun Manilal Gandhi

O Dr. Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e fundador do MK Gandhi Institute, contou a seguinte história  sobre a vida sem violência, na forma da habilidade de seus pais, em uma palestra proferida em junho de 2002 na Universidade de Porto Rico. 

“Eu tinha 16 anos e vivia com meus pais, na instituição que meu avô havia fundado, e que ficava a 18 milhas da cidade de Durban, na África do Sul. Vivíamos no interior, em meio aos canaviais, e não tínhamos vizinhos, por isso minhas irmãs e eu sempre ficávamos entusiasmados com a possibilidade de ir até a cidade para visitar os amigos ou ir ao cinema. 

Certo dia, meu pai pediu-me que o levasse até a cidade, onde participaria de uma conferência durante o dia todo. Eu fiquei radiante com esta oportunidade. Como íamos até a cidade, minha mãe me deu uma lista de coisas que precisava do supermercado e, como passaríamos o dia todo, meu pai me pediu que tratasse de alguns assuntos pendentes, como levar o carro à oficina. 

Quando me despedi de meu pai ele me disse:

- Nos vemos aqui, às 17 horas, e voltaremos para casa juntos. 

Depois de cumprir todas as tarefas, fui até o cinema mais próximo. Distraí-me tanto com o filme (um filme duplo de John Wayne) que esqueci da hora. Quando me dei conta eram 17h30min. Corri até a oficina, peguei o carro e apressei-me a buscar meu pai. Eram quase 18 horas. Ele me perguntou ansioso: 

- Por que chegou tão tarde? 

Eu me sentia mal pelo ocorrido, e não tive coragem de dizer que estava vendo um filme de John Wayne. Então, lhe disse que o carro não ficara pronto, e que tivera que esperar. O que eu não sabia era que ele já havia dado um telefonema para a oficina. Ao perceber que eu estava mentindo, disse-me: 

- Algo não está certo no modo como o tenho criado, porque você não teve a coragem de me dizer a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado a você. Caminharei as 18 milhas até nossa casa para pensar sobre isso. 

Assim, vestido em suas melhores roupas e calçando sapatos elegantes, começou a caminhar para casa pela estrada de terra sem iluminação. Não pude deixá-lo sozinho... guiei por 5 horas e meia atrás dele... vendo meu pai sofrer por causa de uma mentira estúpida que eu havia dito. Decidi ali mesmo que nunca mais mentiria. 

Muitas vezes me lembro deste episódio e penso: “Se ele tivesse me castigado da maneira como nós castigamos nossos filhos, será que teria aprendido a lição? Não, não creio. Teria sofrido o castigo e continuaria fazendo o mesmo. Mas esta ação não-violenta foi tão forte que ficou impressa na memória como se fosse ontem.”

Este é o poder da vida sem violência.


O Homem é como uma casa.

 Aparício Torelly*


Tal e qual. Há casas que são uma fachada. Atrás de um belo e suntuoso frontispício, escondem um interior e uns fundos miseráveis. Em compensação, há homens de aparência rude, de mãos calejadas e rostos cheios de sulcos que, no entanto, ao se lhes penetrar no íntimo, revelam uma alma hospitaleira, repleta de bondade sincera e de celestial tranquilidade. 

Há uns velhotes, baixinhos e atarracados, com o cabelo virado nas pontas que lembram essas mansardas coloniais de telhado de beira, com a sala de visita atulhada de objetos antigos, alguns muito bonitos e bem trabalhados, mas que atualmente, não têm a menor utilidade. Por exemplo: um castiçal de prata para velas de sebo, que ainda não tomou conhecimento da existência do mercado das lâmpadas fluorescentes. 

Dois irmãos gêmeos são dois prédios iguais, construídos pelo mesmo arquiteto, com o mesmo material. Um cidadão com mais de dois metros de altura é um arranha-céu, sem elevador. Um homem doente é uma casa avariada. Um homem com muitas doenças é um hospital. O barbeiro é uma espécie de jardineiro, encarregado de podar as vegetações que nascem na frente da casa. Há barbas piores do que tiririca ou carrapicho rasteiro. 

