quinta-feira, 30 de abril de 2020

Conheça versos inéditos de Tom Jobim para Luma de Oliveira



Se Tom Jobim se rendeu a ela, quem somos nós para contestar? A ex-modelo Luma de Oliveira, 55 anos, revelou somente agora o elogio em forma de letra que o compositor lhe fez em 1989:

“Minha Luma verdadeira,
mulher brasileira,
tem samba,
tem ginga,
ela dança à noite inteira.
Ama o Carnaval,
o subúrbio,
o Rio de Janeiro,
porque Luma de Oliveira,
é Luma pra vida inteira.”

Ela lembra da dúvida que sempre habitou o imaginário de tom: “a beleza e a classe de luma é Coisa de Deus ou do Diabo”?

*****

Luma de Oliveira fala sobre momentos com Tom Jobim:
'Chegou a dizer que não sabia se eu era coisa de Deus ou do diabo'


A foto com dedicatória que Luma que ganhou de Tom Jobim

Do outro lado da linha, Luma se derrete ao se lembrar do momento: “Tom estava em Nova York e uma amiga foi visitá-lo. Ele disse que era meu fã e me enviou essa foto. Perdi o fôlego quando recebi a imagem. Para mim, paixão e encantamento são palavras avassaladoras. Mandei fazer camiseta e porta-retrato, porque sou dessas”, recorda. Na sequência, ganhou mais elogios. “Numa entrevista para a revista 'Playboy', Tom chegou a dizer que não sabia se eu era coisa de Deus ou do diabo. Tudo na maior elegância e cortesia.”

O texto que movimentou as redes no fim de semana foi escrito a pedido da própria musa, em 1990, para acompanhar um ensaio que estrelou para a “Playboy”. Luma acabara de ser eleita pela publicação com a “mulher da década”. “Começamos a nos falar depois que recebi a foto. Liguei para pedir apenas umas linhas. Mas veio aquela poesia linda. Estivemos juntos, em sua casa no Jardim Botânico, em duas oportunidades. Em nossos papos, falávamos sobre suas músicas. Ele era nobre e intelectual, mas tinha uma simplicidade que atingia pessoas como eu.”

Um dos episódios mais marcantes foi um show de Tom no Jockey Club do Rio. “No meio da apresentação, ele agradeceu a presença de alguns convidados e na hora de citar meu nome, disse assim: 'Luma de Oliveira foi eleita a mulher da década; mas, na minha opinião, seria do milênio'. Na hora pensei: Deus está entre nós.' Esse acontecimento foi de uma relevância e importância tão grande.”


terça-feira, 28 de abril de 2020

Glossário* da doença

Termos usados diariamente pela mídia, tanto escrita como eletrônica, para entendimento das pessoas que estão passando por momento muito difícil, quem um dia, com certeza, passará.


Adenovírus: É uma família de vírus de genoma de DNA dupla hélice linear. Não segmentado, não possuem envelope celular bilipídico e são extremamente resistentes. A transmissão pode ser fecal-oral ou respiratória. Há mais de 40 sorotipos, e a infecção por um deles não dá imunidade contra os outros serotipos. São classificados de A a F e de acordo com o vetor (humano, bovino, porcino, ovino...).

“Aerossóis”: Caracteriza-se pela suspensão de partículas finíssimas sólidas ou líquidas num gás. Os aerossóis tanto podem ter origem natural como artificial. As nuvens e a contaminação do ar. Minúsculas partículas de um fluido ou sólido que estão pendentes na atmosfera no estado de gás.

Álcool em gel: É um líquido geralmente usado para diminuir a quantidade de agentes patogênicos nas mãos. Na maior parte dos contextos clínicos, as formulações à base de álcool são preferíveis à lavagem das mãos com água e sabonete. São geralmente mais eficazes a matar microorganismos e melhor toleradas do que água e sabonete.

Álcool 70: (álcool etílico hidratado 70 INPM) é um desinfetante de média eficiência que contém álcool etílico e água (deionizada), ou seja, uma solução aquosa de álcool. A quantidade de álcool pode ser avaliada segundo a fração em volume ou a fração em massa. A atividade antimicrobiana das soluções alcoólicas está condicionada à sua concentração em peso ou em volume em relação à água. A solução alcoólica ideal é aquela com concentração de 70%.

“Anticorpos”: Os anticorpos (Ac) (também conhecidos como imunoglobulinas, abreviado (Ig) são glicoproteínas do tipo gamaglobulina, a fração de globulinas mais abundante no plasma sanguíneo. Anticorpos Também chamados de imunoglobulinas (Ig), são estruturas proteicas encontradas no plasma sanguíneo. Eles atuam contra organismos invasores do corpo, tais quais as bactérias e os vírus.

Assintomático: Que não apresenta ou não constitui sintoma.

Confinamento: Clausura; condição da pessoa que opta por se afastar do convívio social, permanecendo sem contato com o mundo exterior. Ação ou efeito de confinar, cercar, limitar, restringir

Contágio: Transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto.

Contaminado: acometido por infecção, doença infecciosa ou vírus.

Coriza: Reação alérgica que causa coceira, olhos lacrimejantes, espirros e outros sintomas similares. A rinite alérgica ocorre sazonalmente ou durante o ano todo. O diagnóstico envolve análise do histórico do paciente, exame das passagens nasais e, às vezes, teste cutâneo. Os sintomas incluem espirros e olhos vermelhos, lacrimejantes e que coçam.

Coronavírus: É uma família de vírus que causa infecções respiratórias. É o vírus.

Covid-19: É a doença causada pelo coronavírus. É a doença.

CTI: É a sigla para Centro Terapia Intensiva, é uma unidade de um hospital que monitora continuamente seus pacientes. Geralmente, os pacientes que vão para a CTI, são aqueles considerados casos graves, ou pessoas que acabaram de saíram de uma cirurgia e precisam de monitoramento constante.

Diabetes Mellitus: É uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta.

Diabético: Aquele que sofre do diabetes.

Endemia: A endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. É uma doença que se manifesta com frequência e somente em determinada região, de causa local.

Enfermeiro: É aquele profissional que auxilia os médicos e cuida dos pacientes. Em clínicas, hospitais e outras instituições de saúde, o trabalho de Enfermagem é realizado por Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares. Estes três profissionais possuem responsabilidades e formações distintas.

Entubar ou Intubar: O verbo entubar indica o ato de dar a forma de um tubo, de colocar dentro de um tubo e de introduzir um tubo em algum lugar. Especificamente na medicina, indica o ato de introduzir uma sonda em uma cavidade de um paciente, como na cavidade bucal, pela traqueia, para facilitar a passagem do ar, ou pelo esôfago, para permitir alimentação direta no estômago do paciente.

Extubar: Remover tubo ou sonda de um paciente.

EPI: Equipamento de Proteção Individual é qualquer meio ou dispositivo destinado a ser utilizado por uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada atividade.

Epidemia: Uma epidemia irá acontecer quando existir a ocorrência de surtos em várias regiões. 

Febre: Aumento temporário da temperatura corporal média de 37 °C. Agentes infecciosos ou doenças podem elevar a temperatura do organismo para além de 37,8º C, o que caracteriza a febre. Em muitos casos, a febre ajuda o corpo a combater a agressão, mas há casos em que é necessário procurar ajuda médica.

Normal: entre 36,0º C e 37,0 º C
Estado febril: entre 37,3º C e 37,8º C (febrícula)
Febre: acima 37,8º C
Febre alta: entre 39º e 39,9º C
Hipertermia: a partir de 40º C

Gripe: Uma infecção viral comum que pode ser fatal, especialmente em grupos de alto risco.

Grupo de risco: Em linguagem médica, um grupo de risco corresponde a uma população sujeita a determinados fatores ou com determinadas características, que a tornam mais propensa a ter ou a adquirir determinada doença.

Higienização: É o ato ou efeito de higienizar, de tornar higiênico ou limpo um ambiente, local ou superfície. É o estabelecimento das condições de limpeza ou salubridade necessárias à prevenção ou ao combate de doenças. Também pode ser conhecida por sanitização ou desinfecção. É um dos métodos mais indicados após a limpeza, porque é responsável pela eliminação de micro-organismos vivos, como ácaros e bactérias que vivem no ar e na poluição, sendo os maiores causadores de doenças e alergias respiratórias.

Hemodiálise: é um tratamento que consiste na remoção do líquido e substâncias tóxicas do sangue, como se fosse um rim artificial. É o processo de filtragem e depuração de substâncias indesejáveis do sangue como a creatinina e a ureia. A hemodiálise é uma terapia de substituição renal realizada em pacientes portadores de insuficiência renal crônica ou aguda, já que nesses casos o organismo não consegue eliminar tais substâncias devido à falência dos mecanismos excretores renais.

Hipertensão: É uma doença crônica, menos sintomática e afeta a mais de um bilhão de pessoas (incluídos adultos e crianças) em todo mundo. A melhor forma de prevenir, controlar seu risco ou detectar rapidamente a pressão arterial alta, é aumentar sua compreensão da doença e consultar a um médico para obter mais conselhos.

Hospital: Estabelecimento próprio para internação e tratamento de doentes ou de feridos.

Hospital de campanha: é uma pequena unidade médica móvel, ou mini-hospital, que cuida temporariamente das vítimas no local antes que possam ser transportadas com segurança para instalações mais permanentes. Este termo é usado predominantemente com referência a situações militares, mas também pode ser usado em tempos de desastre. O conceito foi herdado do campo de batalha e agora é aplicado em caso de desastres ou acidentes graves, assim como na medicina militar tradicional.

Infectividade: É capacidade de o agente etiológico alojar-se e multiplicar-se no organismo do hospedeiro e transmitir-se deste para um novo hospedeiro.

Imunodeficiência: É uma desordem do sistema imunológico caracterizada pela incapacidade de se estabelecer uma imunidade efetiva e uma resposta ao desafio dos antígenos. Chama-se a pessoa que apresenta imunodeficiência de imunocomprometida. Qualquer parte do sistema imunológico pode ser afetada.