Um homem, uma casa. Alguns senhores do interior, parados na avenida, uma aldeia. Um senhor que tem algumas amizades e as explora familiarmente, é uma casa de pensão. Um cavalheiro muito amável e muito cortês, mas que assalta sem piedade as pessoas que a ele recorrem, é um hotel de luxo. Os irmãos siameses são dois prédios contíguos. Um grão-fino, de flor no peito, é um bangalô, muito bem arranjadinho, com jardim na frente, mas hipotecado até os alicerces. 

Há homens palácios. Há homens taperas. Há homens residenciais. O tipo mais simpático, porém, é aquele que nos paga o almoço regado a finos líquidos. Este é o armazém de secos e molhados. 

* Barão de Itararé

domingo, 17 de março de 2024

Carta de uma idosa

  trancada num lar de idosos

Tenho 82 anos, 4 filhos, 11 netos, 2 bisnetos e um quarto, onde moro atualmente,  de 12 metros quadrados. 

Já não tenho mais a minha casa, nem as minhas coisas amadas, mas tenho quem arruma o meu quarto, quem me faça de comer, quem me faça a cama, quem me controla a pressão e me pesa. 

Não tenho mais as risadas dos meus netos, não posso mais vê-los crescer, abraçar e brigar; alguns deles visitam-me a cada 15 dias; outros a cada três ou quatro meses; outros, nunca. 

Eu não faço mais bolos ou ovos recheados e nem rolos de carne moída, nem ponto em cruz. 

Ainda tenho passatempos para fazer e o sudoku que me entretém um pouco. 

Não sei quanto tempo me resta, mas preciso de me acostumar com esta solidão; faço terapia ocupacional e ajudo no que posso a quem está pior do que eu, embora não queira me apegar muito: pois eles desaparecem frequentemente... 

Dizem que a vida é cada vez mais longa. Por quê? 

Quando estou sozinha, posso olhar para as fotos da minha família e para algumas memórias que trouxe de casa. 

E isso é tudo. 

Espero que as próximas gerações entendam que a família se constrói para ter um amanhã (com os filhos) e que retribuam na mesma medida aos pais com o mesmo tempo que eles nos presentearam para nos educar e criar. 

(Autoria desconhecida)

A procura de cada um...

 

Era uma vez o Fogo, a Fumaça, a Água e a Confiança. 

Um dia, eles entraram em uma floresta escura, e o Fogo disse: 

‒ Se eu me perder, procurem a Fumaça, pois onde há Fumaça, há Fogo! 

A Água disse: 

‒ Se eu me perder, me procurem na umidade, pois onde há umidade, há Água! 

Então. A Confiança disse: 

‒ Se eu me perder não me procurem, pois uma vez perdida, nunca mais me encontrarão.

sábado, 16 de março de 2024

Uma canção para Elis

 (17 de março de 1945 ‒ 19 de janeiro de 1982)

Em homenagem ao aniversário de Elis Regina: 17 de março. 

“Quando ela canta,

penso num pássaro.

Não num pássaro cantando,

mas num pássaro em pleno voo.” 

Ferreira Gullar


Elis, tua canção

sempre me diz:

importa ser verdadeiro

muito mais que ser feliz.


Havia pássaros e sinos

em tua voz cristalina.

Bravos gestos de guerreira,

frágil corpo de menina.


Ainda te escuto nas ruas

pelas tardes de neblina.

A tua voz continua,

oh, minha estrela sulina.


Oh, madrinha dos aflitos,

oh, bizarra bailarina,

agora brilhas mais longe,

mas tua voz me ilumina.

 

Tua voz era a tua alma,

em teu olhar, melodia.

Verso e canção em um gesto

todo teu corpo irradia.

 

Veludo, pétala e faca,

a tua voz não termina.

Cantar é abrir viveiros,

oh, minha estrela sulina. 

Luz Coronel 

(Correio do Povo, 17 de março de 2024)