Imunogenicidade ou poder imunogênico: É a capacidade do agente biológico de estimular a resposta imune no hospedeiro. De acordo com as características desse agente, a imunidade obtida pode ser de curta ou longa duração e de grau elevado ou baixo. Dependendo também das características do agente, a imunidade conferida pode ser:

Infecção: É a invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de organismos capazes de provocar doenças; a multiplicação destes organismos; e a reação dos tecidos do hospedeiro a estes organismos e às toxinas por eles produzidas.

Infectologista: Médico especialista em diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas.

Infectado: Que sofreu infecção; contagiado.

Infodemia: São notícias falsas, a quantidade absurda de informações na mídia. Epidemia de informações ruins. Dados errados que são transmitidos pelas redes sociais e que causam muito mal. Condição econômica causada pela disseminação de notícias errôneas ou em pânico.

Inóculo ou dose infectante: É a quantidade do agente que penetra no novo hospedeiro suscetível. Quanto maior o inóculo, maior a gravidade da doença e, geralmente, menor o período de incubação.

Internação: É um procedimento complexo que deve receber toda atenção e cuidados devidos.

Intubação: É um procedimento médico que envolve a inserção de um tubo no corpo. Os pacientes geralmente são anestesiados com antecedência. Exemplos incluem intubação traqueal e tamponamento do balão com um tubo de Sengstaken-Blakemore.

Isolamento hospitalar: São medidas aplicadas para a prevenção da transmissão de agentes infecciosos através de contato direto ou indireto com o paciente ou ambiente. Em hospital, usa-se principalmente para pacientes colonizados por bactérias multirresistentes.

Ivermectina: É um fármaco usado no tratamento de vários tipos de infestações por parasitas. Entre elas estão a infestação por piolhos, sarna, oncocercose, estrongiloidíase, tricuríase, ascaridíase e filaríase linfática. Em infestações externas, pode ser administrada por via oral ou aplicada na pele. Tem circulado nas redes sociais que a droga seria eficaz para o covid-19, embora não haja nenhuma comprovação cientifica no combate à doença.

Linfócitos T ou células T: São células do sistema imunológico e também um grupo de glóbulos brancos (leucócitos) responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos (antígenos). Seu papel principal é como imunidade específica e imunidade celular, induzindo a Apoptose (autodestruição) de células invadidas por vírus, bactérias intracelulares, danificadas ou cancerígenas. Se diferenciam de acordo com sua função em: citotóxicas (CD8), auxiliares (CD4), natural killer (NKT), memória(CD45), reguladoras (FOXP3) ou gama-delta (γδ). Amadurecem no timo, por isso se chamam linfócitos T.

Lockdown: São distanciamento social ou confinamento social. Lockdown é termo que também pode ser usado em outras situações de emergência, em que as pessoas não devem sair de casa para preservar sua segurança. É com esse sentido que a palavra ganhou maior notoriedade nesses tempos do novo coronavírus e da Covid-19.

Multissistêmica: Diz-se de doença que afeta todos os sistemas do corpo.

N-95: Esta máscara possui 95% de eficiência de filtração de partículas maiores que 0,3µm e seu uso é indicado visando a proteção contra doenças por transmissão aérea (ex. tuberculose, varicela, sarampo e SARG).

OMS: Organização Mundial da (ou de) Saúde é uma agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas. Sua sede é em Genebra, na Suíça.

Paciente: (do latim patiente) é uma pessoa que está sendo cuidada por um médico, enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta, cirurgião-dentista ou outro profissional da área da saúde.

Pandemia: Enfermidade epidêmica amplamente disseminada. A pandemia, em uma escala de gravidade, é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma epidemia se estende a níveis mundiais, ou seja, se espalha por diversas regiões do planeta.

Patogenicidade:: É a capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível.

Patógeno: Denominamos de patógenos, organismos que são capazes de causar doença em um hospedeiro. Algumas bactérias, por exemplo, podem causar doenças em seres humanos, sendo essas, portanto, um patógeno. Além de bactérias, podemos citar como patógenos: fungos, protozoários e vírus.

Pneumonia: Infecção que inflama os sacos de ar em um ou ambos os pulmões, que podem ficar cheios de líquido.

Protocolo médico: São documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. Devem ser baseados em evidência científica e considerar critérios de eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas.

Pulmão: É um órgão de forma piramidal, semelhante a uma bexiga, de consistência esponjosa, cor-de-rosa, localizado na caixa torácica e que faz parte do aparelho respiratório. O corpo humano possui dois pulmões, divididos em segmentos chamados de lobos; o pulmão esquerdo tem dois lobos e o direito, três.

Quarentena: É a reclusão de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de incubação da doença, contado a partir da data do último contato com um caso clínico ou portador, ou da data em que esse indivíduo sadio abandonou o local em que se encontrava a fonte de infecção.

Radiografia: É uma técnica de exame de imagem que utiliza raios X para ver um material cuja composição não é uniforme como o corpo humano.

RT-PCR: É o exame que identifica o vírus e confirma a covid-19. Para isso, o teste busca detectar o RNA do vírus através da amplificação do ácido nucleico pela reação em cadeia da polimerase. Esse teste deve ser realizado no início da doença, especialmente na primeira semana, quando o indivíduo possui grande quantidade do vírus Sars-CoV-2.
As amostras são coletadas através de swabs (cotonetes) de nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta). A abordagem do exame, no momento, é do profissional de saúde que está atendendo o paciente no hospital, ambulatório ou consultório. Isso porque é preciso saber a fase da doença para a coleta da amostra.

SBI: Sociedade Brasileira de Infectologia

SRAS: (Síndrome Respiratória Aguda Grave) ou SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa) é uma doença respiratória de causa desconhecida recentemente reportada por países da Ásia, América do Norte e Europa.

Sintoma: Fenômeno subjetivo (dor, mal-estar etc.) referido por um paciente acerca da sua doença para estabelecer o seu diagnóstico.

Sintomático: Relativo ao sintoma, às manifestações de determinadas doenças (dor, febre, náuseas etc.) que auxiliam no estabelecimento de um diagnóstico.

Surto: Acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica.

SUS: Sistema Único de Saúde é a denominação do sistema público de saúde brasileiro. O SUS atende desde atendimentos primários até procedimentos complexos e oferece atendimento de emergência para pessoas que sofrem acidentes via Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O sistema de saúde brasileiro também fornece vacinas e remédios gratuitamente para pessoas com diversas doenças (como diabetes, pressão alta, asma, HIV e Alzheimer), financia pesquisas na área de epidemiologia e fiscaliza a qualidade dos alimentos oferecidos em estabelecimentos comercias por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Temperatura: É uma grandeza física escalar que pode ser definida como a medida do grau de agitação das moléculas que compõem um corpo. Quanto maior a agitação molecular, maior será a temperatura do corpo e mais quente ele estará e vice-versa.

Termômetro: É um aparelho usado para medir a temperatura ou as variações de temperatura. É um instrumento composto por um elemento sensor que possua uma propriedade termométrica, isto é, uma propriedade que varia com a temperatura. O termômetro é um sensor de temperatura.

Tomografia computadorizada: É um exame complementar de diagnóstico por imagem, que consiste numa imagem que representa uma secção ou “fatia” do corpo. É obtida através do processamento por computador de informação recolhida após expor o corpo a uma sucessão de raios X. Seu método principal é estudar a atenuação de um feixe de raios X durante seu trajeto através de um segmento do corpo; no entanto, ela se distingue da radiologia convencional por diversos elementos.

Tosse: Expiração repentina, vigorosa e involuntária ao liberar o ar e limpar uma irritação na garganta ou nas vias aéreas.

UPA: Unidade de Pronto Atendimento, abreviadamente UPA ou UPA 24h, é uma espécie de posto de saúde instalada em diversas cidades do Brasil. São responsáveis por concentrar os atendimentos de saúde de média complexidade, compondo uma rede organizada em conjunto com a atenção básica e a atenção hospitalar.

UTI: É, juntamente com a Unidade Semi-Intensiva e a Unidade Coronariana (UCO), uma das 3 unidades do Centro de Terapia Intensiva (CTI). Na Unidade de Terapia Intensiva, ficam os doentes mais graves, que requerem mais cuidados que na Semi-Intensiva. Já para a UCO, são mandados aqueles doentes que apresentam algum problema cardíaco.

Vacina: É uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida ativa para uma doença particular.

Ventilador mecânico: É um aparelho médico que realiza ventilação mecânica em pacientes com dificuldades respiratórias graves.

Ventilador pulmonar: É um dos equipamentos essenciais para a manutenção da vida em momentos de crise como a deficiência em atividades cardiorrespiratórias. Ele pode manter a vida do paciente durante o tempo em que ele não consegue fazer o movimento respiratório sozinho. A circulação do oxigênio pelo corpo é fundamental para o funcionamento de diversos órgãos.

Virulência: É o grau de patogenicidade de um agente infeccioso que se expressa pela gravidade da doença, especialmente pela letalidade e proporção de casos com sequelas

Vírus: São seres muito simples e pequenos (medem menos de 0,2 µm), formados basicamente por uma cápsula proteica envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o DNA, RNA ou os dois juntos (citomegalovírus). A palavra vírus vem do Latim vírus que significa fluido venenoso ou toxina.

Wuhan: A cidade chinesa a que se atribui o início da pandemia de covid-19.

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* Glossário: Reunião de termos específicos de um âmbito do conhecimento; vocabulário.

NSM

O soldado mais velho da história do Exército Brasileiro



Nascido em São Gabriel (RS), Anísio Manoel de Souza foi um escravo que com apenas 15 anos, em 1837, se alistou nas tropas de Bento Gonçalves durante a Guerra dos Farrapos (1835-1845). Com o Tratado de Poncho Verde promovido por Duque de Caxias, Anísio ganhou sua alforria, porém pouco se sabe sobre detalhes da vida do soldado. Contudo, com o início da Guerra do Paraguai (1864-1870), Anísio voltou para os campos de batalha e com o fim do conflito foi promovido a cabo, ficando na instituição até 1935, quando contava com os seus 113 anos! Acredita-se que o gaúcho só não subiu mais na carreira militar pelo fato de sua origem escrava.

Quando questionado o porquê continuava no Exército mesmo com uma idade muito avançada, se recusando a se aposentar e ir para casa, Anísio dizia que teria tempo para descansar depois. Ele se aposentou em 1935 e viveu mais três anos, falecendo em 1938. Neste ano faleceu sentado numa cadeira olhando para uma porta. Ele ainda era lúcido e a causa da morte foi uma parada cardíaca. Até hoje, é considerado o soldado mais velho da história do Exército Brasileiro.


Apesar de ser o soldado mais velho do Exército, não foi o último veterano da Guerra do Paraguai. Existe uma fotografia (abaixo) onde o último veterano vivo é homenageado na Praça Garibaldi em Porto Alegre (RS), pelo Coronel da Polícia Militar Dastro Dutra, em 20 de Setembro de 1951.


(Do blog Exército Brasileiro)
No Grupo Fotos Antigas do Rio Grande do Sul


segunda-feira, 27 de abril de 2020

Muita calma nessa hora

Calma

Marcel Souto Maior*


Calma, porque no quintal lá fora os pássaros usam o pote d′água dos cachorros para se banhar.

Calma, porque tem sobrado mais tempo para misturar temperos, errar e certar nas panelas e frigideiras das refeições em família, e nunca falta sal.

Calma, porque verdades incômodas têm vindo à tona, pelo mundo afora, e todas têm a ver com uma instrução secreta impressa em nossas peles: “Cuidado, frágil.”

Calma, porque livres do alvoroço dos visitantes, ursos pandas do zoológico do Japão conseguiram acasalar pela primeira vez em 10 anos.

Calma, porque nesta semana uma fotógrafa registrou um longo arco-íris horizontal nos céus de Washington, e outra flagrou corpos seminus, na fachada do prédio em frente, invisíveis uns aos outros, mas unidos em torno do mesmo objetivo: o de captar o sol à beira das janelas.

Calma, porque a Terra tem emitido murmúrios antes inaudíveis, atribuídos a fake news ou a delírio coletivo. Verdade ou não, o melhor é prestar atenção.

Calma, porque o governo que abomina expressões como “vulnerabilidade social” e “desigualdade econômica” teve de fazer as contas de quantos brasileiros deverão receber auxílio emergencial e reconhecer a ordem de grandeza deste contingente: 100 milhões!

Calma, porque conceitos antigos que pareciam extintos na pseudoera da Globalização têm emergido das sombras com a força dos fatos: no fechamento das fronteiras, a prova de que ainda somos divididos entre “nós e os outros” e, nos vagões lotados do transporte público, o retrato da desigualdade entre os que podem e os não podem ficar em casa.

Calma, porque o real significado de slogans como America First revela-se imperativo em ações como o confisco de máscaras e respiradores destinados a outras nações.

Calma, porque, no escuro, sempre podem surgir iluminações.

Calma, por que pressa para quê?

Calma, porque um mundo novo sempre pode surgir nos escombros da desconstrução.

Calma, porque nas leituras do dia a dia, sempre dá para tropeçar em frase como esta: “É que um mundo todo vivo tem a força de um inferno” (Clarice Lispector).

Um mundo em carne viva. É o que temos.

Calma, porque hoje, excepcionalmente, não há dia útil. Ou é o contrário?

Calma, porque os cães nunca passaram tanto tempo com seus humanos. E isto é bom.

Cala, porque o imprevisível derrotou o planejado; o impossível venceu o inevitável e, até segunda ordem, ficam revogadas todas as projeções em contrário.

*****

(Da crônica de Cláudia Tajes, no Caderno Donna, de Zero Hora)**

*Marcel Souto Maior, Brasília, 2 de abril de 1966, é um jornalista, escritor, roteirista e diretor brasileiro, autor de dez livros. Tem se notabilizado pelos livros sobre Espiritismo e o médium Chico Xavier. Autodeclarado ateu, seu livro “As Vidas de Chico Xavier” baseou o filme Chico Xavier (2010) e seu livro “Por trás do véu de Ísis” baseou o Calma, porque no quintal lá fora os pássaros usam o pote d′água dos cachorros para se banhar.

** Da crônica dominical da Cláudia Tajes, foi retirado somente o texto transcrito acima.



domingo, 26 de abril de 2020

Dicas de respiração para os idosos

Exercícios de fisioterapia podem prevenir problemas

Gabriela Pavinato Zasso*


Com o isolamento decorrente da pandemia de covid-19, muitas pessoas estão em casa, onde permanecem por longos períodos sentadas ou deitadas, o que prejudica a funcionalidade dos pulmões. (...)

A fisioterapia respiratória preventiva se faz muito necessária principalmente entre os idosos, pois vai estimular as trocas gasosas, oxigenação e ventilação pulmonares, evitando, assim, o acúmulo de secreções.

A fisioterapia respiratória caracteriza-se como um, conjunto de técnicas realizadas com  objetivo de prevenir complicações e recuperar disfunções. Entre suas metas, estão:

→ Impedir o acúmulo de secreções nas vias aéreas inferiores, o que interfere na respiração normal;

→ Favorecer a eficácia da ventilação;

→ Promover a limpeza e a drenagem de secreções, caso já apresente acúmulo;

→ Estimular a reexpansão pulmonar;

→ Corrigir posturas que muitas vezes dificultam os movimentos necessários para a respiração completa.

Segue alguns exercícios importantes que podem ser executados de duas a três vezes por dia, com cinco a seis repetições cada.

1) Reexpansão: Inspire todo o ar pelo nariz, expandindo a barriga, depois expire todo o ar pela boca, esvaziando o pulmão completamente e descendo as costelas.

2) Inspiração em dois tempos: Inspire pelo nariz, faça uma pausa e em seguida inspire novamente até insuflar ao máximo o pulmão. Depois, expire todo o ar pela boca como se estivesse assoprando um canudo até esvaziar completamente o pulmão.

3) Respiração em três tempos: Inspire pelo nariz e faça uma pausa. Inspire novamente e pause de novo. Faça isso pela terceira vez e então expire totalmente o ar pela boca.

4) Assoprando no canudo: Para esse exercício, são necessários um canudo e meio copo de água potável em temperatura ambiente. Comece inspirando completamente pelo nariz e depois expire assoprando o canudo e fazendo bolhas até esvaziar o pulmão totalmente.

5) Respiração com movimentos dos braços: Inspire profundamente pelo nariz e erga os braços ao mesmo tempo (braços ao lado ou à frente). Expire todo o ar pela boca e solte os braços ao mesmo tempo.

*Fisioterapeuta

(Do Caderno Vida de Zero Hora, abril de 2020)

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A primeira música composta em Brasília



Tom bebendo a água de beber, Vinicius ao violão...

Água de Beber é uma canção brasileira da bossa nova, composta por Antonio Carlos Jobim, com a letra escrita por Vinicius de Moraes. .

Em 1959, ao visitar as obras da construção de Brasília, Tom conheceu uma pequena cascata que jorrava águas cristalinas. Perguntou ao peão que o acompanhava; “Esta água é de beber?” Respondeu o peão: “É água de beber, camará.” Assim conheceu a fonte de água e de inspiração para a primeira música composta em Brasília.*

Outra versão:

A história é de Kléber Farias, um dos engenheiros que ajudaram na construção de Brasília: Em 1959, época da construção da nova capital, Juscelino convida Tom Jobim e Vinicius de Moraes para passar uma temporada no Catetinho (palácio provisório, feito de madeira) para compor uma sinfonia que deveria ser executada no dia da inauguração de Brasília. Numa noite qualquer, Vinicius e Tom caminhavam perto do Palácio de Madeira, “Quando ouviram o barulho da água daqui, que é atrás do Catetinho, perguntaram para o vigia, “mas que barulho de água é esse aqui? Você não sabe não? É aqui que tem água de beber, camará.” Assim conheceram a fonte, de água e de inspiração para a primeira música composta em Brasília. Kleber foi um dos primeiros a ouvir a música, cantada por Tom e Vinícius no único hotel da cidade horas depois de compô-la.


Vinicius e Tom, com violão, defronte ao Catetinho, em 1959.


Catetinho antigo

Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o Catetinho foi erguido em apenas dez dias, sendo inaugurado em novembro de 1956. O patrimônio é todo estruturado em madeira, o que o levou a ser apelidado de “Palácio de Tábuas”.

O espaço tem visitação aberta ao público. Os interessados em conhecer o local poderão acessar a suíte presidencial, o quarto de hóspedes e a cozinha utilizada pelo ex-presidente JK. Alguns objetos, roupas e imagens do ex-presidente também fazem parte da exposição.

*Brasília foi inaugurada pelo então presidente Juscelino Kubischek, em 21 de abril de 1960.

Água de Beber

Tom Jobim e Vinicius de Moraes

Eu quis amar, mas tive medo.
E quis salvar meu coração,
Mas o amor sabe um segredo,
O medo pode matar o seu coração.

Água de beber,
Água de beber, camará.
Água de beber,
Água de beber, camará.

Eu nunca fiz coisa tão certa,
Entrei pra escola do perdão.
A minha casa vive aberta,
Abri todas as portas do coração.

Água de beber,
Água de beber, camará.
Água de beber,
Água de beber, camará.

Eu sempre tive uma certeza,
Que só me deu desilusão.
É que o amor é uma tristeza,
Muita mágoa demais para um coração.

Água de beber,
Água de beber, camará.
Água de beber,
Água de beber, camará.

A versão em inglês foi escrita por Norman Gimbel.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Nossos velhos no asilo

Fabrício Carpinejar


No começo, você visita o seu familiar, seja pai, seja mãe, seja avó, seja avô, todo o dia no asilo. Parece que a rotina vai funcionar e não ficarão distantes.

Até que você vê que a missão está concluída, que fez a sua parte, e a promessa deixa de ser prioridade. Relaxa na disciplina do afeto. Passa a pensar que é exagero o convívio diário, que não tem muito o que conversar ou fazer durante a troca de olhares. Tampouco o lugar é perto, exige longo trajeto, deslocamento de mais de meia hora, e tem que dar conta do trabalho e das crianças em casa. Chega a raciocinar que o parente nem sentirá falta, porque, na maior parte das vezes, ele está dormindo ou lacônico. Arruma desculpas e pretextos para não ser tão presente. Não consulta ninguém para a mudança de hábitos, confia na sua opinião acima de tudo. A culpa adora se valer de palpites.

O detalhe sádico é que esquece do básico: é ele quem precisa de você, não você dele. Ele quem está no asilo, quem não pode ir ao seu encontro, quem depende de cuidados e de proteção 24 horas, quem experimenta um estado de fragilidade indesejável. Se pudesse escolher, ele não estaria ali. Está ali porque não teve mais escolha.

Comete o equívoco de procurar satisfação pessoal no compromisso, quando na verdade o seu papel é oferecer contentamento. Não deveria pensar muito, quem pensa demais é egoísta e reserva os seus esforços unicamente para o deleite emocional.

Não está se dirigindo a uma festa, a um show, a um bar, para se animar. Não é mesmo fácil, trata-se de um ambiente tenso, característico de enfermaria e lentidão. Destinamos a exclusividade de nosso cotidiano para o que nos faz bem, esse é o risco do narcisismo, a responsabilidade é também enfrentar aquilo de que não gostamos.

Em vez de combater o isolamento dele, sofre de medo de que igual penúria aconteça um dia em seu futuro e afasta os pensamentos mórbidos diminuindo a frequência. Não pretende ser contagiado pela solidão.

E as visitas tornam-se semanais, depois mensais, depois trimestrais, depois anuais, depois nada, e ele será mais um velho esquecido pela própria família, anônimo num quartinho pago, enterrado vivo na saudade.

Seu celular constará nas informações do prontuário, para ser chamado em caso de necessidade.

Só que a necessidade já terá expirado quando alguém lhe telefonar.

*****

(Do jornal Zero Hora, abril de 2020)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Dicas para o seu crescimento pessoal



01. Renuncie um mau hábito.

02. Aprenda uma habilidade nova.

03. Conheça um novo lugar.

04. Leia um novo livro.

05. Experimente uma nova comida.

06. Visite alguém que não vê há tempos.

07. Faça uma nova rota até o seu trabalho.

08. Ajude alguém que não possa lhe devolver um favor.

09. Seja grato por cada dia de sua existência.

10. Lute por uma vida melhor, e não deixe de acreditar em milagres.

Os inevitáveis para o sucesso

01. Você perderá alguns amigos.

02. Pensará que está ficando louco.

03. Sentirá dor no corpo e na alma.

04. Falará em desistir centenas de vezes.

05. Irá chorar antes de obtê-lo.

06. Sua família e amigos irão te desanimar.

07. Duvidará de si mesmo muitas vezes.

08. Desenvolverá hábitos estranhos.

09. As pessoas irão te agredir sem motivos.

10. Perderá dinheiro no processo, mas, no fim tudo, valerá a pena.

10 coisas que exigem talento zero

01. Pontualidade.

02. Honestidade.

03. Esforço.

04. Linguagem corporal.

05. Energia.

06. Atitude.

07. Foco.

08. Flexibilidade.

09. Fazer sempre mais.

10. Estar preparado.

Área interna



Morava no terceiro andar. Não havia vizinho, do quarto andar para cima, que não jogasse lixo na sua área. Sua mulher era uma dessas conformadas que só existem duas no mundo, sendo que a outra ninguém viu:

− Deixa isso pra lá, Antônio, pior seria se a gente morasse no térreo.

Antônio não se controlava, ficava uma fera quando via cair cascas de banana, de laranja, restos de comida. Em época de melancia ficava quase louco, tinha vontade de se mudar. A mulher dizia:

− Tenha calma, Antônio, daqui a pouco as melancias acabam e você esquece tudo.

Mas ele não esquecia:

− Acabam as melancias, vêm as jacas, acabam as jacas, vêm os abacates. Já pensou, Marieta? Caroço de abacate é fogo!

Um dia chegou na área, e viu até lata de sardinha. Procurou para ver se tinha alguma sardinha, mas a lata tinha sido raspada. Se queimou. Falou com o síndico. Ele disse que era impossível fiscalizar todos os quarenta e oito apartamentos para ver quem é que atirava as coisas. Pensou em fechar a área com vidro. Mas pediram um dinheirão e, não decidisse dentro de sete dias, ia ter um aumento de trinta por cento. Foi à polícia dar queixa dos vizinhos. O delegado achou muita graça, disse que não podia dar educação aos vizinhos e, se pudesse, daria aos seus, pois ele morava no térreo e era muito pior.
  
Leon Eliachar: do livro “O homem ao zero”, Expressão e Cultura


terça-feira, 21 de abril de 2020

Poemas de Adélia Prado



Agora, ó José

Agora, ó José
É teu destino, ó José,
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio te guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta
O que tu sentes, José?
O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:
“No meio do caminho tinha uma pedra”
“Tu és pedra e sobre esta pedra”.
A pedra, ó José, a pedra.
Resiste, ó José. Deita, José,
Dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.

(Do livro Bagagem. São Paulo: Siciliano, 1993. pág. 34)

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
− dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

(Do livro Bagagem. São Paulo: Siciliano, 1993. pág. 11) 


segunda-feira, 20 de abril de 2020

5 personalidades históricas que fizeram grandes obras durante quarentenas

Por Bruno Carbinatto

Está entediado durante o isolamento? Com a pandemia de Covid-19, que levou grande parte do mundo a entrar em quarentena, muita gente está tentando fugir do ócio de ficar preso dentro de casa por dias e manter a saúde mental em dia. Confira algumas grandes personalidades da história que, muito antes do coronavírus, usaram o tempo de isolamento para produzir coisas incríveis.

(Mas um lembrete: você pode até se inspirar neles, mas não se pressione. Não dá pra se comparar com grandes gênios da humanidade, né?)

Isaac Newton


Em 1665, quando Isaac Newton era ainda apenas um estudante na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma doença assolou a capital do país. Conhecida como Grande Praga de Londres, a epidemia de peste bubônica matou cerca de cem mil pessoas – um quarto da população da cidade na época. A responsável foi a bactéria Yersinia pestis, transmitida por pulgas (isso só foi descoberto séculos depois). Mesmo assim, a população lutou contra a doença de uma maneira que conhecemos bem: isolamento social. Eventos foram cancelados, estabelecimentos fecharam e aulas foram canceladas. Newton voltou para a casa de sua família no interior, e sua mente trabalhou como nunca.

Foi no ócio que o cientista explorou melhor os problemas matemáticos que ele já havia começado a estudar em Cambridge. Dali saíram as bases do cálculo diferencial e integral (ele tinha só 24 anos). Mas não foi só isso: brincando com prismas no tédio do seu quarto, ele montou suas primeiras teorias sobre ótica. E sabe aquela história da maçã caindo na cabeça de Newton? Então, é mentira. Mas o quintal da casa da família de fato tinham macieiras, e observá-las provavelmente o inspirou a pensar sua teoria sobre gravitação.

Tudo isso foi feito, aliás, em um período de pouco mais de um ano. A Praga acabou em 1666, quando Newton voltou para Cambridge com seus escritos – e pode finalmente divulgá-los.

William Shakespeare


Entre 1603 e 1613, Londres registrava surtos periódicos de peste bubônica em sua população – sim, a mesma doença do item anterior (as condições sanitárias não ajudavam muito). Quando a coisa ficava feia mesmo e eram registradas mais de 30 mortes por semana, a cidade entrava em quarentena e estabelecimentos eram fechados – incluindo teatros.

Foi nessa época que o famoso escritor britânico produziu algumas de suas mais famosas obras. Para ser justo, não há provas que Shakespeare em si tenha entrado em quarentena e se isolado durante esses períodos – sabemos só que ele produziu muito quando a cidade estava fechada. Obras como Rei Lear e Macbeth, por exemplo, foram escritas em períodos nos quais os teatros estavam fechados, incluindo a companhia The King’s Men, na qual o escritor trabalhava. Elas só foram apresentadas meses depois, quando a saúde pública voltou aos eixos. De qualquer forma, Shakespeare não viveu muito depois do fim da epidemia – faleceu 3 anos depois, em 1616.

Giovanni Boccacio


Em 1348, a cidade de Florença foi atingida pela peste bubônica – pois é, ela de novo. Mas, dessa vez, foi “a” peste mesmo. A epidemia ficou conhecido como Peste Negra e matou ⅓ de toda a população europeia, principalmente porque as condições sanitárias não eram nada boas e a doença se espalhava facilmente.

Nesse cenário quase apocalíptico, o poeta italiano Giovanni Boccacio perdeu seus pais para a praga. Com isso, fontes apontam se refugiu no interior do país, longe das cidades populosas e devastadas pela doença. No isolamento, escreveu sua obra mais famosa: o Decamerão. Ele é uma coletânea de dez histórias, contada por dez jovens que se abrigam em uma pequena vila para escapar da Peste Negra que assolava a Itália. A ideia é que eles estivessem conversando para passar o tempo. As histórias são tanto um ato de luto quanto uma celebração da vida, que se regenera após a peste.

Edvard Munch


Além da Peste Negra, uma outra grande pandemia entrou para a história do mundo: a Gripe Espanhola, que ocorreu em 1918. Causada pelo vírus H1N1 (sim, o da gripe suína), estima-se que um terço da população mundial tenha sido infectada pela doença, totalizando 50 milhões de mortes (incluindo até o presidente do Brasil na época).

Uma das pessoas que acabou doente foi o pintor norueguês Edvard Munch, um dos maiores nomes do movimento artístico conhecido como expressionismo. Sua obra mais famosa é, de longe, “O Grito” – você deve lembrar dela das aulas de artes. Esse quadro não foi pintado enquanto Munch estava em isolamento se recuperando da doença, mas outros foram, incluindo o “Autorretrato com gripe espanhola”, que mostra o próprio pintor no processo de cura.  Felizmente, Munch sobreviveu à doença e viveu até 1944.

Frida Kahlo


Ao contrário de outros dessa lista, a artista mexicana não ficou exatamente em quarentena por conta de uma pandemia – seu isolamento se deu após um acidente entre o ônibus que estava e um bonde, que causou fraturas em sua espinha dorsal. Como resultado Kahlo ficou hospitalizada por um tempo e, após ser liberada, ficou de cama em casa. Foi nesse período que ela desenvolveu amor pela arte e começou a pintar. Um dos seus quadros mais famosos – um autorretrato – foi feito nessa época, com a pintora usando um espelho que ficava acima da sua cama de referência.

(Do blog da revista Super Interessante)